Carro sob encomenda: como tecnologia 3D ajuda a fazer peças fora de linha
O uso de impressoras 3D para produção de peças automotivas parece evoluir a cada dia. Isso já tem sido utilizado para a fabricação de materiais para veículos antigos, cujos donos sofrem para realizar o conserto quando o automóvel tem algum problema.
Integrantes do Clube do Fiat Tempra relataram à reportagem que donos do veículo estavam com dificuldade para encontrar a alavanca do volante - que há anos já não é mais produzida. Entretanto, os proprietários se mobilizaram para reproduzi-la em impressora 3D.
Até mesmo a Ford disponibiliza informações para que os clientes imprimam alguns acessórios da picape Maverick, por exemplo. Além disso, equipes de Fórmula 1 recorrem ao método para a criação de partes sofisticadas. Seria esse o exemplo perfeito de que a tecnologia está aí para a salvação de qualquer dono de carro com falta de peças?
Dá para fazer peças em casa?
Apesar de ser totalmente possível, nem sempre a solução é tão viável na prática. Segundo a empresa 3DLab, além da necessidade de escolher um local com equipamentos e softwares adequados, é preciso deter o arquivo 3D para ser imprimido. Se ele não estiver divulgado em algum site, é preciso ter conhecimento de modelagem 3D para a criação.
Tão difícil quanto achar uma peça original para a reposição pode ser encontrar o arquivo ou acabar tendo que mandar algum especialista criar um - o que demandará uma peça minimamente inteira para ser escaneada e replicada em 3D. Quanto mais difícil for para obter o material necessário, mais tempo e dinheiro serão gastos durante o processo. Desse modo, cada vez mais inviável vai ficando o projeto.
Afinal de contas, se as próprias fabricantes de peças de reposição já puderam identificar que, para determinados veículos, não há procura o bastante para criar uma boa escala de produção (o que, por sua vez, justificaria os riscos do negócio), dificilmente pode compensar para o cliente final fazer isso por conta própria. A não ser que necessite muito para, por exemplo, colocar à venda um veículo que tenha bom valor de mercado.
Por que pode ser tão difícil de encontrar algumas peças?
A lei da oferta e da procura é o que salva a vida de muitos donos de carros que já saíram de linha, pois os fabricantes de peças de reposição vêem a necessidade de manter os estoques sempre abastecidos.
Por outro lado, também é essa mesma regra de mercado que coloca muitos outros donos (no caso, de carros cujos volumes de participação não são os mais elevados) no esquecimento. Isso gera uma série de consequências, entre elas, carros parados em oficinas, donos que viram verdadeiros garimpeiros, preços inflacionados de peças antigas, comprometimento da liquidez de mercado dos carros, entre outros.
Qual é a melhor decisão?
Alexandre Barros Pinho, proprietário da oficina de funilaria e mecânica WTC Express, diz que, em primeiro lugar, as gambiarras devem ser evitadas ao máximo. Além de não garantirem segurança alguma, podem acabar comprometendo a durabilidade de outras peças que têm funcionamento em conjunto. Outro ponto que costuma gerar dores de cabeça é quando a procedência das peças é duvidosa.
Outro ponto delicado é de clientes que trazem as próprias peças. Já tive casos onde elas apresentaram defeitos. Vira uma daquelas ocasiões em que não podemos oferecer garantia sobre o que não selecionamos para o reparo. Pelos riscos que situações como essas podem trazer, para ambas as partes, podemos chegar até a negar algum tipo de serviço
Por isso, as peças feitas em impressora 3D podem, em último caso, ser a solução. Entretanto, é preciso tomar cuidado com os materiais utilizados para a sua fabricação e com a aplicação. Se, por exemplo, for um componente que terá de suportar altas temperaturas e pressões, a situação pode ficar mais delicada e arriscada.
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Quero receber*Com informações de matéria publicada em 26/09/2023
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