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Novata BYD incomoda rivais e já fala em assumir liderança no Brasil

Imagem: Divulgação/BYD

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

30/08/2024 05h30

Líder no mercado chinês de veículos eletrificados, a BYD tem planos ambiciosos para o Brasil. Com uma estratégia que combina investimentos significativos, um portfólio diversificado de veículos, expansão industrial e preços atrativos, a montadora já almeja brigar pela liderança do mercado automotivo nacional em pouco tempo.

A meta foi admitida por Alexandre Baldy, ex-ministro das Cidades no governo Temer e que atualmente assumiu o cargo de vice-presidente sênior da BYD no Brasil.

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"Com todo o respeito às outras montadoras, os planos são, sim, de assumir a liderança do mercado brasileiro. A combinação de fatores como preço competitivo, design que renova o segmento, tecnologia embarcada de ponta, tornam a BYD a melhor opção", disse Baldy.

Crescimento em vendas

Os números atuais alimentam as metas ambiciosas da BYD. Segundo dados da Fenabrave, a marca chinesa ultrapassou diversas montadoras tradicionais e aparece como na 10ª posição no ranking de vendas em 2024, com 38.540 automóveis vendidos até julho de 2024 (3,75% do mercado). Atualmente alíder entre automóveis e comerciais leves é a Fiat, com 20,79% de participação e 271 mil veículos vendidos este ano.

Entre os elétricos, a BYD ocupa a liderança absoluta com 25.692 unidades vendidas em 2024 - 72,41% de participação de mercado. Entre os sedãs, o King chegou para incomodar a liderança do Toyota Corolla em sua versão híbrida. Já o Song Plus liderou no último mês as vendas dos veículos híbridos plug-in, com 2.139 unidades emplacadas.

Fábricas pelo Brasil e navio gigante contra impostos

Com um investimento anunciado de R$ 5,5 bilhões, a empresa adquiriu o complexo industrial em Camaçari (BA) que pertencia à Ford e se prepara para iniciar sua produção nacional no começo de 2025. Por lá, serão feitos alguns de seus veículos mais vendidos, como Dolphin Mini, Dolphin e Song Plus. O local ainda terá fábrica de chassis para produção de caminhões elétricos.

Atualmente a BYD já possui fábricas de células fotovoltaicas e chassis de ônibus em Campinas (SP) e tem uma unidade dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio em Manaus (AM). Recentemente a montadora revelou planos para incluir uma nova fábrica de peças, baterias, chassis de ônibus e caminhões no Rio Grande do Sul.

Outro trunfo da montadora chegou ao Brasil faz pouco tempo: um navio cargueiro próprio com capacidade para aproximadamente 7 mil veículos. A embarcação aparece como uma vantagem logística importante para estocar produtos antes de potenciais aumentos de impostos, em busca de preços competitivos e disponibilidade de mercado.

Atualmente a marca chinesa comercializa 10 modelos no Brasil, sendo sete elétricos e três híbridos. Para efeito de comparação, Chevrolet tem 13 veículos em seu portfólio, a Fiat conta com 12 e a Volkswagen oferece oito carros à venda.

A rede de concessionários também passa por uma expansão. De acordo com a marca, o objetivo é chegar a 250 lojas até o fim do ano. Para combater desconfianças sobre a desvalorização de veículos elétricos, a marca anunciou recentemente um programa de recompra garantida

Liderança é possível?

Cassio Pagliarini, consultor da Brigth Consulting, aponta a vantagem competitiva e capacidade de produção como trunfos da marca chinesa. Ele ressalta que, em mercados internacionais, apenas o Brasil tem baixa participação de veículos elétricos ou chineses mesmo apresentando grande volume de vendas de veículos, o que seria uma oportunidade de crescimento para as montadoras asiáticas por aqui.

"Sem dúvida, eles fazem um preço promocional mais baixo no Brasil para ganhar participação de mercado. Agora é difícil saber se isso é benefício de um subsídio do governo chinês. A Europa está com essa batata quente na mão, porque os europeus querem aumentar os impostos alegando subsídios ou dumping, mas têm dificuldades de comprovar que tal prática exista", opina Pagliarini.

Milad Kalume, consultor automotivo, acredita que a capacidade da China em lidar com altos volumes e menor margem de lucro é insuperável e tem assustado outras montadoras por aqui.

"Ela contratou os melhores profissionais disponíveis para produzir os seus carros, modernizou seus portos e desenvolveu uma cadeia logística eficaz e altamente propícia a atender aquele mercado e os demais (exportação). Ressalta-se também que atualmente mais de 70% das baterias de veículos eletrificados do mundo são chinesas e este mercado já produziu mais de 20 milhões de veículos deste tipo nos dois últimos anos. A BYD faz parte desse processo", disse Kalume.

Já o consultor Ricardo Bacellar avalia que "os chineses estão tirando proveito agora do que fizeram nos últimos 10 anos para ter menores custos de produção, eficiência no chão de fábrica e na logística de distribuição, cadeia de fornecedores bem dimensionada e mão de obra de valor baixo".

"Sem contar que o veículo elétrico é mais barato de produzir porque tem 60% menos peças do que um veículo a combustão, isso colabora com um preço de venda menor, como também reduz sensivelmente os custos de manutenção, o que agrada o consumidor final", concluiu Bacellar.

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