México confirma que coronavírus pode suspender produção de carros
Algumas fábricas de automóveis do México podem ter que suspender a produção de carros nas próximas semanas, uma vez que o surto de coronavírus interrompeu o transporte de peças da China. Segundo autoridades locais, isso seria um golpe para a estagnada economia mexicana.
Manuel Gonzalez, ministro do Desenvolvimento Econômico de Aguascalientes - um dos doze estados mexicanos que possuem fábricas de automóveis - disse que alguns fabricantes já lhe disseram que estão com poucas peças.
"Estive em contato com algumas empresas importantes: elas me dizem que têm estoque até a segunda ou a terceira semana de março", disse Gonzalez à Reuters. "Se esse fornecimento não for normalizado, provavelmente veremos empresas suspendendo a produção".
O rápido surto de coronavírus se espalhou pela economia global. Mais de 119.100 pessoas foram infectadas pela doença e 4.298 já morreram - a grande maioria na China, segundo um relatório da Reuters.
Na tarde de terça-feira, a unidade mexicana da montadora alemã Volkswagen afirmou ter isolado em um hospital um empregado externo suspeito de portar o vírus. Ele recentemente visitou a fábrica na cidade central de Puebla.
Se as montadoras tiverem que suspender sua produção, não seria um bom presságio para os planos do presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador de tirar a segunda maior economia da América Latina da recessão leve que enfrenta atualmente.
A fabricação de carros é um pilar da manufatura mexicana e responde por quase 3% do produto interno bruto. Segundo a Organização Internacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, o México é o sétimo maior produtor de automóveis do mundo. Quase 80% dos veículos fabricados no México embarcam para seu principal parceiro comercial, os Estados Unidos.
Aguascalientes, um centro de fabricação de automóveis no centro do México, abriga duas fábricas de propriedade da Nissan, uma da Mercedes-Benz e um complexo de joint-venture da Daimler e da Renault-Nissan.
"As operações em Aguascalientes estão funcionando normalmente", disse uma porta-voz da Daimler AG, controladora da Mercedes-Benz.
A Nissan começou a enviar peças de avião para suas fábricas mexicanas, em vez de por navio, apesar de um aumento no custo, para evitar contratempos na produção, de acordo com Luciana Herrmann, diretora de comunicações corporativas da Nissan México.
"Estamos monitorando a situação e não confirmamos nenhum impacto significativo", disse Herrmann, acrescentando que não há informações de uma interrupção iminente da produção.
Cuitlahuac Perez, chefe do painel automotivo de Aguascalientes, que promove o setor, disse que os executivos da Nissan disseram que suas fábricas só têm estoque para as próximas três semanas devido a problemas com os suprimentos da China.
"Se o envio de componentes não for normalizado nas próximas três semanas, em mais ou menos um mês eles começarão a suspender a produção aqui em Aguascalientes", disse Perez.
Ele acrescentou que também tem ouvido falar de problemas semelhantes de fornecimento em outros centros de fabricação de automóveis, como nos estados de Guanajuato, no centro do México, e Chihuahua, no norte.
Mauricio Usabiaga, ministro do Desenvolvimento Econômico de Guanajuato, disse que não recebeu notícias sobre problemas para as montadoras lá. O governo de Chihuahua não respondeu a um pedido de comentário.
Um porta-voz da General Motors, que tem uma fábrica em Silao, Guanajuato, disse que a empresa está operando normalmente. A Ford, que possui fábricas nos estados de Sonora e Chihuahua, não comentou.
O homem isolado pela Volkswagen em um hospital de Puebla mora na Alemanha e veio ao México após umas férias recentes na Itália, informou a empresa em comunicado.
A Volkswagen disse que pediu às 40 pessoas que haviam estado com o homem e suas famílias que fiquem em casa e ajudem a identificar com quem tiveram contato posterior.
Problemas com o fornecimento de peças já estão causando impacto em outras partes da América Latina. A associação de montadoras brasileiras, a Anfavea, alertou que as fábricas podem ter que interromper a produção em abril devido à falta de peças da China.
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