Por que carros ficam mais potentes no Rio do que em SP ou Belo Horizonte
A diferença de rendimento dos motores a combustão interna em diversas altitudes é um fenômeno físico que tem impacto direto na potência e no torque dos veículos. Ao nível do mar, como no Rio de Janeiro, os motores tendem a ser mais potentes em comparação com locais mais elevados, como São Paulo ou Belo Horizonte. Mas por que isso acontece?
Segundo Breno Henrique, engenheiro mecânico e CEO da Strong Car Services, "os carros podem ser mais potentes no Rio de Janeiro do que em cidades como São Paulo ou Belo Horizonte. Isso tem a ver com a física por trás dos motores a combustão interna e o ambiente onde eles operam".
Um dos fatores essenciais para o funcionamento dos motores a combustão interna é a mistura de ar e combustível. Em regiões ao nível do mar, o ar é mais denso e contém mais oxigênio, o que favorece uma combinação mais rica. Isso permite uma combustão mais eficiente, gerando mais potência e torque.
"A maior parte das pessoas acredita que o motor do carro depende somente do combustível para funcionar, mas na verdade existem diversos outros fatores que influenciam diretamente para o correto funcionamento de um motor, como o ar, por exemplo", explica Henrique.
Em contrapartida, em regiões serranas ou montanhosas, como São Paulo (a aproximadamente 760 metros acima do nível do mar) e Belo Horizonte (a cerca de 850 metros), o ar é mais rarefeito, com menor densidade ou oxigênio. Essa condição afeta diretamente a mistura de ar e combustível, resultando em uma combustão menos eficiente e, consequentemente, uma queda na performance do motor.
"Em motores aspirados, que são os convencionais sem turbo ou compressor, isso resulta em uma mistura mais pobre, reduzindo a performance", afirma Henrique.
A pressão atmosférica também desempenha um papel importante. Ao nível do mar, a pressão é maior, o que favorece a admissão de ar no motor. Em altitudes maiores, a pressão atmosférica é menor, o que faz com que os motores aspirados sofram uma queda natural de rendimento.
"Em geral, motores aspirados perdem cerca de 1% de potência a cada 100 metros de elevação. Por exemplo, em São Paulo, um carro aspirado pode perder cerca de 7% de potência em comparação com o nível do mar", detalha o engenheiro.
Quando falamos de mistura rica ou pobre, estamos nos referindo à proporção entre ar e combustível. A primeira tem mais combustível em relação ao ar, enquanto a segunda é o oposto. No nível do mar, a mistura geralmente é mais próxima da ideal, o que garante um maior desempenho do motor.
Os dados oficiais de performance na ficha técnica dos veículos são coletados de acordo com parâmetros pré-definidos de temperatura, inclinação da pista, vento e altitude. Esses parâmetros são essenciais para garantir a precisão e a consistência das informações sobre a performance dos carros.
Portanto, se você dirigir o mesmo carro no Rio de Janeiro e depois em Belo Horizonte ou São Paulo, não estranhe se sentir uma diferença no desempenho. "Isso é a física e a engenharia automotiva em ação", conclui Henrique.
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