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Ford corta 10% do quadro de funcionários com demissão de 7 mil no mundo

Reestruturação mundial inclui fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) - Rodrigo Paiva/Folhapress
Reestruturação mundial inclui fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP)
Imagem: Rodrigo Paiva/Folhapress

Ben Klayman*

De Detroit (EUA)

20/05/2019 11h58

Resumo da notícia

  • Demissões projetam economia de US$ 600 mi/ano
  • Cerca de 2.300 funcionários vão perder emprego nos EUA
  • Reestruturação inclui demissões e fechamento de fábrica no Brasil

Ford anunciou hoje (20) que eliminará cerca de 10% de sua força de trabalho assalariada global, cortando cerca de 7.000 empregos até o final de agosto, como parte de sua maior reestruturação, em uma medida para economizar US$ 600 milhões (cerca de R$ 2,46 bilhões) por ano.

A reestruturação global afeta o Brasil, onde a fábrica da companhia em São Bernardo do Campo (SP) será fechada. Aqui, a Ford também promove corte de pessoal em outras fábricas, como o recente deligamento de 160 trabalhadores na unidade de Taubaté, no interior paulista.

Jim Hackett, presidente executivo da Ford, disse em um e-mail enviado hoje aos funcionários que os cortes incluem demissões voluntárias e um porta-voz acrescentou que a companhia também congelou novas vagas. Cerca de 2.300 das pessoas afetadas estão empregadas nos Estados Unidos, disse o porta-voz.

"Para ter sucesso em nossa indústria competitiva e posicionar a Ford para vencer em um futuro de rápidas mudanças, precisamos reduzir a burocracia, capacitar gerentes, acelerar a tomada de decisões, focar o trabalho mais valioso e cortar custos", disse Hackett no e-mail.

Os cortes ocorrem no momento em que Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, elegeu o impulsionamento dos empregos no setor automotivo como prioridade. Trump tem criticado duramente as montadoras, especialmente a General Motors, por cortarem empregos, mas tem focado principalmente os cortes de operários nas fábricas, e não nas reduções de cargos de direção.

A Casa Branca não comentou os cortes na Ford.

O trabalho de reestruturação continua na Europa, na China, na América do Sul e outros mercados internacionais. A empresa de Dearborn, Michigan (EUA), espera concluir o processo nesses mercados até o final de agosto, disse Hackett.

Corte nos cargos de gerência

Dentro dos cortes, Hackett disse que eliminará cerca de 20% dos gerentes de alto escalão em um movimento também para reduzir a burocracia e agilizar a tomada de decisões. A notificação aos funcionários afetados nos EUA começará na terça-feira e o processo deve estar concluído até 24 de maio, disse ele.

Hackett afirmou, ainda, que as pessoas afetadas pelos cortes de emprego precisam de alguns dias para se despedir, enfatizando a posição da Ford como uma empresa familiar -- a família Ford é o acionista controlador. Isso contrastou com o modo como a GM lidou com demissões no início deste ano, quando os funcionários foram solicitados a sair imediatamente.

Antes do redesenho de suas operações, a Ford tinha até 14 camadas organizacionais, mas isso será reduzido para nove até o final do ano, disse Hackett.

Como parte da reestruturação, por exemplo, Hackett disse que a equipe de desenvolvimento de produtos criou uma nova equipe de arquitetura e teste de veículos, um novo grupo de engenharia de sistemas e garantia de projeto e expandiu os investimentos futuros em multimídia, software, eletrificação e outras áreas.

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*Reportagem adicional de David Shepardson, em Washington (EUA)