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Volta ao passado? Por que marcas estão trocando telas por botões no carros

Homem mexe em painel de carro com sistema multimídia Imagem: Getty Images

Wandick Donett

Colaboração para o UOL

21/11/2024 12h25

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Nos últimos anos, a tendência de substituir botões físicos por telas sensíveis ao toque, que parecia ser o futuro, está sendo reavaliada por várias montadoras. Estudos recentes e feedback dos consumidores têm levado várias marcas a reconsiderar a exclusividade das interfaces digitais em seus veículos.

A Hyundai, por exemplo, decidiu manter botões físicos em seus painéis após um estudo revelar que muitos motoristas preferem a praticidade e a acessibilidade dos controles tradicionais. A pesquisa, realizada pela montadora nos Estados Unidos, destacou que os motoristas se frustram com a falta de feedback tátil das telas sensíveis ao toque, especialmente ao ajustar funções cotidianas como a temperatura do ar-condicionado.

A Volkswagen também anunciou que voltará a usar botões físicos em seus veículos após receber uma enxurrada de reclamações dos clientes. A decisão de substituir os botões por superfícies sensíveis ao toque gerou insatisfação, principalmente em funções de entretenimento e nos controles no volante. A montadora promete integrar botões físicos nas próximas gerações de seus veículos, buscando um equilíbrio entre tecnologia digital e funcionalidade prática.

Outras marcas japonesas já adotaram essa abordagem. A nova geração do Honda Fit no Japão, por exemplo, substituiu os controles de toque do sistema de ar-condicionado por botões convencionais. Essa mudança visa proporcionar uma experiência de uso mais intuitiva e segura para os motoristas. Já a Toyota nunca esqueceu e sempre manteve alguns comandos em botão, principalmente no Corolla.

Entre as alemãs, embora a BMW tenha sido uma pioneira em interfaces digitais, a marca também tem reconhecido a importância dos botões físicos e os inclui em seus modelos mais recentes, como forma de complementar as telas touchscreen. Outras marcas como Audi e Mercedes-Benz também têm explorado a combinação de botões físicos e telas touchscreen em seus veículos.

Apesar do design minimalista do seu modelo premium mais barato do mercado, a sueca Volvo recebeu críticas por concentrar quase todas as funções do EX30 acessíveis apenas na central multimidia. E estuda qual caminho seguir para os próximos lançamentos.

Especialistas apontam que a reintrodução dos botões físicos não significa um retrocesso tecnológico, mas sim uma adaptação às necessidades dos usuários. Em entrevista ao Carscoops, a pesquisadora Rachel Plotnick explicou que, embora as telas touchscreen ofereçam uma aparência moderna e limpa, elas podem ser menos práticas em situações de condução, onde o feedback tátil é essencial. Ela afirma que a "fome das pessoas por botões físicos" se deve ao seu "tato e feedback".

Em outras palavras, os motoristas sentem falta da sensação tátil e da resposta imediata que os botões proporcionam, em contraste com a experiência muitas vezes frustrante de navegar por menus intermináveis em telas sensíveis ao toque.

A especialista acredita que a combinação de telas e botões é a solução ideal, dependendo da função. Tarefas que exigem precisão e rapidez, como ajustar o volume do som ou controlar o ar-condicionado, são mais facilmente realizadas com botões físicos. Já as telas sensíveis ao toque são mais adequadas para funções que exigem personalização e informações mais complexas.

"Talvez seja a fadiga da tela", sugere Raquel. "Passamos tanto tempo olhando para elas que buscamos uma forma de desconectar um pouco. O botão pode ser essa válvula de escape."

Milad Kalume, consultor e especialista automotivo, compartilha da mesma opinião que Raquel. Para ele, é um sinal claro de que a indústria automotiva está aprendendo com os erros do passado e ouvindo as necessidades dos consumidores.

"Passamos por um momento de revolução tecnológica na indústria automotiva. Mas passamos do ponto de equilíbrio com relação aos botões. Hoje tudo é controlado em função de uma tela. E frequentemente lembramos de determinada função, mas não sabemos como encontrá-la pois está escondida dentro de um submenu, o que não é saudável e nem seguro em se tratando de direção de um veículo automotor. De forma geral não podemos ser nem o oito e nem o oitenta, o ideal é o equilíbrio nas funções", opinou.

A decisão de manter ou reintroduzir botões físicos também está ligada à segurança. Em estradas irregulares, por exemplo, as telas exigem mais atenção dos motoristas, o que pode aumentar o risco de acidentes. Botões físicos, por outro lado, permitem que os motoristas ajustem as configurações do veículo sem desviar os olhos da estrada.

Além disso, a evolução das tecnologias de direção autônoma pode influenciar a aceitação das interfaces digitais no futuro. No entanto, até que essas tecnologias estejam amplamente disponíveis e aceitas, a preferência por botões físicos deve continuar a crescer.

Outro especialista automotivo, Cassio Pagliarini, entende que há quatro inibidores que possam trazer as montadoras novamente aos botões físicos. "Falta da familiaridade de algumas pessoas com a tecnologia, desempenho de algumas telas sensíveis que não funcionam adequadamente, acesso direto à função pretendida sem passar por pastas, possibilidade de acionamento mesmo com falha de software, caso os botões acionem diretamente a função pretendida".

Segundo ele, "o acionamento eletrônico representa o futuro e permite soluções que os botões físicos não fazem, por exemplo acionamento remoto e monitoramento das tecnologias embarcadas. Também têm uma durabilidade superior pois não existem peças móveis. Porém temos as pessoas, que precisam aprender a lidar com isso. E a qualidade das telas sensíveis vai evoluir também".

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