Pneu de bicicleta? Por que ter estepe fininho não é tão ruim quanto parece
Alessandro Reis
Do UOL, em São Paulo (SP)
18/10/2024 12h00
Os estepes fininhos, também conhecidos como temporários, tornaram-se padrão nos últimos anos entre carros zero-quilômetro mais acessíveis.
Saudosos do tempo em que o estepe era idêntico aos demais pneus torcem o nariz para a "novidade", que traz menos segurança e tem uso limitado a velocidades de até 80 km/h e a uma distância de 80 km, em geral.
Porém, apesar dos detratores, o estepe temporário tem as suas vantagens e, em um país de vias malcuidadas como o Brasil, é uma alternativa mais racional aos caros pneus run flat, capazes de rodar mesmo furados.
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De acordo com Oliver Schulze, coordenador da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, a tendência do estepe fino é mais forte entre montadoras europeias. Além do óbvio corte de custos, a redução nas dimensões do pneu sobressalente tem outras motivações.
"Os limites de emissões e as metas de consumo são muito rígidos e exigentes na Europa. O estepe menor pesa menos e, com isso, amplia-se a autonomia. Ainda que seja por pequena margem, com o passar do tempo a economia de combustível é mais perceptível", pontua o especialista.
Além disso, destaca, o estepe mais compacto traz outro benefício: ocupa menos espaço no porta-malas e, portanto, ampla a respectiva capacidade. Ou seja: se determinado veículo viesse com pneu reserva com o mesmo tamanho dos demais, a litragem disponível do compartimento de bagagens seria provavelmente menor.
Obviamente, estão fora desse cálculo os modelos cujo estepe é instalado fora do habitáculo. Outro aspecto positivo do "pneu de bicicleta" é que, por ser consideravelmente mais barato, é menos atraente aos "amigos do alheio".
Por outro lado, há as desvantagens: além das limitações mencionadas acima, diretamente relacionadas à segurança de rodagem, os estepes de uso temporário estão mais sujeitos a danos causados por buracos, valetas e imperfeições do piso em geral.
Pneu que não murcha
Ainda existem automóveis que saem da fábrica com estepe "full size", porém eles estão cada vez mais escassos.
Outra alternativa, adotada sobretudo por marcas de luxo, é equipar o veículo com pneus do tipo run flat, ou seja, capazes de rodar determinada distância mesmo furados. Embora o estepe seja equipamento obrigatório, a legislação de trânsito brasileira abre exceções.
"A regra geral é obrigatoriedade de roda e pneu sobressalentes, macaco, chave de roda e equipamento para remoção de calotas, nos termos da Resolução 14/98 do Contran [Conselho Nacional de Trânsito]", diz Marco Fabrício Vieira, conselheiro do Cetran-SP (Conselho Estadual de Trânsito de São Paulo) e autor do livro "Gestão Municipal de Trânsito".
O especialista destaca que o estepe não é exigido em alguns casos, como nos veículos equipados com pneus capazes de trafegar sem ar, ou aqueles equipados com dispositivo automático de enchimento emergencial.
Os pneus run flat são cerca de 30% mais caros do que os convencionais por trazerem estrutura reforçada nas respectivas laterais, possibilitando que se mantenham em condições de uso mesmo sem ar no seu interior.
Da mesma forma que os pneus finos, também há limitação de velocidade e quilometragem percorrida enquanto estão furados, indicada no manual do proprietário.
Por determinação da Resolução 540/2015 do Contran, veículos com pneus run flat também têm de trazer um kit selante para reparo, que possibilita rodar distâncias maiores em segurança. Sem contar o custo elevado, esses pneus flat trazem outros inconvenientes.
"Devido ao reforço estrutural, eles têm rodagem mais desconfortável, são mais duros e geram mais ruído. Além disso, exigem um sistema de monitoramento da pressão para você saber que estão furados. Por outro lado, são reparáveis como pneus convencionais e dispensam o estepe", esclarece Schulze, da SAE.
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