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Great Wall decide retirar até R$ 1,5 bi da Índia para fazer carro no Brasil

SUV Haval H6 é um dos modelos que chinesa Great Wall poderá fabricar no Brasil; montadora chinesa negocia compra de fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP) - Divulgação
SUV Haval H6 é um dos modelos que chinesa Great Wall poderá fabricar no Brasil; montadora chinesa negocia compra de fábrica da Mercedes em Iracemápolis (SP)
Imagem: Divulgação

Aditi Shah e Yilei Sun

Em Nova Déli (Índia) e Pequim (China)

11/08/2021 10h34Atualizada em 11/08/2021 10h48

A Great Wall decidiu realocar para Brasil parte dos investimentos de US$ 1 bilhão (R$ 5,17 bilhões) originalmente destinados à Índia, já que a montadora chinesa espera há um ano pela obtenção de aprovações do governo local para iniciar operações de manufatura no país asiático, disseram três fontes à Reuters.

A realocação, que pode chegar a US$ 300 milhões (R$ 1,55 bilhão), ocorre enquanto as fontes afirmam que a fabricante de SUVs e picapes está perto de adquirir a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) para construir veículos no território brasileiro.

A Great Wall também atribuiu a James Yang, seu presidente na Índia desde o ano passado, a responsabilidade de auxiliar nas operações no país latino-americano, disseram as fontes, que têm conhecimento direto do assunto.

"O Brasil está quase fechado e não fazia sentido manter os recursos bloqueados para a Índia", disse uma das fontes, explicando o motivo da mudança de foco.

A mudança da Great Wall é uma consequência da decisão da Índia, tomada em abril de 2020, de examinar mais de perto os investimentos originários da China, disseram as fontes, como parte das tensões entre os dois gigantes asiáticos decorrentes de uma disputa de fronteira na região do Himalaia ocidental.

Apenas dois meses antes, em meio à fanfarra da feira bienal de automóveis da Índia, a Great Wall havia dito que investiria US $ 1 bilhão para construir carros lá, comprando uma antiga fábrica da General Motors , além de fabricar baterias e autopeças.

Duas das fontes disseram que os fundos realocados, orçados pela Grande Muralha para a Índia desde 2020, teriam sido usados principalmente para comprar a fábrica da GM - um custo que as fontes haviam estimado anteriormente em cerca de US$ 300 milhões.

A Great Wall não quis comentar. O governo indiano não respondeu imediatamente a um e-mail pedindo comentários.

Demora para aprovação irrita chineses

A etapa destaca o crescente nervosismo e impaciência entre os investidores chineses, que viram cerca de 150 propostas de investimento no valor de mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,3 bilhões) suspensas pelo lento processo de aprovação da Índia, de acordo com estimativas do setor.

Os atrasos estão forçando a Great Wall, que deveria começar a vender sua marca indiana Haval de SUVs naquele país este ano, a considerar uma abordagem mais comedida.

Pode até considerar entrar no mercado com um veículo importado antes de iniciar a produção doméstica, disse uma das fontes.

"Quando as aprovações na Índia chegarem, a Great Wall estará pronta com o dinheiro, mas pode não ser mais uma decisão direta", disse a fonte.

"A empresa julgará a situação antes de seguir em frente. E, se as aprovações futuras travarem?"

No início deste ano, a Índia estava por aprovar cerca de 45 das propostas de investimento originárias da China, principalmente em manufatura, mas não está imediatamente claro quantas foram aprovadas.

As autoridades indianas dizem que a situação não pode voltar aos negócios normais até que a desaceleração de mobilizações militares na fronteira esteja completa, no entanto.

A montadora chinesa também vai esperar que os laços entre as duas nações melhorem e que a pandemia do coronavírus diminua na Índia antes de acelerar seus planos para o mercado, disse uma segunda fonte.

Brasil é mercado estratégico para Great Wall

A Great Wall ainda quer fazer carros na Índia e agora está construindo sua cadeia de suprimentos, acrescentou a fonte.

A empresa viu a Índia como um mercado-chave quando deu início à sua expansão global, prevendo que sua fábrica no subcontinente seria a maior fora da China.

A Great Wall agora fabrica carros na Rússia e na Tailândia, onde adquiriu uma fábrica na época em que anunciou seus planos para a Índia.

O Brasil é o mais recente mercado em seu impulso global, onde planeja construir sua marca Haval de SUVs para venda doméstica e exportação, disseram as fontes.

A Great Wall, que vendeu 1,1 milhão de carros no ano passado, principalmente na China, está de olho em um plano agressivo de expansão nos mercados asiático, europeu e latino-americano.

Ela está desenvolvendo carros elétricos Mini com a BMW e construindo uma fábrica com a montadora alemã na China.

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