25 km/l e só uma porta: menor carro do Brasil é alívio para gasolina cara

Com os valores altos da gasolina, a conta no posto de combustível tem ficado cada vez mais pesada no bolso dos brasileiros. Dessa forma, carros pequenos e com baixo consumo poucas vezes tiveram tanta relevância quanto hoje.

Imagine, então, um automóvel capaz de percorrer 25 km com apenas um litro de gasolina e mais leve do que Fiat Mobi e Renault Kwid. Esse carro existe e não é uma novidade concebida para combater as disparadas nos preços do petróleo.

Alguns exemplares remanescentes do Romi-Isetta são preservados pela Fundação Romi no interor de SP
Alguns exemplares remanescentes do Romi-Isetta são preservados pela Fundação Romi no interor de SP Imagem: Reprodução

Na verdade, estamos falando de um veículo lançado na década de 1950, considerado o primeiro carro fabricado no Brasil e que também é tido como o menor automóvel com produção nacional: o simpático Romi-Isetta, lançado no longínquo dia 5 de setembro de 1956 e fabricado em Santa Bárbara d'Oeste, no interior paulista.

Pesando somente 350 kg e com lugar para dois adultos, traz características que combinam muito bem com as necessidades do mundo atual, onde os motoristas sofrem com combustível nas alturas e também com os frequentes congestionamentos - sem falar da escassez de vagas para estacionar.

Antigo e ao mesmo tempo contemporâneo, o Romi-Isetta seria capaz de consumir frugais e impressionantes 33 km/l, segundo anúncio do veículo publicado em 1957. A média oficial de 25 km/l integra a relação de dados técnicos preservados pelo Centro de Documentação Histórica da Fundação Romi, que também guarda alguns exemplares do subcompacto.

Como única porta fica na dianteira, faróis são posicionados nas laterais; tração do Romi-Isetta é traseira
Como única porta fica na dianteira, faróis são posicionados nas laterais; tração do Romi-Isetta é traseira Imagem: Reprodução

De acordo com a fundação, cuja sede fica na mesma cidade onde o Romi-Isetta era fabricado sob licença da italiana Iso, a produção se estendeu até 13 de abril de 1961, após cerca de 3.000 exemplares saírem da fábrica da Máquinas Agrícolas Romi.

Anúncio de 1957 do Romi-Isetta prometia consumo superior a 33 km/l; números oficiais apontam 25 km/l
Anúncio de 1957 do Romi-Isetta prometia consumo superior a 33 km/l; números oficiais apontam 25 km/l Imagem: Reprodução
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Hoje restam poucas unidades do Isetta brasileiro, das quais a grande maioria está em poder de colecionadores. Segundo especialistas consultados por UOL Carros, o modelo raramente aparece à venda e, quando surge algum em bom estado, facilmente o preço passa de R$ 100 mil.

"Há muito tempo não vejo esse veículo sendo anunciado. Lembro que não demorava muito para vender os que apareciam, com preço na faixa de cento e poucos mil reais", conta Silvio Luiz, proprietário da loja Old is Cool Motors, especializada em veículos clássicos.

Joel Picelli, leiloeiro da Picelli Leilões, concorda com o colega.

"Não acho um absurdo cobrarem R$ 150 mil, considerando a escassez e a raridade do Romi-Isetta. Até onde sei, é um modelo raramente anunciado. Os que existem são negociados diretamente entre os colecionadores".

Como é o Romi-Isetta

Uma das características marcantes do pequeno automóvel é a única porta, localizada na dianteira e onde fica o volante - cuja coluna se dobra para permitir a entrada e a saída dos ocupantes.

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O fato de trazer apenas uma porta, inclusive, suscita questionamentos se o Isetta seria, de fato, um automóvei - há quem diga que o primeiro carro feito aqui é, na verdade, o DKW Universal, que estreou no mercado em novembro de 1956.

Segundo a Fundação Romi, as medidas são extremamente compactas: apenas 2,28 m de comprimento, 1,38 m de largura, 1,34 m de altura e minúsculo 1,50 m de distância entre-eixos.

A título de comparação, o já pequeno Fiat Mobi é consideravelmente maior, com seus 3,60 m de extensão.

Quanto à parte mecânica, o baixo consumo é proporcionado pelo baixo peso e também pela motorização diminuta.

De 1956 a 1958, o Romi-Isetta era comercializado com motor Iso de 236 cm³ de dois tempos, capaz de render 9,6 cv.

De 1959 à despedida, em 1961, o modelo trazia motor mais potente, com quatro tempos, 298 cm³ e fabricado pela BMW. Com ele, a potência sobe a 13,2 cv.

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A Fundação Iso informa que, independentemente do propulsor, a velocidade máxima é de 85 km/h. O câmbio é sempre manual de quatro marchas com tração traseira.

Releitura 100% elétrica

Microlino 2.0 moderniza os conceitos introduzidos pelo Isetta, trazendo propulsão elétrica e até 230 km de autonomia
Microlino 2.0 moderniza os conceitos introduzidos pelo Isetta, trazendo propulsão elétrica e até 230 km de autonomia Imagem: Divulgação

A ideia do Isetta é tão boa e condizente com os tempos atuais que surgiu uma releitura elétrica, cujas reservas acabam de começar na Europa.

Com preços a partir de 12,5 mil euros (cerca de R$ 67,5 mil na conversão direta), o Microlino 2.0 é feito na Itália e traz vários dos conceitos introduzidos pelo Isetta original - incluindo a única porta, posicionada na dianteira.

Fabricada na Itália pela Micro, a novidade traz motor de 17,2 cv e 9,1 kgfm e tem versões com autonomia de 95 a 230 km.

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Isetta moderna tem 2,52 m de comprimento e capacidade para transportar até 23o litros de bagagens
Isetta moderna tem 2,52 m de comprimento e capacidade para transportar até 23o litros de bagagens Imagem: Divulgação

Pesando 535 kg, tem velocidade máxima de 90 km/h, segundo a fabricante.

O Microlino 2.0 mede 2,52 m de comprimento, 1,47 m de largura e 1,50 m de altura. Destaque para o compartimento de bagagens, que totaliza 230 litros.

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