Corcel da Hebe: como cheque inesperado pagou carro usado por apresentadora
Muitos acreditam que a vida nos reserva coisas predestinadas, que chegam mais cedo ou mais tarde, ainda que isso aconteça de forma inesperada ou até tortuosa. Essa foi a saga para a compra do Corcel Luxo Cupê 1969 que hoje integra a coleção do médico Sergio Minervini - que, de tão apaixonado pelo modelo da Ford, é conhecido como Doutor Corcel.
Dono de dezenas de exemplares do Corcel, cuidadosamente preservados na região central da capital paulista, Minervini revela que tem um carinho especial pelo seu já cinquentenário Cupê vermelho Meteoro.
Ele conta a UOL Carros que esse Corcel, hoje com cerca de 40 mil quilômetros rodados e todo original, um dia pertenceu a Décio Capuano - primeiro marido de Hebe Camargo e pai de Marcello, único filho da apresentadora.
Atualmente com 63 anos, Sergio recebeu a informação de que Hebe chegou a usar o veículo, no tempo em que ela e Capuano ainda formavam um casal. Os dois ficaram juntos durante sete anos, entre as décadas de 1960 e 1970.
Minervini relembra que foram necessárias três tentativas para finalmente comprar o Corcel, que hoje é um dos destaques do seu acervo. A primeira delas aconteceu no fim da década de 1980, quando o pai de Sergio, responsável por dar início à coleção de carros da família, deparou-se com o anúncio do Ford em um jornal.
O anúncio dizia que era um carro de único dono e muito bem cuidado. Eu e meu pai fomos olhar o Corcel pessoalmente em uma loja na Rua Barra Funda [Zona Oeste de São Paulo], que pertencia a Décio Capuano. Realmente, o Ford estava novinho, mas o preço que ele pedia era muito alto para nosso orçamento e não conseguimos comprá-lo" Sergio Minervini, médio e colecionador de veículos
Cheque providencial
O tempo passou e a vida tratou de colocar o Corcel 1969 novamente no caminho de Minervini. Segundo ele, mais de dez anos após a frustrada investida inicial, um amigo disse ter adquirido o Ford diretamente de Capuano e elogiou bastante o estado de conservação do cupê - pelo qual disse ter pago um valor consideravelmente maior do que o originalmente pedido pelo ex-marido de Hebe.
"Cerca de 15 anos mais tarde, esse mesmo amigo colocou o Corcel à venda devido a um problema de saúde da esposa. Ele me procurou para oferecer o carro, mas eu disse que não poderia fechar negócio na ocasião, devido ao preço fora das minhas condições".
Pouco tempo depois, veio a surpresa. Sergio naquela época trabalhava como médico da Prefeitura de São Paulo e tramitava uma ação trabalhista da respectiva categoria contra o município.
"Certo dia, recebi um cheque inesperado da prefeitura, tínhamos ganhado a ação judicial. Era exatamente do mesmo valor que meu amigo tinha pedido pelo Corcel. Consultei meu pai e acabei fechando negócio sem tirar um centavo do meu bolso. Não foi coincidência, parece ter sido intervenção divina".
Retorno à originalidade
Sergio Minervini recorda que, após concretizar a compra e, finalmente, receber o Corcel 1969, ele constatou que o carro continuava pouquíssimo rodado. Além disso, estava "muito bem cuidado".
Contudo, foi necessário reverter algumas modificações para deixar o Cupê novamente do jeito como saiu da fábrica. É assim que ele está atualmente.
"O carro foi entregue com carburador de Corcel II e garrafa de plástico no radiador, no lugar da peça de vidro original. Removi esses itens e os substituí por peças 100% originais", destaca o colecionador.
De acordo com Sergio, o Corcel que pertenceu a Décio Capuano era bastante cobiçado na época do seu lançamento, em 1968.
"Não era um veículo barato. Muita gente importante tinha, como artistas do rádio e da TV e políticos. A versão Luxo trazia acabamento bem acima da média, exibindo cromados e apliques imitando madeira no painel de instrumentos".
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