"Chegamos ao fundo do poço", diz CEO da Nissan após queda recorde em lucros
Resumo da notícia
- Chefe da montadora anunciou queda de 45% em relação ao ano anterior
- Saikawa culpa Ghosn e baixas margens nos EUA
- Nissan resiste a fusão proposta pela Renault
A Nissan prevê uma queda de 28% em seu lucro operacional anual, rumando aos lucros mais fracos em 11 anos, enquanto luta para virar a página após o afastamento do ex-presidente Carlos Ghosn.
A fraca perspectiva da segunda maior montadora japonesa -- atingida pela prisão de Ghosn no ano passado e problemas em seus negócios na América do Norte -- provavelmente aumentará a pressão sobre o CEO Hiroto Saikawa ,enquanto ele tenta reformular a governança corporativa e colocar a Nissan em pé de igualdade com a parceira de aliança Renault.
O enfraquecimento do lucro da Nissan e a saída de um número crescente de executivos e gerentes aumentaram as preocupações na Renault, que detém uma participação de 43% na empresa japonesa e tem pressionado por laços mais estreitos.
Essas questões podem reforçar a defesa de ligações mais estreitas entre as duas montadoras, embora executivos da Nissan tenham se oposto a uma fusão completa e ao que eles consideram uma parceria desigual -- que dá à Renault menor influência sobre a Nissan.
"Hoje chegamos ao fundo do poço", disse hoje (14) Saikawa em coletiva de imprensa na sede da empresa, em Yokohama (Japão). Ele acrescentou desejar que a empresa recupere seu nível de desempenho original nos próximos dois a três anos.
CEO responsabiliza Ghosn
"A maioria dos problemas que estamos enfrentando é o legado negativo de nosso antigo líder", disse ele em uma referência a Ghosn, acrescentando que a empresa demorou a sair desses problemas.
A Nissan projeta atingir lucro operacional anual de 230 bilhões de ienes (US$ 2 bilhões ou cerca de R$ 7,96 bilhões na conversão direta) em março de 2020, perdendo a média de 457,7 bilhões de ienes, de acordo com estimativas de 23 analistas compiladas pelo Refinitiv.
A montadora registrou um lucro operacional de 318 bilhões de ienes (R$ 11,5 bilhões) no ano que acabou de terminar, uma queda de 45% em relação ao ano anterior. Também registrou 4,4 bilhões de ienes (R$ 160 milhões) em despesas para refletir as distorções anteriores envolvendo a remuneração da Ghosn.
A rentabilidade lenta provavelmente resultaria em um corte de 30% do dividendo anual para 40 ienes (R$ 1,45) por ação, disse a Nissan.
Visões diferentes
Após a saída de Ghosn como chefe da aliança Renault-Nissan, a montadora francesa deve propor a formação de uma holding conjunta para dar igualdade às duas empresas, disseram pessoas com conhecimento do assunto.
Saikawa não quis comentar sobre o andamento das discussões, mas reconheceu uma diferença de opinião com o presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, sobre uma integração de capital mais próxima entre as duas empresas.
"Eu tenho sido negativo para a ideia de uma fusão completa", disse ele. "Agora não é o momento certo para discutir uma fusão. Temos que nos concentrar em nossa recuperação ", disse ele.
Ghosn, solto sob fiança e aguardando julgamento no Japão, responde a várias acusações de má conduta financeira e de supostamente enriquecer às custas da Nissan. Ele negou todas as acusações e disse que é vítima de um golpe na diretoria.
O escândalo abalou a indústria automobilística mundial e levantou preocupações sobre a capacidade da Nissan de recuperar o equilíbrio após a saída do carismático líder e arquiteto de sua aliança com a Renault.
Considerado um protegido de Ghosn antes de assumir as rédeas da Nissan, Saikawa agora é alvo de críticas por não ter feito o suficiente para limitar o amplo controle de Ghosn sobre a empresa, e pela queda no desempenho da montadora desde que ele assumiu, em 2017.
Saikawa tem dito que planeja entregar o cargo a um sucessor, mas ele ele não deu nenhuma indicação de quando essa mudança pode acontecer.
"O momento é uma questão que preciso decidir", disse ele, acrescentando que renunciará "no momento apropriado".
Baixas margens nos EUA
O maior golpe para a linha de fundo da Nissan veio dos custosos incentivos para vendas nos Estados Unidos, onde a Nissan registrou queda de 9,3%, para 1,44 milhão de unidades no ano encerrado em 31 de março.
Durante anos, a Nissan contou com grandes descontos ao consumidor em seu maior mercado, para vender seus SUVs Rogue compactos e sedãs Altima, para cumprir metas agressivas que Ghosn estabeleceu durante seu tempo como CEO da empresa.
Saikawa prometeu se concentrar em melhorar as margens de lucro dos EUA, mas tem sido um processo lento, já que a Nissan continua a recorrer aos descontos.
A montadora reduziu sua meta de receita de médio prazo para 14,5 trilhões de ienes (R$ 520 bilhões) para 2022, de 16,5 trilhões de ienes (R$ 600 bilhões). A companhia prevê margem operacional anual de 6% nesse prazo, contra meta anterior de 8%.
As ações da Nissan caíram cerca de 2% este ano, depois de perderem 1/5 do seu valor no ano passado.
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