Stellantis, VW e GM combaterão 'invasão' com suas próprias marcas chinesas
Raphael Panaro
Colaboração para o UOL
08/12/2024 05h30
Você com certeza já ouviu o termo 'invasão chinesa' por aí. BYD e GWM vieram incomodar as marcas tradicionais e se apropriar rapidamente de uma boa fatia do mercado brasileiro com produtos modernos, tecnológicos e preços competitivos. Além disso, outras empresas como GAC, Neta, Zeekr, entre outras, têm feito barulho com anúncios e promessas de grandes investimentos no país.
As marcas generalistas, no entanto, planejam uma resposta no mercado. E, para isso, vão recorrer às suas próprias fabricantes… chinesas! Stellantis, Volkswagen e GM vão usar suas parceiras Leapmotor, Saic, Baojun e Wuling em breve no Brasil.
A primeira que deve estrear no ano que vem é a 15ª marca da Stellantis, que tem em seu conglomerado nomes como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram, Opel, Abarth, Maserati, Alfa Romeo, Dodge, Chrysler, entre outras. A Leapmotor foi fundada em 2015 em Hangzhou, na China, já focada em veículos elétricos. As vendas começaram em 2019 com o S01, um cupê de duas portas, e nos anos seguintes vieram o T03, C11, C01 até chegar no C10, um SUV estratégico para as aspirações da marca agora mundial.
Global porque, em outubro do ano passado, a Stellantis anunciou a compra de 20% da startup chinesa por cerca de 1,5 bilhão de euros. O acordo também previu a criação de uma joint-venture chamada Leapmotor International para explorar, justamente, o mercado internacional. E a Stellantis é sócia majoritária, com 51% das ações.
Esta parceria é de suma importância para a Stellantis, que pretende aproveitar o ecossistema de veículos elétricos na China para ajudar a cumprir as principais metas de eletrificação. A expansão começou na Europa este ano e vai se espalhar por outros mercados em 2025, inclusive no Brasil.
Elétrico e 1.100 km de autonomia?
Dois veículos já aparecem como os prováveis lançamentos por aqui. Um é o C10, um SUV de 4,74 metros de comprimento e 2,83 m de entre-eixos, porte parecido para encarar diretamente o BYD Song Pro. Com um motor elétrico na traseira, o utilitário com linhas arredondadas entrega 231 cv de potência e 32,6 kgfm de torque, alimentado por bateria de 52,9 kWh ou 69,9 kWh. A autonomia é de 410 km ou 530 km, respectivamente, no ciclo chinês.
Há ainda uma versão com autonomia estendida que usa um motor 1.5 aspirado a gasolina somente como gerador de energia para baterias de 28,4 kWh. Nessa configuração, a chinesa diz que o C10 tem autonomia de híbrido: 1.100 km.
A Stellantis, no entanto, também vai mirar a base da cadeia e lançar um modelo para concorrer com BYD Dolphin Mini, Renault Kwid E-Tech e JAC E-JS1. O T03, é um hatch para ser usado nos centros urbanos e mede 3,62 m de comprimento e 2,40 m de entre-eixos.
Tem 109 cv, 41,3 kWh de bateria e roda pouco mais de 400 km no padrão chinês. Por aqui, na homologação do Inmetro, deve ficar abaixo dos 300 km. Preço? Espere algo na faixa dos R$ 100.000.
Renegade elétrico e de gravata
No caso da Chevrolet, que já investiu para trazer os elétricos e recém-lançados Blazer EV e Equinox EV no Brasil, a marca estuda recorrer à SGWM, a joint-venture da General Motors com as chinesas Saic e Wuling, para importar modelos bem mais acessíveis que os citados acima, que são a vitrine tecnológica e custam para lá de R$ 400 mil.
Dois carros, inclusive, já foram flagrados rodando em testes em território nacional. Um deles é o Yep Plus, um SUV compacto de cerca de 4 metros de comprimento e 2,56 m de entre-eixos, com visual quadrado — uma espécie de mistura de Defender com Renegade.
O jipinho elétrico, que não deve adotar este nome caso seja vendido no Brasil, tem o equivalente a 102 cv, bateria de 41,9 kWh e pode rodar até 400 km na otimista medição chinesa.
O segundo é o Wuling Starlight S, um SUV médio com ares de crossover que tem 4,74 m de comprimento e 2,80 m de distância entre os eixos, ali na faixa do Song Plus e Haval H6. Tem versão com um motor elétrico de 204 cv e 510 km de autonomia graças à bateria de 60 kWh.
Uma variante híbrida plug-in, entretanto, também é oferecida em outros mercados. Aí o motor elétrico ajuda o 1.5 a combustão. Traz ainda dois tamanhos de bateria: 9,5 kWh (podendo rodar 60 km sem gastar combustível) ou 20,5 kWh (com 130 km de autonomia elétrica).
Amarok made in China?
A Volkswagen é mais uma que deve contar com ajuda dos chineses, mas no segmento de picapes. Sem a nova geração da Amarok na América Latina, a marca alemã estaria trabalhando em uma inédita caminhonete média. É aí que a SAIC, parceira da VW há 40 anos na China, entra.
Chamada de Projeto Patagônia, o modelo seria derivado da existente Maxus T90, que tem versões diesel e também elétrica, além de uma capacidade de carga de 2.200 kg. A produção seria em General Pacheco (Argentina) no lugar da Amarok, e lá por 2027. A informação é do site argentino A Rodar Post.
Outros rumores apontam para um novo SUV, também feito na Argentina, para substituir o Taos, já que a reestilização não vai chegar nos mercados da América do Sul. Ainda de acordo com o site, o utilitário também deve deixar de ser produzido no país vizinho e os mercados — inclusive o Brasil — passariam a importar o carro do México.
Vem mais por aí…
Sim. Estas novas montadoras provenientes da China serão apenas o início, digamos, da segunda onda dessa invasão. Isso porque, em 2025, o Brasil terá a estreia de mais fabricantes orientais, como a Omoda Jaecoo, GAC, MG Motors, Geely, Riddara, Polestar, entre outras. Zeekr e Neta são duas que iniciaram suas operações neste fim do ano por aqui.