Furto sob demanda: como bandidos levam peças de carros após encomendas
A bandidagem sempre se reinventa e parece haver um novo golpe na praça. Em 2023, câmeras de segurança flagraram um suposto caso de furto a um veículo em que o suspeito abre o capô e leva embora o radiador com a ventoinha. A ação levou poucos minutos. Quando finalizada, o carro foi deixado do jeito que estava e o homem sai com a peça mecânica debaixo do braço.
Uma vez que o capô é aberto, além do radiador, vários outros componentes são vulneráveis, o que também é preocupante dentro desta prática. Depois do furto de estepes e de catalisadores, agora os ladrões também começaram a levar os itens do cofre do motor.
Quem executa esse tipo de crime são, normalmente, pequenos ladrões, que não têm as condições e qualificações mínimas para furtar o carro inteiro, mas procuram fazer dinheiro rápido com itens que podem ser retirados e vendidos rapidamente (bateria sendo um dos mais comuns).
Como agem os bandidos
Não há preferência por carros ou categorias.
Criminalidade costuma conhecer quais são os modelos que oferecem mais facilidades para os furtos, mas agem sempre em função da demanda do mercado.
Raros são os casos em que a vítima de um furto como esses vai a uma delegacia, ou que abra uma franquia (que vai custar mais caro do que o valor das peças furtadas).
Criminoso costuma fornecer os itens para alguém que o pague com dinheiro ou drogas. Caso contrário, ele mesmo as anunciará em classificados online. À medida que os interessados lançam perguntas sobre se há disponibilidade da peça 'x' ou 'y', ele descobre quais são os componentes que deverá procurar na próxima ação criminosa".
Isso já não acontece com aqueles que podemos chamar de "furtadores profissionais"". Esse tipo de criminoso não age em cima das peças, mas sim dos carros inteiros. Muitos têm até diferentes equipes, setorizando as atividades.
Normalmente, um dos bandidos entra no veículo, desativa alarmes e troca a central eletrônica do motor por outra (para que o carro possa dar a partida).
Já com o veículo em movimento, um segundo bandido procura por rastreadores. Há ainda criminosos que recebem o carro e o desmontam, enquanto outros carregam tudo para o repasse. Cada um dos envolvidos costuma receber algo em torno de R$ 500.
Vale lembrar que a proporção de roubos e furtos é de, respectivamente, 30% e 70%. Tirando o Rio de Janeiro, os criminosos optam pelos furtos e não andam armados, pelo fato de que não precisarão intimidar ou entrar em confronto com ninguém. Outro fator que levam em consideração é o de que a pena para furtos é mais branda do que para quem rouba.
Para se prevenir, recomenda-se aos motoristas evitarem estacionar seus veículos em locais mais afastados e pouco movimentados.
Fonte: Rodrigo Boutti, gerente da empresa de rastreamento de veículos Ituran.
*Com reportagem de Guilherme Menezes, em abril de 2023
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