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Após 3 AVCs até os 18 anos e amputações, jovem realiza sonho de dirigir

Simone Machado

Colaboração para o UOL

31/10/2024 05h30Atualizada em 31/10/2024 11h47

"Era meu sonho desde muito nova ter o meu carro e a minha liberdade. Eu sempre dependi muito das pessoas para me levar na fisioterapia e me buscar. E esse sonho se tornou realidade".

A frase é da influenciadora digital Claudia Fontana Winck, que, com apenas 28 anos, já sofreu três AVCs (Acidente Vascular Cerebral) e teve os dedos das mãos e dos pés amputados logo na infância.

No entanto, apesar de algumas limitações, a moradora de Novo Hamburgo (RS) realizou o sonho de tirar habilitação e, hoje, é totalmente independente.

Para poder tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e dirigir, Clau, como é conhecida, precisou passar por avaliação de uma junta médica que avaliou a força de seus membros - já que, devido aos AVCs, ela ficou com o lado esquerdo do corpo mais fraco. Além de fazer as tradicionais provas teóricas e práticas.

"As aulas práticas tive que fazer na cidade vizinha porque somente lá tinha um carro adaptado. Sabendo das minhas necessidades, a autoescola já colocou a manopla no volante e o instrutor me explicou como que eu dava a partida no carro, como fazer a curva usando a manopla e tudo mais. Então a minha autoescola já foi totalmente adaptada para minha necessidade", conta.

Com a CNH em mãos foi a hora de buscar um carro que pudesse ser adaptado para atender as necessidades da influenciadora e que também pudesse ser usado por seu noivo.

O modelo escolhido pelo casal foi o Volkswagen Nivus Comfortline.

"Fizemos a adaptação na parte elétrica para que eu consiga dar todos os comandos através de uma manopla, como seta, buzina e ligar os para-brisas. Quando meu noivo vai usar o carro, é só ele desligar a manopla e usá-lo normalmente", conta.

A manopla é pequena e fica acoplada ao volante do veículo. Quando ligada, ela é usada para os comandos que normalmente ficam no volante ao próximo a ele. Além disso, para Clau, ela também serve para direcionar o veículo, já que por não ter força no braço esquerdo ela não consegue usar o volante tradicional.

Uma manopla como a usada pela influenciadora custa em torno de R$ 5 mil, mas há modelos a partir de R$ 3 mil.

"O meu noivo e minha mãe sempre me incentivaram muito a dirigir. Eles foram essenciais para eu conseguir a ter mais confiança. É um sentimento de liberdade", acrescenta.

Três AVCs até os 18 anos

Manopla usada para adaptar veículo Imagem: Arquivo Pessoal

Claudia relata que, com apenas 1 ano e 7 meses, após ser levada ao hospital com uma dor de garganta, os médicos diagnosticaram uma possível infecção bacteriana.

No entanto, dias após o retorno para casa, surgiram manchas roxas em seu corpo.

Inicialmente, seus pais pensaram que a menina pudesse ter se machucado sozinha, mas, ao notar uma mancha roxa na testa, decidiram buscar ajuda médica novamente.

Após uma bateria de exames, os médicos suspeitaram de doenças graves como leucemia e lúpus, mas o diagnóstico final apontou PTI (Púrpura Trombocitopênica Idiopática) - uma condição autoimune que pode comprometer a coagulação do sangue. A doença era considerada rara na época e desencadeou uma série de complicações.

Os sintomas se agravaram rapidamente, o que fez com que ela desenvolvesse problemas nos rins e anemia grave. Quando foi liberada do hospital em Novo Hamburgo, seus pais notaram que as pontas de seus dedos estavam roxas e as queixas de dor aumentavam. Ao retornar ao hospital, um cardiologista se impressionou com seu estado e sugeriu transferi-la para a capital Porto Alegre, onde a criança receberia um atendimento especializado.

Chegando ao novo hospital, Clau foi diagnosticada com trombose e colocada em coma induzido. Os médicos alertaram sua família de que ela tinha apenas 1% de chance de sobreviver.

Diante da gravidade, uma equipe com 14 especialistas trabalhou para estabilizá-la, mas foi necessário fazer a amputação de partes dos dedos dos pés e das mãos, afetados pela trombose. Durante o processo, os médicos realizaram cinco cirurgias ao longo de 40 dias.

Pouco tempo depois de ter alta hospitalar, a menina sofreu um AVC - o primeiro de três que já teve em sua vida.

Com pouco mais de dois anos, ela sofreu seu segundo AVC, detectado pelo fisioterapeuta ao notar que ela não conseguia levantar a perna e o braço.

Apesar de mais essa complicação, o tratamento imediato evitou que precisasse de uma cadeira de rodas. Ela também desenvolveu uma trombose na carótida e precisou de medicações para evitar mais coágulos, um tratamento que só conseguiu interromper aos 8 anos.

Aos 18, Claudia enfrentou seu terceiro AVC, provocado por uma inflamação nos vasos sanguíneos.

Essa sequência de complicações levou-a a precisar de fisioterapia frequente e uso de botox para relaxar a musculatura da mão esquerda, que continua afetada.

Apesar das dificuldades, o a jovem mantém sua rotina, que inclui as atividades como influenciadora - Clau conta seu cotidiano e seu histórico de superações em seu perfil no Instatram, que tem mais de 39 mil seguidores.

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