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Produção de veículos cai 1,9% em 2012; setor vê retomada

Alberto Alerigi Jr.

Em São Paulo (SP)

07/01/2013 11h12

A produção de veículos no Brasil sofreu em 2012 a primeira queda em quase uma década, mas o setor manifestou nesta segunda-feira (7) otimismo de uma retomada em 2013, em meio a um novo regime automotivo que força maior fabricação nacional e expectativa de um desempenho melhor de vendas no mercado interno.

A indústria, responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto industrial do país, encerrou 2012 com queda de 1,9% na produção, num resultado ligeiramente pior do que o recuo esperado de 1,5%, informou a associação que representa o setor, Anfavea.

As montadoras produziram 3,342 milhões de veículos em 2012, mas o primeiro vice-presidente da Anfavea, Luiz Moan, afirmou que a queda deveu-se a uma primeira metade do ano passado muito ruim, e que a retomada do segundo semestre deve se manter no início de 2013.

Com o resultado de dezembro, a produção brasileira de veículos cresceu 15% no segundo semestre ante os seis primeiros meses de 2012, quando o governo ainda não tinha lançado medidas de redução de impostos e estímulo ao crédito. A expectativa da entidade é de uma produção de cerca de 4,5% maior em 2013, para 3,49 milhões de unidades.

Segundo Moan, o cenário de inadimplência, que fez boa parte dos bancos restringirem financiamentos no início de 2012, está se normalizando. A aprovação de concessão de crédito nos primeiros dias de 2013 "está normal, tanto para caminhões, quanto para automóveis".

ESTOQUE
O setor terminou dezembro com estoque de 295.205 unidades, suficiente para 24 dias de vendas, ante volume equivalente a 33 dias em novembro. Do total estocado entre montadoras e concessionárias, 243.571 unidades, ou suficiente para 20 dias úteis de vendas, foram faturadas antes do início da redução gradual no desconto sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vai até o fim deste semestre.

"Achamos que a gradualidade do retorno do IPI é a melhor maneira para se evitar qualquer impacto nas vendas (com um possível reajuste imediato de preços). O mercado continuará crescendo", disse Moan, também diretor de assuntos instuticionais da GM.

Na semana passada, o presidente da associação de distribuidores de veículos Fiat, Abracaf, Guido Viviani, afirmou que o "ano começou muito bem, com bastante movimento nas lojas" e apostou que o aumento escalonado do tributo não deverá refletir em perdas de vendas.

A expectativa da Anfavea é de crescimento de 3,5% a 4,5% nas vendas de veículos no país em 2013, para perto de 4 milhões de unidades. Se confirmado, será o sétimo recorde consecutivo de vendas. Para caminhões especificamente, a previsão é de alta nas vendas entre 7% e 7,5%, após queda de 19,5% em 2012, a 139.147 unidades.

O nível do emprego nas montadoras terminou 2012 em 149.944 postos de trabalho, queda de 0,1% sobre novembro, mas alta de 3,7% na comparação com dezembro de 2011. Segundo Moan, além do aumento de 1,5 bilhão de reais na arrecadação de total de impostos gerada pelo corte no IPI, como resultado do aumento das vendas, as montadoras contrataram mais 5 mil trabalhadores e têm entendimento de que o nível de emprego no setor deve ser mantido até a retirada total do desconto no tributo. A maior parte das contratações foi gerada pela novas fábricas de veículos compactos da Hyundai e da Toyota, no interior de São Paulo, no segundo semestre de 2012.

DEZEMBRO E EXTERIOR
Em dezembro apenas, que teve menos dias úteis que novembro, a produção caiu 14%, mas as vendas subiram 15% na comparação mensal. De acordo com Moan, na média diária as vendas de automóveis e comerciais leves de dezembro foram 21,8% maiores que novembro, para 18.098 unidades. Enquanto isso, a média de caminhões subiu 5,2%, para 663 unidades por dia útil.

"As medidas adotadas pelo governo ao longo de 2012 resultaram em um 'décimo terceiro' mês de vendas no ano passado ou cerca de 400 mil unidades adicionais", disse. Sobre o mercado externo, o executivo afirmou que o cenário para exportações brasileiras de veículos em 2013 segue difícil, com Europa, África e América Latina sofrendo efeitos de desaceleração econômica.

A expectativa da Anfavea é de queda de 4,6% nas vendas externas em volume em 2013, para 420 mil unidades, enquanto em valor a expectativa é de estabilidade, a 14,7 bilhões de dólares.

RANKING
Líderes do mercado automotivo nacional, Fiat e Volkswagen encerraram 2012 crescendo mais que a média do mercado. A italiana registrou alta de 11% nos emplacamentos de automóveis e comerciais leves no ano passado, para 838,2 mil unidades. A alemã, em seguida, teve expansão de 10% nas vendas nas mesmas categorias, com 773,4 mil unidades.

A General Motors e a Ford apresentaram alta de 2% e 3% nas vendas em 2012, para 642,6 mil e 323,7 mil unidades, respectivamente.