Fiat Argo x Renault Sandero

Versões topo de linha tem fartura de equipamentos, bom espaço interno e motores defasados

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP) Murilo Góes/UOL

Pelado? Nada disso!

Fiat Argo e Renault Sandero são dois dos carros mais procurados por motoristas de aplicativos. Qualidades para realizar o transporte de passageiros não faltam: amplo espaço interno, dimensões compactas para facilitar a condução no trânsito e baixo custo de manutenção são algumas delas.

Porém, o duelo de hoje não vai falar da porta de entrada deste segmento, e sim do andar de cima. Argo e Sandero também sabem mimar quem está disposto a pagar quase R$ 70 mil por um compacto mais sofisticado. Ambos trazem design mais esportivo (ou aventureiro, no caso do Renault), acabamento mais esmerado e uma lista mais generosa de equipamentos de série.

Os preços também aproximam os dois modelos. Enquanto o Sandero Intense 1.6 CVT sai por R$ 66.790, o Argo HGT 1.8 16V custa um pouco mais: R$ 69.990. Mesmo parecendo de mundos mais distantes, eles guardam muitas semelhanças entre si e fazem um duelo bem acirrado, como você pode conferir abaixo.

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Renault Sandero Intense

Preço: R$ 66.790
Motor: 1.6, 16V, 4 cilindros em linha, flex
Câmbio: CVT
Potência: 118 cv / 115 cv a 5.500 rpm
Torque: 16 kgfm a 4.000 rpm
Consumo: 8,1 km/l / 8,8 km/l (etanol) e 11,8 km/l / 12,8 km/l (gasolina)
0 a 100 km/h: 11 s (etanol / gasolina)
Velocidade máxima: 177 km/h / 174 km/h
Dimensões: comprimento, 4,07 m; largura, 1,73 m; altura, 1,57 m; entre-eixos, 2,59 m
Porta-malas: 320 litros
Tanque: 50 litros

Fiat Argo HGT

Preço: R$ 69.990
Motor: 1.8, 16V, 4 cilindros em linha, flex
Câmbio: automático, seis marchas
Potência: 139 cv / 135 cv a 5.750 rpm
Torque: 19,3 kgfm / 18,8 kgfm a 3.750 rpm
Consumo: 6,9 km/l / 9,1 km/l (etanol) e 10 km/l / 12,8 km/l (gasolina)
0 a 100 km/h: 10,4 s / 11,1 s
Velocidade máxima: 191 km/h / 189 km/h
Dimensões: comprimento, 4,00 m; largura, 1,75 m; altura, 1,51 m; entre-eixos, 2,52 m
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 48 litros

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Design

Argo agrada (quase) todos

Difícil achar alguém que não goste do Argo. As linhas agressivas já são bonitas mesmo nas versões mais baratas, mas combinam muito bem com a roupagem esportiva da versão HGT, que traz molduras nos para-lamas, belas rodas de 17 polegadas, aerofólio pintado de prata e uma (falsa) ponteira de escapamento. O conjunto é harmonioso e ainda chama atenção nas ruas.

Por dentro, o Argo HGT tem menos diferenciais: apenas costuras aparentes na cor vermelha e uma bela faixa horizontal na mesma tonalidade percorrendo quase todo o painel.

Já o Sandero passou por outra reestilização em 2019. O resultado não parecia tão bom no papel, mas agrada bem mais pessoalmente. A frente mudou pouco, mas ganhou luzes de LED nos faróis em todas as versões.

Atrás estão as mudanças mais profundas: as lanternas trazem um prolongamento funcional na tampa do porta-malas - ou seja, não são apenas luzes refletoras. Curioso é estacionar os carros lado e lado e notar como a traseira do Sandero lembra a do Argo. Talvez por isso é que os designers da Renault tenham mantido o formato original das lanternas, como forma de diferenciá-lo um pouco mais do rival.

Por ser dono de um projeto mais harmonioso e com toques de sofisticação, o Argo ganha no quesito design.

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Desempenho

Vitória do Sandero, que anda junto com Argo

Argo e Sandero não são adeptos da tendência de downsizing. O hatch da Fiat usa o defasado motor 1.8 e.torQ que também equipa Toro e Renegade. São 139 cv quando abastecido com etanol e 135 cv se movido a gasolina. O torque máximo é de 19,3 kgfm com o combustível da cana de açúcar e 18,8 kgfm com gasolina.

O Argo é prejudicado pelo câmbio automático de seis marchas, que não trabalha em sintonia com o motor. Quem se deixa levar pelo visual esportivo do Argo HGT vai se decepcionar, já que as arrancadas são um pouco preguiçosas. O comportamento do carro, porém, muda bastante a partir dos 60 km/h. Mas o modelo não é feito só de pontos negativos: a direção leve proporciona agilidade nas manobras e a suspensão tem calibragem bem diferente do padrão da Fiat. Isso faz com que a carroceria incline bem menos nas curvas e o carro faça curvas com muito mais competência.

Já o Sandero usa o 1.6 16V da família SCe. São 118 cv quando abastecido com etanol e 115 cv se movido a gasolina, com torque máximo de 16 kgfm independente do combustível escolhido.

A transmissão do tipo CVT vem da Nissan e é responsável direta pelo visual "quase Stepway" da versão Intense. Isso porque os engenheiros da Renault precisaram elevar a altura da suspensão para encaixar o câmbio no hatch. A (criativa) saída da área de marketing foi aplicar o estilo aventureiro no Sandero. Fato é que o câmbio casou bem com o motor de 1,6 litro, lembrando que uma caixa CVT prioriza conforto em vez de desempenho.

Apesar da diferença de potência, os números de desempenho são bem parelhos. O Argo precisa de 10,4 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, enquanto o Sandero cumpre a mesma prova em 11 segundos.

O modelo da Renault também é mais econômico segundo os dados do Inmetro: o Sandero faz 8,1 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada com etanol no tanque e 11,8 km/l e 12,8 km/l com gasolina. Já o Argo faz 6,9 km/l e 9,1 km/l se abastecido com etanol e 10 km/l e 12,8 km/l quando movido a gasolina. No nosso teste, o Sandero fez uma média de 7 km/l com etanol e o Argo não passou de 8 km/l com gasolina, sendo ambos no perímetro urbano.

Por ter números de desempenho parecidos e médias de consumo mais eficientes mesmo com um motor de menor cilindrada, a vitória fica com o Sandero.

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Itens de série

Sandero é mais equipado

São R$ 3.600 que separam as versões topo de gama dos dois compactos. Ambos vem com central multimídia, controle de estabilidade, sensores de estacionamento traseiros, vidros elétricos nas quatro portas com função um-toque,

O Argo HGT oferece entrada USB para os passageiros de trás, destravamento das portas sem chave, sensor de pressão dos pneus e partida do motor por botão. Vários dos equipamentos presentes na unidade avaliada por UOL Carros são opcionais, como ar-condicionado digital, câmera de ré e rodas de 17 polegadas.

Porém, o Sandero oferece todos os equipamentos considerados essenciais nesta categoria. Vem ainda com itens importantes, como airbags laterais para os bancos dianteiros, piloto automático, ar-condicionado digital e câmera de ré, todos opcionais no Argo.

Portanto, a vitória fica com o Sandero.

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Vida a bordo

Argo é mais refinado

Existe um pequeno abismo entre Argo e Sandero do lado de dentro. Isso porque o nível de acabamento do modelo da Fiat é bem superior ao do rival. Enquanto o Argo aposta em plásticos texturizados e apliques coloridos (como a faixa vermelha fosca no painel), o Sandero ainda tem materiais de qualidade mais simples.

É bom ressaltar que o nível de acabamento do Renault evoluiu bastante em relação aos modelos anteriores. Os painéis das portas ganharam apliques em tecido, o teto traz revestimento preto e até os bancos têm textura em baixo relevo. Mesmo assim, ainda não é difícil achar algumas rebarbas e peças mal encaixadas, como na unidade avaliada.

A "era FCA" fez bem a alguns produtos da Fiat, e o Argo é um deles. O hatch tem melhor qualidade de construção e a posição de dirigir é mais baixa. O banco acomoda bem o corpo do motorista e o volante tem boa empunhadura. O Sandero, em contrapartida, supera o concorrente no espaço interno - uma de suas principais virtudes. Pessoas mais altas viajam melhor no banco de trás e ambos cumprem a nova lei que exige encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os passageiros.

Analisando prós e contras de cada modelo, o Argo vence neste quesito.

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Custo-benefício

Sandero entrega mais por menos

A diferença de R$ 3.600 a favor do Sandero é um ponto muito importante se considerarmos que o modelo da Renault traz mais equipamentos. Para comprar uma unidade exatamente como a avaliada, o cliente precisará desembolsar mais de R$ 75.000.

Além disso, o custo das seis primeiras revisões também é menor no Sandero: são R$ 3.097 contra R$ 4.072 pedidos pela Fiat no Argo. O preço do seguro também é mais baixo no caso do hatch da Renault, embora o valor varie de acordo com o perfil do segurado.

De toda maneira, o Sandero entrega mais pelo seu dinheiro. Primeiro ponto para o modelo da Renault.

Vencedor

Quem achou que o Argo venceria com facilidade este duelo vai se surpreender. Mesmo com um projeto mais antigo e menos refinado, o Sandero contorna esses problemas com um conjunto bem acertado e uma lista de equipamentos bastante generosa.

Entretanto, o compacto da Fiat perde pontos preciosos no desempenho abaixo da expectativa do motor 1.8 16V e das marcas ruins de consumo. Além disso, alguns itens presentes em modelos de categorias inferiores, como câmera de ré, são vendidos como opcionais.

É verdade que o compacto da Fiat pode agradar quem valoriza atributos como design e acabamento interno, por exemplo. Porém, o hatch da Renault traz algumas das virtudes do rival, oferece mais itens de série e ainda custa menos. Por todos essas qualidades, o Sandero se sagra o vencedor deste duelo.

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