Duelo: EcoSport x Renegade

Pioneiro no país, SUV da Ford tem boas armas para encarar atual líder - inclusive na hora de assinar o cheque

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP) Murilo Góes/UOL

Foi longo o reinado do Ford EcoSport no Brasil. De 2003 a 2011, o jipinho dominou o segmento de SUVs compactos nacionais, até porque não havia nenhum concorrente de peso para ameaçá-lo. A partir da chegada do Renault Duster, porém, o mercado testemunhou uma rápida invasão de modelos que tiraram o sossego da Ford.

Hoje quem lidera as vendas é o Jeep Renegade, acumulando 38.837 unidades emplacadas de janeiro até julho deste ano. Enquanto isso, o EcoSport é apenas o quinto SUV compacto mais vendido do país, acumulando 17.963 veículos vendidos no mesmo período.

Diante do avanço da concorrência, a Ford mudou o EcoSport em 2018. Além da leve plástica na frente, o SUV ganhou um novo motor 1.5 e mais equipamentos de série. Será que estas melhorias foram suficientes para colocá-lo em pé de igualdade com o atual líder de mercado?

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Ficha técnica

+ Ford EcoSport Freestyle 1.5 AT:

Câmbio: automático de seis marchas

Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,8 s

Velocidade máxima: 180 km/h

Tanque: 52 litros

Consumo (cidade/estrada): 7,1/8,6 km/l (etanol) / 10,3/12,6 km/l (gasolina)

Dimensões: 4,27 m de comprimento, 1,76 metro de largura, 1,69 metro de altura, 2,52 m de entre-eixos

Porta-malas: 356 litros

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+ Jeep Renegade Longitude 1.8 AT

Câmbio: automático de seis marchas

Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,1 s (etanol)

Velocidade máxima: 182 km/h (etanol)

Tanque: 60 litros

Consumo (cidade/estrada): 6,9/8,6 km/l (etanol) / 10/12 km/l (gasolina)

Dimensões: 4,23 m de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,69 metro de altura, 2,57 m de entre-eixos

Porta-malas: 320 litros

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Preços: EcoSport salta na frente

Antes de tudo, cabe lembrar que escolhemos as versões intermediárias de cada modelo, sem botar o preço como fator primordial. Sendo assim, alinhamos Ford EcoSport Freestyle e Jeep Renegade Longitude, mesmo diante de uma diferença de aproximadamente R$ 7 mil.

Só que ninguém contava com variantes inesperadas que mudaram completamente o cenário do nosso duelo. O primeiro aconteceu quando a Jeep lançou a linha 2020 do Renegade, acompanhado de novidades como lanternas com LEDs. Junto com isso a marca também aumentou os preços de todas as versões, e assim o Renegade Longitude passou a custar R$ 104.990.

Alguns dias depois foi a vez da Ford contra-atacar baixando reajustes que criaram um abismo ainda maior: enquanto o Eco Freestyle agora custa R$ 83.990, - um abismo de espantosos R$ 16 mil para os R$ 99.990 pedidos pelo Jeep Renegade Longitude Flex.

No fim das contas, o EcoSport possui uma melhor relação custo-benefício, como você perceberá nos critérios seguintes.

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Equipamentos: dupla bem recheada, mas Eco vence

Apesar da diferença de preços, o EcoSport não fica atrás do Renegade na lista de itens de série. Ambos trazem itens como controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, piloto automático, ar condicionado digital, direção elétrica, câmera de ré e central multimidia com suporte a Android Auto e Apple CarPlay.

Frente ao rival, o Renegade traz a mais faróis full led, lanternas com leds, indicador de troca de marcha, rodas de liga leve de 18 polegadas (contra 16 do Eco), sensor de pressão dos pneus e sistema start-stop.

Surgem ainda pequenas diferenças em detalhes como o tamanho da tela das centrais multimídia: a do Eco tem sete polegadas contra 8,4 da central do Renegade. Ambas, inclusive, são de fácil navegação: o usuário logo encontra as principais funções, mas a central do SUV da Jeep é muito mais vistosa.

Embora o Renegade seja mais bem equipado, o conteúdo extra não justifica a diferença significativa de preços entre eles. Portanto, vitória do EcoSport.

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Vida a bordo: Renegade leva a melhor

Os dois SUVs são equivalentes em espaço interno e tamanho do porta-malas: são 320 litros no Renegade e 356 litros no Eco - bem abaixo de alguns rivais, como Nissan Kicks (432 litros) e Honda HR-V (437 litros).

Vale destacar também que o representante da Jeep traz estepe de emergência, enquanto o Eco aposta na velha solução de suporte externo para o pneu sobressalente - além de ultrapassada, ele expõe o pneu a furtos e pode causar danos em outros veículos durante manobras.

Outro detalhe que entrega a idade avançada do projeto da Ford é a abertura da tampa do porta-malas: por ser feita para trás em vez de para cima, ela demanda um espaço muito maior atrás do veículo para acessar o interior.

No acabamento, porém, ampla vantagem para o Renegade, que usa materiais de qualidade bem superior (definitivamente o melhor da categoria) e transmite mais aspecto de requinte. Já o Eco peca pelo excesso de plásticos duros pela cabine, apresentando até alguns encaixes mal feitos.

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Design: Renegade na cabeça

A gente sabe que gosto não se discute, mas é sempre bom falar de design. Afinal de contas, quem não quer andar em um carro bonito por aí? Essa talvez seja uma das principais justificativas de quem escolhe um Renegade.

Apesar de estar nas ruas brasileiras desde 2015, o modelo da Jeep pouco envelheceu nestes anos e ainda é desejado mesmo depois de quatro anos. Prova disso é que a fabricante pouco precisou fazer para manter o Renegade atraente aos olhos do consumidor. Bastou uma leve atualização visual para o modelo voltar ao topo das vendas do segmento, posto que está acostumado a ocupar.

Quanto ao EcoSport, o SUV virou sensação quando estreou em 2012. Então baseado no Fiesta, ele trouxe um novo padrão visual para a marca e de certa forma inspirou alguns concorrentes a trocarem as linhas mais brutas por traços mais esportivos, adequados para uma realidade mais urbana na qual os utilitários esportivos compactos estão inseridos no Brasil.

A reestilização, porém, veio apenas em 2017 e isso fez o Eco ficar para trás diante de uma concorrência cada vez mais forte. O novo design é harmonioso e segue o padrão visual global da Ford, mas não transpira modernidade como alguns de seus rivais. Fora isso, o estepe na tampa traseira permaneceu em praticamente todas as versões - a única exceção é a Titanium com pneus run flat lançada neste ano. E é com essa cara que o SUV deve permanecer por mais alguns anos.

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Foi um embate mais apertado do que imaginávamos. Embora esteja claramente envelhecido diante de um concorrente com predicados de sobra para liderar a categoria, o EcoSport aprendeu a se defender bem com as armas que tem em mãos. A motorização 1.5 entrega bom desempenho e baixo consumo de combustível e o nível de equipamentos surpreende.

Porém, o preço é certamente a maior virtude do modelo, algo que já acontecia antes da substancial redução na tabela realizada pela Ford. Se a montadora manter esta estratégia agressiva, ela tem tudo para firmar o EcoSport como um forte competidor à liderança no pelotão "do resto", ou seja, ainda longe dos líderes.

Já o Renegade não saiu com a vitória, mas isso não significa que ele não é uma boa compra. Até porque seria leviano falar isso de um modelo que vende tão bem e oferece boas qualidades para agradar em cheio quem quer um SUV compacto - ou seja, muita gente. Até agora nenhum outro concorrente chega aos pés dele em estilo e qualidade a bordo.

Falta apenas um motor mais moderno (como o 1.3 turbo que deve equipá-lo nos próximos anos) para ampliar o domínio do Renegade. E um preço mais camarada também ajudaria a Jeep a ter (ainda mais) motivos de sobra para sorrir.

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