Por que carros novos sofrem mais estragos em acidentes e isso é bom sinal

Vídeos de acidentes entre carros antigos e mais novos, mostrando os estragos de cada um após a batida, são comuns e costumam viralizar nas redes. O mais recente mostra uma colisão entre uma Chevrolet D20 e uma Ford Ranger na BR-020, em Barreiras, na Bahia. Enquanto o primeiro saiu praticamente intacto, o segundo sofreu danos significativos.

Isso significa que os veículos atuais são mais frágeis que os de antigamente, com estruturas mais robustas? Na verdade, a deformação sofrida por eles tem a ver com a segurança e mostra que os carros produzidos recentemente protegem mais seus ocupantes do que os fabricados no passado.

A engenharia automotiva evoluiu significativamente nas últimas décadas, e os carros modernos são projetados para se deformar em pontos estratégicos durante uma colisão, absorvendo a energia do impacto e protegendo os ocupantes. Essa deformação programada, embora possa parecer contraintuitiva, é fundamental para garantir a segurança dos passageiros.

O professor Jairo Souza, engenheiro mecânico da FEI, explica que veículos atuais utilizam aços especiais e sistemas de absorção de energia para proteger os ocupantes em caso de colisão. No caso das colunas, são usados aços de alta dureza para evitar deformações do teto em caso de tombamentos e com isto, preservar os membros superiores e cabeças dos ocupantes.

"Alguns desses aços especiais não permitem reparabilidade, pois a prioridade é a proteção a vida. Já os sistemas como motor, caixa de câmbio, suspensão dentre outros são projetados para absorverem energia através do deslocamento programado durante a colisão. Tudo isso para que não haja intrusão de peças ou componentes no habitáculo dos ocupantes do veículo", explica.

Segundo o especialista, em contrapartida, os carros antigos, construídos com materiais mais espessos e estruturas mais rígidas, tendem a transferir a energia do impacto diretamente para os ocupantes, aumentando o risco de ferimentos graves. Testes realizados por institutos especializados demonstram que, em colisões a altas velocidades, estes veículos podem apresentar colapso da estrutura frontal, destruição do para-brisas e deformações nas colunas, comprometendo a segurança dos passageiros.

"Nestes casos pode até ocorrer o aprisionamento dos ocupantes em ferragens do veículo. Já os automóveis mais recentes, produzidos com as mais recentes tecnologias de proteção a vida, se submetidos às mesmas condições de testes, normalmente apresentam deformação apenas na parte dianteira sendo que o para-brisas e as portas se mantém funcionais, permitindo que os ocupantes prontamente evacuem o veículo", afirma Souza.

Em contato com o UOL Carros, a Ford explicou a proteção presente na Ranger, que fizeram com que o carro ficasse mais impactado pelo acidente do vídeo viral. A montadora relata que a deformação da cabine e do chassi em caso de colisão é um efeito programado, para preservar a integridade dos ocupantes:

"Isso é feito por meio da combinação de aços especiais a aços de alta resistência, que permitem a deformação nas áreas periféricas do veículo para absorção do impacto, ao mesmo tempo em que mantêm a integridade das áreas vitais do habitáculo para proteger o motorista e os passageiros. Além disso, a Ford Ranger oferece sete airbags em toda a linha e recursos de assistência ao motorista que contribuem para evitar e minimizar os danos de acidentes", diz Gilmar de Paula, engenheiro-chefe do desenvolvimento da Ranger na América do Sul.

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A montadora ainda lembra que Ranger passou por testes de entidades como EuroNCAP e Australian NCAP, nas quais foi avaliada com nota máxima de cinco estrelas.

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