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Bateria aguenta? Como é ter carro elétrico com alta quilometragem no Brasil

Clemente Gauer e seu Chevrolet Bolt 2019 com cerca de 100 mil km rodados Imagem: Arquivo pessoal

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

19/10/2024 05h30

Para quem está interessado em adquirir um carro elétrico, é natural se questionar sobre a viabilidade econômica da aquisição.

Além do temor relacionado à desvalorização de veículos do tipo, muitos têm dúvidas sobre a durabilidade das baterias, já que sua reposição pode superar facilmente o valor do próprio automóvel.

Em geral, as baterias de carros do tipo têm oito anos de garantia de fábrica, no caso de veículos comercializados oficialmente pela respectiva fabricante - a cobertura não se aplica quando a aquisição se dá por meio de importação independente.

Para esclarecer essas e outras questões, o UOL Carros conversou com proprietários de automóveis elétricos com alta quilometragem e/ou com a cobertura das respectivas baterias se aproximando do fim.

Rafael Leonhardt, proprietário de um Tesla Model 3 Performance 2018 com 160 mil km rodados, afirma que as baterias do seu veículo estão com 88% de sua capacidade original e ainda proporcionam uma autonomia de 420 km após seis anos de uso - vale destacar que a Tesla não tem operação oficial no Brasil e os exemplares da marca que rodam no país vêm de forma independente - portanto não são cobertos por garantia oficial da montadora.

"A questão da recarga não muda com o tempo, continua na mesma velocidade e não gasta mais bateria só porque está com mais tempo de uso", garante.

Clemente Gauer, coordenador do Grupo de Trabalho sobre Segurança da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e dono de um Chevrolet Bolt EV 2019 com cerca de 100 mil km rodados, traz depoimento semelhante ao de Rafael.

"A bateria do meu Bolt continua com uma autonomia de cerca de 400 km, a mesma de quando era novo", afirma. Ele também destaca que a tecnologia das baterias evoluiu significativamente nos últimos anos, tornando-as mais duráveis e confiáveis.

O Bolt, diferentemente do Tesla, tem venda oficial da Chevrolet no Brasil desde o fim de 2019.

Vida útil das baterias

Tesla 2018 tem cerca de 160 mil km rodados e dono diz que baterias estão com 88% da capacidade original Imagem: Arquivo pessoal

Segundo Gauer, estudos e experiências demonstram que a vida útil das baterias de carros elétricos é bem maior do que se imagina, podendo chegar a 15 ou 16 anos. Além disso, a degradação da bateria é gradual e previsível, permitindo que os proprietários planejem a substituição com antecedência.

Apesar dos benefícios, o mercado de carros elétricos usados ainda é relativamente pequeno e os consumidores podem ser mais reticentes em relação à compra devido à falta de conhecimento sobre a tecnologia e o medo de problemas com a bateria.

No entanto, especialistas acreditam que essa tendência deve mudar nos próximos anos, à medida que a tecnologia se populariza e os preços dos veículos elétricos novos caem.

Vale a pena investir em um elétrico usado?

A compra de um elétrico usado pode ser uma alternativa para quem busca um veículo a baterias mais acessível, mas é fundamental realizar uma avaliação completa antes da compra, que inclui a "saúde" das baterias.

Com o avanço da tecnologia e a crescente oferta de modelos elétricos usados, essa modalidade de compra tende a se popularizar nos próximos anos.

"Vejo que a degradação vai continuar apenas diminuindo o tamanho da autonomia, que pode chegar a uns 300 quilômetros depois de dez anos, no caso do meu Tesla. Contudo, vejo que as baterias podem durar até mais do que o próprio carro, sem a necessidade de troca".

Ele afirma que está "muito satisfeito" com o carro e nunca contou com assistência da Tesla aqui no Brasil, pelo fato de a empresa não ter operação oficial no país, como mencionado acima. De acordo com Leonhardt, "há oficinas especializadas e ótimos profissionais, até para reparos mais complexos".

"A compra de um veículo elétrico usado é muito mais tranquila do que um veículo a combustão. Basta um simples scanner e um aplicativo no celular para saber a saúde da bateria.", afirma Gauer.

Segundo ele, em um veículo a combustão não é tão fácil descobrir ao certo o desgaste de componentes mecânicos, como cilindros e anéis do motor, tampouco se o proprietário anterior usou combustível adulterado e fez corretamente a manutenção.

"Notamos, na nossa experiência como proprietários de veículos elétricos, que a degradação das baterias é muito pequena, com carros elétricos já se aproximando de 300 mil quilômetros e a bateria continua perfeita, com uma autonomia muito próxima do original", conclui Clemente.

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