Motor do carro está 'fumando'? Solução de problema pode ser peça de R$ 30

Você já deve ter visto pelas ruas alguns carros relativamente novos com perda de potência e aquela fumaceira característica de problemas graves no motor - cuja solução costuma ser a retífica, procedimento que pesa no bolso.

Contudo, a origem da fumaça pode ser queima de óleo, causada por uma simples peça que custa cerca de R$ 30 no mercado de reposição.

O mecânico Daniel Rodrigues, com mais de 580 mil seguidores no perfil @danieldicas.automotivas do Instagram, faz o alerta.

Em vídeo que até esta terça-feira (23) somava mais de 126 mil curtidas, ele explica que tal componente é o diafragma da tampa de válvula, uma peça que equipa diversos modelos de automóvel e pode ser encontrada por preços entre R$ 30 e R$ 60.

Como funciona o diafragma

Esse diafragma, feito de borracha e instalado sob a tampa de válvula do compartimento de óleo, serve para remover gases que escapam da câmara de combustão e ficam acumulados no cárter - esses gases, além de poluentes, causam danos ao propulsor.

O componente, que integra o chamado sistema de ventilação positiva do cárter, remove os gases nocivos do compartimento de óleo e o redirecionam para a câmara de combustão, onde são queimados juntamente com o combustível.

Quando se rompe, devido ao próprio tempo de uso ou fatores como combustível adulterado e lubrificante fora da especificação recomendada pela montadora, permite que resíduos de óleo, juntamente com o ar, passem para dentro do coletor de admissão, encharcando as velas e queimando juntamente com o combustível - causando a perda de potência e a fumaça no escapamento.

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Especialistas ouvidos pelo UOL Carros confirmam o que é relatado no vídeo.

Erwin Franieck, presidente da SAE4 Mobility, afirma que "toda pressão residual do cárter, que vem do vazamento de pressão nos cilindros para o cárter precisa ser reabsorvido pelo motor na sua admissão".

"Assim, temos sistemas que controlam mecanicamente este fluxo de gases do escape para a admissão. Em muito casos, para evitar que este fluxo comprometa a marcha-lenta e situações de baixas cargas, essa membrana evita que estes gases comprometam as emissões e a qualidade da marcha lenta e acelerações leves".

Segundo ele, no caso do rompimento desta membrana o fluxo de gases do cárter fica muito elevado e acaba gerando a queima de óleo.

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Imagem: Renato Stockler/Folhapress

"O sistema com a válvula no cabeçote já passou por várias evoluções e esse diafragma tem se tornado um das melhores soluções de custo-benefício. Um motor novo, com uma boa vedação entre anéis, pistão e cilindro, não deveria gerar esta fumaça, mesmo com o diafragma furado. Porém um motor já com uma vedação comprometida irá ser mais sensível quando este diafragma estiver rompido", afirma.

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Já Ludovico Pitucha, com 40 anos de chão de oficina, proprietário do Pitucha Centro Automotivo, diz que o procedimento é esse mesmo relatado no vídeo.

"Em alguns modelos, esse diafragma tem que ser trocado completo com a cápsula, não pode trocar só a borrachinha. Do contrário, continua o mesmo problema. No Chevrolet Cruze, por exemplo, o certo é trocar também a tampa de válvula".

"A mão de obra é mais cara do que a própria peça. Para eu trocar um diafragma, por exemplo, preciso de duas horas de serviço, o que dá cerca de R$ 500. O que ajuda a furar esse diafragma é o nosso combustível".

Pitucha conclui, alertando que, mesmo com a substituição da membrana, a fumaça costuma perdurar durante algum tempo, até que todo o óleo seja queimado.

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