Picape guardada contra inflação continua zero-quilômetro depois de 37 anos
Alessandro Reis
Do UOL, em São Paulo (SP)
15/10/2024 11h00Atualizada em 15/10/2024 23h42
A Ford F-1000 1987 marrom desta reportagem, que tem apenas 92 km rodados no hodômetro, nunca foi emplacada.
Após ser adquirida zero-quilômetro e permanecer 37 anos com a mesma família, a picape foi vendida há alguns meses a um colecionador anônimo, por um valor mantido em segredo.
A picape estava em uma pequena cidade no interior do Tocantins, conta o comerciante especializado em carros antigos originais e pouco rodados Reginaldo Ricardo, o Reginaldo de Campinas.
A pedido dos primeiros donos da F-1000, Reginaldo não dá mais detalhes sobre o negócio nem informações sobre a história do veículo. Contudo, ele destaca que o utilitário turbodiesel nunca havia sido lavado até ser colocado à venda, recentemente.
Como era comum na década de 1980, automóveis guardá-los como uma espécie de "poupança" contra a hiperinflação. Esse foi o caso da picape marrom da Ford.
As fotos que ilustram esta reportagem foram tiradas com a picape já limpa e revisada, no showroom de Reginaldo em Campinas, no interior paulista.
"O pouco que a picape rodou foi apenas a distância da concessionária até a residência onde ela permaneceu durante as últimas décadas", conta Reginaldo de Campinas. Quanto ao valor pelo qual o modelo da Ford foi vendido, ele não revela, mas deixa escapar: seria suficiente para adquirir uma picape atual zero-quilômetro.
Curiosamente, quando a F-1000 foi adquirida, o estado do Tocantins, localizado onde antes ficava o norte de Goiás, ainda não tinha sido criado - isso aconteceu em outubro de 1988.
Longo tempo de parada cobrou seu preço
A bela picape da Ford está em excelentes condições, exibindo plástico na "calotinha" das rodas e caçamba com ripas de madeira imaculada. O escapamento, por exemplo, ainda exibe o verniz de fábrica, destaca Reginaldo de Campinas. Tudo nela é original, inclusive os respectivos pneus.
No entanto, o longo período de inatividade exigiu algumas intervenções para que a F-1000 esteja em condições de rodar - ainda que, dada a baixíssima quilometragem, provavelmente continuará guardada em alguma coleção ao longo das próximas décadas, para não se desvalorizar.
"Precisamos destravar os freios, esgotar todos os fluidos e limpar a linha de combustível. Também fizemos manutenção no tanque de diesel e precisamos trocar a bomba d'água", explica Reginaldo.
Ele acrescenta que também foi necessário reparar o radiador, que chegou a se romper com o passar dos anos, em uma empresa especializada.
Agora, a velha F-1000 está pronta para encarar mais 37 anos, agora com novo proprietário, diz o comerciante.
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