Tecnologia que Tesla desprezou enxerga no escuro e chega a carros chineses
Wandick Donett
Colaboração para o UOL
27/11/2024 05h30Atualizada em 27/11/2024 14h25
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A tecnologia Lidar, criada na década de 1960 e que tem evoluído desde então, já foi desprezada por Elon Musk, o chefão da Tesla.
Há cinco anos, o empresário classificou o sistema como "estúpido", "caro" e "desnecessário" para a implementação do sistema Autopilot de condução semiautônoma da empresa californiana de carros elétricos.
Contudo, esse recurso, que cria um mapa 3D do ambiente no seu entorno, tem sido cada vez mais adotado pelas montadoras, especialmente as chinesas, como peça fundamental rumo a um futuro de automóveis sem motoristas.
Vale destacar: a legislação ainda não permite, em nenhum país, a venda nem a circulação em vias públicas de veículos totalmente autônomos - contudo, o Lidar já possibilita a oferta de assistências à condução mais precisas e seguras nos automóveis da atualidade.
Lidar é a sigla para a expressão "Light Detection and Ranging", que significa detecção e alcance de luz.
Essa tecnologia utiliza pulsos de laser são emitidos e retornam a um sensor após atingirem objetos ao redor do veículo.
Por meio do Lidar, é possível calcular a distância de um veículo aos pontos refletidos para identificar os objetos ao seu redor, criar um mapa tridimensional do ambiente e permitir que a condução robotizada consiga desviar de obstáculos e frear com precisão - mesmo em locais com pouca luz ou sem iluminação.
Ricardo Bacellar, especialista automotivo, comenta que a Tesla prefere utilizar sensores mais baratos, como câmeras e radares, pois acredita serem igualmente precisos quando combinados.
"O Lidar oferece vantagens como a operação eficiente em ambientes escuros. Ele consegue mapear imagens e objetos em 3D, enquanto os sensores da Tesla mapeiam em 2D", explica o especialista.
Os carros mais recentes a adotar essa tecnologia incluem o novo BYD Seal 2025, que chegará no ano que vem ao Brasil com sensores Lidar integrados. Este modelo, segundo a empresa, promete uma experiência de condução aprimorada com maior segurança e precisão na detecção de obstáculos.
Outro modelo que contará com essa tecnologia é o SUV híbrido plug-in Yangwang U8, também da BYD, previsto para ser lançado no Brasil até 2026. Esse SUV é reconhecido pelo grande sensor Lidar no teto, que contribui para a navegação autônoma e segura do veículo.
Além do BYD Seal e do Yangwang U8, vários outros veículos já utilizam ou estão prestes a adotar a tecnologia Lidar.
A Audi está testando veículos autônomos com sensores Lidar em várias cidades ao redor do mundo, visando melhorar a tecnologia de direção assistida. A Ford está colaborando com empresas de tecnologia para desenvolver veículos autônomos equipados com esse recurso.
A Volvo está adotando o Lidar como equipamento padrão para o XC90, enquanto a BMW está investindo em tecnologias de direção autônoma, incluindo o uso de sensores Lidar para criar mapas tridimensionais detalhados do ambiente ao redor do veículo.
Custo mais alto
Os sensores Lidar são mais caros do que os sistemas de câmeras tradicionais.. O avanço dessa tecnologia e sua adoção por mais montadoras podem levar à redução dos custos ao longo do tempo.
"A tecnologia de ponta sempre foi cara, mas com o tempo ganha volume e reduz custos. Anos atrás, recursos que eram extremamente caros foram ficando mais acessíveis, gerando um caminho irreversível. Se a Tesla hoje resiste a adotar o Lidar nos seus carros, outras fabricantes têm adotado o sistema, abrindo caminho para barateá-lo e torná-lo mais compacto".
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