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Carro no lixo? Prática é comum nos EUA e você ainda pode ter que pagar

Raphael Panaro

Colaboração para o UOL

30/11/2024 05h30

Seu carro deu um problema. Já imaginou jogá-lo no lixo ou doar para alguém? Acredito que sua resposta para estas perguntas tenha sido um 'não'. Mas saiba que essa prática é bem comum nos Estados Unidos, especialmente para automóveis com anos de estrada e bem rodados.

A brasileira Eliane Farmer, que reside há mais de 20 anos nos EUA, viralizou nas redes sociais com o vídeo "Vamos jogar o Jeep no lixo". Na postagem com quase 600 mil visualizações e mais de 1.700 comentários, Farmer conta que seu marido vai 'doar' ou 'jogar fora' um Jeep Cherokee 2013.

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O SUV está com problemas de superaquecimento. "Em rotas mais longas, o motor ferve", explica Farmer sobre o modelo que tem mais de 220 mil km rodados.

Qual foi a solução do casal? Simplesmente comprar outro veículo. "O valor que iríamos gastar para consertar, a gente preferiu dar de entrada em outro carro", conta Eliane, que diz que seu marido comprou uma picape da marca GMC.

Farmer, que mora no estado norte-americano de Massachusetts, diz que seu cônjuge até tentou dar um jeito no Jeep 'vendo tutoriais e soluções na internet', mas não funcionou. Levar o automóvel na oficina seria o próximo passo, certo? Errado.

A profissional da ciência jurídica diz que 'um mecânico foi consultado por telefone' e que o conserto do problema ficaria em torno de US$ 3.000 a US$ 3.500 — algo entre R$ 17.000 e R$ 20 mil na conversão atual. Quase o mesmo valor em que o modelo estaria avaliado atualmente no mercado de usados norte-americano.

Bruno Venditti, brasileiro que trabalha na área de finanças da Volkswagen nos Estados Unidos, conta que essa situação é a junção de alguns fatores.

"A moeda é forte, o acesso a veículos é fácil e barato, e a mão-de-obra é muito cara", explica Venditti, que mora há três anos no país. "Um mecânico vai cobrar US$ 150, US$ 180 só para sair da oficina e olhar o carro", completa. Para se ter uma noção, o modelo mais barato zero km nos EUA é o Nissan Versa, que começa na casa dos US$ 20 mil.

O caso de Eliane é bem parecido com o de Grace Baumstark e seu Hyundai Santa Fe 2012. O utilitário da gerente do departamento de achados e perdidos do aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida, teve um problema na transmissão automática. O carro, avaliado em US$ 4.000, teve o orçamento do conserto em uma oficina de US$ 2.700.

Baumstark não pensou duas vezes e levou o antigo Hyundai para o ferro-velho, onde recebeu em troca US$ 600. A quantia foi usada para adquirir outro veículo mais novo.

Mecânico então sofre com falta de clientes nos EUA? Não. Em modelos mais novos, claro, muitas reparações valem mais a pena que já pular para um carro zero. E também quem não dispõe de recursos para comprar um veículo mais recente recorre às oficinas e tenta ao menos fazer um conserto paliativo. Até porque em muitos estados norte-americanos há vistorias anuais e o carro precisa ser aprovado para continuar rodando

Destino do Cherokee

A brasileira Eliane Farmer diz ainda que ela e o marido tentaram 'desovar' o Jeep em um ferro-velho local, porém desistiram depois de descobrir que teriam que pagar cerca de US$ 600 para jogar o carro no 'lixo". Parece um contrassenso, não? Sim, mas esta atividade também não é incomum e pode fazer ter relações a custos de reciclagem, ao descarte responsável e à conformidade com as regulamentações ambientais.

Manter o espaço do estabelecimento, mão-de-obra para o processamento do veículo com a remoção de fluidos e a separação de diferentes materiais (ferro, vidros, plásticos), além do controle de óleos, baterias e líquidos refrigerantes para o descarte correto.

No estado de Massachusetts, também existem programas que permitem que residentes doem seus carros para conseguir deduções no Imposto de Renda e para beneficiar instituições de caridade ou também de veteranos de guerra, conforme mostra esta reportagem de UOL Carros.

Até o fechamento desta reportagem, Farmer confidencia que "ninguém ainda foi buscar Cherokee'. Você aceitaria a doação?

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