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Pneu furado: saiba se é possível consertar e quando ele está condenado

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL

08/11/2024 12h00

Seja por culpa de um prego, um buraco ou objetos pontiagudos de forma geral, nenhum dono de carro está imune a ter algum pneu do seu veículo furado.

E aqui, o problema pode seguir duas rotas distintas: ou o dano é extenso o suficiente para fazer o pneu murchar na hora e, aí, tudo que resta é parar o carro e instalar o estepe, ou o objeto perfurante fica preso no pneu e ele esvazia aos poucos.

Independentemente do caso, vem o questionamento quase que imediato: será que é possível consertar a peça ou o problema só é resolvido comprando um novo pneu?

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A dúvida é pertinente e fica ainda mais se considerarmos que, dependendo do aro da roda e da marca, um único pneu pode passar dos R$ 1.000, enquanto o conserto geralmente fica abaixo dos R$ 200.

Pode, mas nem sempre

A possibilidade de conserto do pneu depende do local, do tamanho e do ângulo do dano sofrido. "Há danos irreparáveis que exigem a troca por um pneu novo, como rasgos ou até furos com ângulos de penetração muito agudos. Alguns problemas podem ser sanados empregando técnicas adequadas como o manchão vulcanizante. Os furos só podem ser consertados se ocorrerem na região da banda de rodagem", explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em sua norma NBR NM225, todos os tipos de pneus - diagonal, radial adequado a velocidade menor ou igual a 190 km/h (índice T) e radial adequado a velocidades superiores a 190 km/h (índice W) - podem ser consertados desde que o furo tenha, no máximo, 6 milímetros de diâmetro. No caso dos diagonais, eles suportam até três consertos do tipo, enquanto os radiais até 190 km/h suportam dois e os radiais com velocidade superior a 190 km/h, um.

Qualquer dano que exceda esse diâmetro, seja um furo ou um corte, significa que o pneu está condenado. E isso também se aplica para danos consecutivos.

O tamanho e a recorrência dos furos, porém, não são os únicos fatores a serem levados em conta para determinar se um pneu pode ou não ser consertado. Ainda de acordo com a ABNT, há outros pontos a serem observados. Neste caso, um pneu só pode ser consertado se:

- a idade da carcaça, indicada pela data de fabricação, seja inferior a 5 anos
- não estiver contaminado por produtos derivados de petróleo
- não ter avarias na área dos talões, flancos ou ombros
- não apresentar rachadura no flanco
- não ter atingido os indicadores de desgaste (TWI)

No caso dos pneus run-flat, feitos para permitir a rodagem mesmo com ele murcho, se ele for utilizado após a perda de pressão, não poderá ser consertado. Isso porque, nestas condições, ele sofre desgaste nas estruturas laterais e acaba condenado.

Alguns fabricantes de pneus, como a Continental, adotam critérios mais conservadores na hora de determinar se é possível, ou não, realizar um conserto. "Pneus com índice W, com limite de velocidade de até 270 km/h, podem ter a banda de rodagem reparada por perfurações com até três milímetros. Se os flancos forem atingidos esses pneus devem ser substituídos. Já pneus do tipo Y, para velocidades de até 300 km/h, não podem passar por nenhum tipo de conserto", salienta Astolfi.

Ah, um ponto importante: caso o dano no pneu faça ele murchar rapidamente, evite ao máximo rodar nestas condições. Isso pode acarretar danos em suas laterais e, dependendo desse desgaste adicional, inviabilizar o seu conserto.

Uma vez que a peça atenda a esses critérios, seu reparo é possível - e seu bolso certamente vai comemorar.

Reparo tem que ser bem feito

Caso o pneu possa ser consertado, isso deve ser feito com critérios.

"Ele deve ser feito por um profissional experiente, com materiais para conserto padrão e com ferramentas adequadas, seguindo as instruções dos fabricantes dos materiais que serão utilizados no processo", explica Fabio Magliano, gerente de produtos Car e Motorsport da Pirelli para a América Latina.

O procedimento envolve a limpeza dos furos e seu preenchimento. Essa segunda parte deve ser feita de maneira cuidadosa, uma vez que a ideia é reter o ar dentro do pneu e também evitar a infiltração de umidade nas bordas desse buraco.

A questão da umidade é importante, já que o pneu é composto de camadas de borracha e metal. Caso haja infiltração, ela pode deteriorar a estrutura da pela e causar a separação dos componentes, o que compromete a garantia e a vida útil da peça, além da segurança em si.

E fica bom?

Caso o reparo seja feito seguindo as normas, a tendência é que o pneu mantenha as suas características e possa ser usado normalmente, sem prejuízos em termos de desempenho de segurança.

No caso de pneus de alta performance, porém, há uma regra diferente. Caso eles recebam mais de um conserto, o seu índice é "rebaixado" para T.

Mas e se os pneus do carro estiverem em "meia-vida" e um deles acabar condenado após sofrer dano? Dependendo do caso, a instalação de um pneu novo pode comprometer o equilíbrio do veículo e, aí, o melhor a se fazer é trocar todos os pneus por novos.

"Essa avaliação deverá ser feita pelo técnico responsável durante o atendimento, que irá avaliar os níveis de desgaste dos pneus e recomendar ou não a substituição de todos os outros ou ao menos a substituição do outro pneu do mesmo eixo. Dessa maneira, o carro se manterá em equilíbrio, sem que haja uma diferença de desempenho entre os quatro pneus", conclui Magliano.

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