Brasil já teve sua 'Harley' nacional com motor de Fusca e peças de Honda
Na época da ditadura militar no Brasil, em que o mercado era fechado às importações, os entusiastas tinham que se virar para fazer carros fora de série e saciar a vontade de ter veículos exclusivos.
Muitos são conhecidos, como o Puma, o Bianco e as caminhonetes transformadas da Souza Ramos. Em comum, eram carros feitos com fibra de vidro e o que tinha à mão das montadoras nacionais que existiam na época. E isso também acontecia com as motos.
A mais famosa era a Amazonas. Chassi de Harley-Davidson - que era montada em Manaus com peças importadas na Zona Franca -, painel de Volkswagen Passat, freios a disco de Ford Corcel e faro de caminhão Mercedes e a maior estrela da moto: o motor 1.600 cm³ de Volkswagen Fusca.
O câmbio foi adaptado com soldas para ser ligado por corrente à roda traseira. A embreagem foi desenvolvimento próprio. Pesando mais de 300 kg, foi mantida a marcha a ré para ajudar em manobras.
A produção em linha começou em 1978 depois de dois anos de projeto. O primeiro conceito se chamava Motovolks e usava motor 1.500. A criação dos mecânicos Luiz Antonio Gomide e José Carlos Biston chamou atenção do empresário Daniel Ferreira Rodrigues, que fundou a AME e começou a fabricação.
Foram feitas 450 unidades até 1988, sendo 100 delas compradas pela Polícia Militar de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal. Algumas delas foram exportadas até para os Estados Unidos, onde motocicletas do tipo fazem sucesso.
Em 1990 a moto voltou a ser fabricada, mas com algumas melhorias e outro nome: Kahena ST1600. Mas dessa vez durou pouco. Parou de ser feita em 1992 quando o mercado já estava reaberto e as importadas estavam fazendo sucesso no país.
Em 2008, quando as motos chinesas chegaram com força ao Brasil, a AME, agora com outro dono, tentou novamente uma investida. Lançou uma custom chinesa com a marca Amazonas com motor pequeno, de 250 cm³. Mas também não durou muito e as vendas foram interrompidas em 2010.
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