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Líbano e Japão têm 40 dias para definir futuro de Ghosn, dizem fontes

Carlos Ghosn durante entrevista no Líbano - Joseph Eid/AFP
Carlos Ghosn durante entrevista no Líbano
Imagem: Joseph Eid/AFP

Eric Knecht e Laila Bassam

Da Reuters

25/01/2020 11h25

Resumo da notícia

  • Fontes dizem que países devem decidir futuro de Ghosn em 40 dias
  • Japão já teria consultado libaneses para abrir pedido de extradição
  • Ghosn poderia recuperar passaporte confiscado se Japão não tomar providências

Líbano e Japão possuem um prazo de 40 dias para decidir se Carlos Ghosn será extraditado para o Japão ou permanecerá para julgamento no Líbano. A informação foi confirmada na última quinta-feira (23) por uma fonte judicial e outra fonte ligada a Ghosn.

Ghosn voou para o Líbano, onde passou sua infância, enquanto esperava ser julgado por acusações de ocultação de rendimentos, quebra de confiança e má conduta financeira, todas elas negadas pelo executivo.

Japão e Líbano não possuem acordo de extradição, e o Líbano não costuma entregar seus cidadãos. A equipe jurídica de Ghosn espera que o julgamento aconteça no Líbano, onde o ex-executivo da indústria automotiva possui fortes laços e espera ter a chance de limpar seu nome.

Fontes afirmaram que, recentemente, o Japão procurou o Líbano para esclarecer quais documentos seriam necessários para abrir um pedido oficial de extradição.

"Eles pediram esclarecimentos. E hoje (quinta-feira) vamos enviá-los para os japoneses", afirmou.

A conversa entre os países é considerada como importante porque, de acordo com as leis libanesas referentes a notificações da Interpol, existe um prazo de 40 dias no qual um acordo deve ser fechado entre os países para decidir onde e como Ghosn será julgado, afirmaram as fontes.

Agora, o Japão deve enviar um pedido formal de extradição ao Líbano ou enviar documentos a Beirute para chegar a um acordo para que o julgamento aconteça no local, disse uma fonte ligada a Ghosn.

Um porta-voz da Interpol afirmou na última sexta-feira (24) que a organização não estabeleceu um prazo ou entrou com um pedido para que qualquer ação seja tomada entre os países, e disse que qualquer planejamento é realizado localmente.

Ghosn, que possui cidadanias libanesa, francesa e brasileira, foi questionado no começo deste mês por promotores libaneses que confiscaram seu passaporte e o proibiram de deixar o país, como parte de um processo para garantir a prisão da Interpol.

A fonte ligada a Ghosn disse que o ex-executivo pode apelar à justiça libanesa para derrubar a proibição e recuperar seu passaporte caso o Japão não tome as devidas providências no prazo estabelecido.

Já os promotores japoneses afirmaram que ainda tentam garantir que Ghosn seja julgado no Japão.

Ghosn acusa o sistema judiciário japonês de tratá-lo de forma inadequada e disse que deixar o país foi a alternativa para não passar o resto de sua vida definhando em Tóquio sem receber um julgamento justo.