Carro que fracassou no Brasil é o mais popular de uma Síria em guerra
Wandick Donett
Colaboração para o UOL
10/12/2024 05h30
A queda do regime de Bashar al-Assad na Síria revelou um contraste marcante: enquanto o ditador ostentava uma coleção de carros de luxo, a população conta com uma frota predominantemente envelhecida e de baixo custo.
Um dos modelos mais populares entre os sírios é o Kia Rio, muitos importados antes da guerra. É um veículo que já foi comercializado no Brasil, não obteve sucesso por aqui e teve as vendas descontinuadas.
A escolha por esse modelo lá na Síria, segundo especialistas, se dá à sua durabilidade, baixo custo de manutenção e disponibilidade de peças de reposição. Seu preço varia entre US$ 10 mil e 13 mil para um carro usado, e obtê-lo em parcelas era comum antes da guerra.
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A S&P Global Mobility estima que serão comercializados 88,3 milhões de novos carros em todo o mundo em 2024. Comparativamente, o mercado sírio é praticamente inexistente, com menos de cem veículos novos vendidos no primeiro semestre do ano. A esmagadora maioria desses veículos são utilitários da Hyundai - marca que é dona da Kia.
Poucas fábricas ainda produzem carros na Síria, incluindo Sham e Hamisho. Embora a indústria seja focada principalmente na montagem, os fabricantes importam peças básicas como motores do Irã e da China, enquanto fabricam chassi e peças mais simples.
"A venda de veículos em um país devastado como a Síria é muito ruim, muitos aceitam apenas importar veículos usados", diz Cássio Pagliarini, consultor automotivo.
"Muitos países do Oriente Médio não têm relações comerciais com Estados Unidos ou países europeus. Por isso vê uma presença grande de carros japoneses e sul-coreanos. Tem, por exemplo, muita picape Toyota com os grupos extremistas, não se vê isso em caminhonete de Ford ou Chevrolet devido a embargos", completou.
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