Enchentes: por que carro tem maior risco de incêndio ao encarar um temporal
Resumo da notícia
Carros enfrentam risco de incêndio ao transitar ou estacionar em chuvas fortes, mesmo sem alagamento, devido a materiais inflamáveis presos na parte inferior.
O engenheiro João Irineu Medeiros alerta que detritos presos no escapamento e catalisador podem gerar fogo quando aquecidos após a secagem.
Além disso, curto-circuitos causados por infiltração de água em componentes elétricos também aumentam o risco de incêndio em veículos.
Com a chegada do verão, começa a temporada de chuvas e, com elas, aumentam os casos de alagamentos e inundações.
Apesar de trazerem vedação e outros recursos para impedir a entrada de água, carros não são submarinos e podem sofrer danos sérios por conta do aguaceiro, como calço hidráulico no motor. Dependendo do estrago, pode acontecer até perda total, devido ao alto custo para repará-lo.
Por mais estranho que possa parecer, transitar ou deixar o veículo estacionado sob chuva forte também traz outro inconveniente: aumento no risco de incêndio, mesmo que o automóvel não seja alagado.
Esse risco cresce especialmente após a umidade secar, explica o engenheiro João Irineu Medeiros, diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
De acordo com o especialista, o problema está relacionado a materiais potencialmente inflamáveis que podem se alojar na parte inferior do carro durante a chuva.
"É comum uma enxurrada arrastar vegetação, papel e outros detritos que acabam presos no escapamento e em outras áreas sob o assoalho. Caso não sejam removidos, o contato posterior com partes quentes após dar a partida, como o próprio motor e o catalisador, podem gerar incêndio", alerta Medeiros.
Segundo ele, o risco maior está relacionado ao catalisador, que opera em temperaturas altíssimas, a partir de 300º C e chegando a cerca de 800º C.
"O mesmo risco ocorre quando você mantém o carro ligado sobre uma área de vegetação alta e seca. A proximidade com superfícies extremamente quentes pode ocasionar combustão e alastrar o fogo".
Curto-circuito
Na hipótese de a água atingir componentes do sistema elétrico, o risco de fogo também existe, mas tem outra explicação: curto-circuito.
O líquido é condutor de eletricidade e pode entrar em contato com fios desencapados e outros componentes, gerando faíscas potencialmente perigosas.
Medeiros aponta que problemas elétricos dão sinais de alerta aos ocupantes.
"Cheiro de queimado é indício de curto-circuito. Quando o problema acontece, a luz espia do sistema de auto diagnóstico, conhecida como 'luz da injeção', costuma acender. Também fique atento à luz de carga baixa da bateria", orienta o engenheiro.
O curto, explica, também pode ser causado pela instalação de acessórios e equipamentos não especificados para determinado veículo.
"Componentes não homologados pela montadora podem sobrecarregar o sistema e gerar curto, faíscas e até derreter fios. Além disso, há risco de um ou mais cabos ser rompido ou desencapado em contato com alguma chapa metálica, devido a instalação incorreta", destaca João Irineu.
Medeiros também aponta a necessidade de estar atento a ruídos provenientes do cofre do motor - que podem sinalizar alguma peça metálica solta, capaz de danificar fios elétricos. O contato com a umidade só piora o quadro.
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