De Jeep a Hyundai: por que carros perderam potência em 2025 com mesmo motor
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O Brasil conta, desde 1º de janeiro, com limites mais rígidos de quanto um carro zero-quilômetro pode poluir.
Esse é o efeito do Proconve L8 (ou PL8), a oitava fase do programa responsável por, gradualmente, tornar o transporte motorizado carbono-zero no país.
Por conta disso, alguns motores até foram aposentados na virada do ano. Em outros casos, diferentes montadoras precisaram "travar" a performance dos carros, diminuindo a potência ou alterando outros detalhes para que eles fossem aprovados na nova etapa do Proconve.
Tais números são verificados na tabela mais recente do Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que mede e divulga a eficiência energética de automóveis e comerciais leves novos comercializados no Brasil.
O caso mais notável de redução da potência é o do motor 1.3 turbo T270 da Stellantis, utilizado nos Jeep Renegade, Compass e Commander e nos Fiat Fastback e Toro. Todas as suas unidades fabricadas em 2025 já saem com o T270 limitado a 176 cv, contra os 185 cv obtidos com álcool até então (com gasolina, rendia-se 180 cv).
A cavalaria de 185 cv foi mantida apenas nos esportivos Pulse e Fastback Abarth. Em todos os casos, porém, o torque continua igual e a Stellantis ressalta que a alteração é imperceptível no dia a dia. Na média, os cavalos a menos significam cerca de 0,5 s a mais numa arrancada de zero a 100 km/h - tempo na ordem de grandeza do automobilismo.
HB20: agora, 120 cv só com etanol

Outra marca que adaptou seus carros ao PL8 foi a Hyundai, com os motores 1.0 turbo e 1.0 aspirado das linhas HB20 e Creta. Até 2024, os Hyundai 1.0 turbo rendiam 120 cv com qualquer combustível; na linha 2025, isso só é possível com etanol, pois, com gasolina, o limite caiu para 115 cv.
Mas o torque se manteve, e o consumo dos HB20 e HB20s, com ambos os combustíveis, melhorou no geral.
O Hyundai HB20S 1.0 turbo com transmissão automática, por exemplo, agora rende, em média, 0,5 km/l a mais em qualquer caso, economizando entre 2,4% e 6,1% a depender do uso.
No motor 1.0 aspirado, os engenheiros da Hyundai foram além e melhoraram o consumo juntamente com a performance. Daqui em diante, esse propulsor continua entregando 80 cv e 10,2 kgfm se abastecido com etanol. Com gasolina, mantém os 75 cv, mas o torque subiu de 9,4 para 9,6 kgfm, com direito a melhora tímida tanto na cidade quanto na estrada.
Menos potência, menos poluição
As atualizações do Proconve L8 priorizam limitar a quantidade de óxidos de nitrogênio e de gases orgânicos não-metanos (na sigla, NMOGs) que os carros emitem do escapamento. O etanol, segundo a União Nacional da Bioenergia, é responsável por 70% das emissões desses óxidos e contribui junto à gasolina para o aumento dos NMOGs.
Ambos os tipos de compostos contribuem para a erosão da camada de ozônio e o efeito estufa.
Uma vez que a diminuição nas emissões de óxidos de carbono continua importantíssima para o atingimento da meta ambiental do Brasil, também são cobrados limites mais duros para monóxido e dióxido de carbono.
O Hyundai HB20 1.0 aspirado, por exemplo, emitia 25 mg de NMOGs e óxidos de nitrogênio por quilômetro rodado; agora são 19 mg. A emissão de monóxido de carbono caiu pela metade e, em compensação, aumentou-se o dióxido de carbono em 1,1%, ainda mantendo-o dentro do novo limite.
O HB20S, sedã, teve melhora ainda mais expressiva, diminuindo os gases orgânicos e óxidos em mais de um terço, o monóxido de carbono pela metade e o dióxido de carbono em quase 5%.
São números que, fora de contexto, podem significar pouco, mas, considerando o tamanho e o tempo de uso da frota brasileira, têm impacto relevante.
No último estudo de efetividade do Proconve, divulgado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) ainda em 2016, o órgão estimou que a cidade de São Paulo estaria 60% mais poluída de gases estufa caso não houvesse a redução gradual nas emissões veiculares.
Isso, segundo a pesquisa, representaria cerca de gasto médico adicional de R$ 1,3 bilhão nos cofres públicos com o tratamento de problemas pulmonares e de outras doenças causadas pela poluição atmosférica.
5 comentários
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Marcelo Martins
Logo logo vai começar a choradeira dos youtubers que testam carros: "ahhh, agora o Jeep Compass tá mais fraco! O Hiunday HB20 perdeu potência!" Essas mudanças na potência dos carros são imperceptíveis para o motorista padrão, que usa o carro para trabalhar e eventualmente dar um passeio do final de semana! Um SUV médio com 150 cavalos é mais do que suficiente para você levar sua família num passeio por aí. Mas tem gente que acha que carro que não chega a 100km/h em menos de 9,0s é lerdo!
Marcio Francisco Zichia
Deveriam limitar os impostos também!
Arlindo de Oliveira Filho
nem os carros estão aguentando mais o preço do combustível!