Monica Telles não entendia muito a adoração que seu pai e seu avô tinham pelos carros. "Confesso que até sentia ciúmes porque sempre achei que meu pai fazia mais questão de estar com eles do que com os filhos".
Isso só foi mudar quando ele começou a viajar para o Japão. "Cada vez que meu pai ia para lá me mandava fotos dos carros. Eu pirava neles, mesmo sem saber muito do que se tratava. Só sabia que eram melhores do que temos aqui".
Logo ela também viajou para o Japão, mas ainda não tinha idade para dirigir lá. Enquanto isso, fez várias amizades com brasileiros que tinham carros que Monica até então só via por fotos. Mas ela não pensava em comprar um.
"Eu sabia que se eu começasse a dirigir lá no Japão jamais teria dinheiro para fazer qualquer outra coisa. Então resolvi adiar meus planos", conta.
Já habilitada, ela começou a ajudar seu pai a cuidar do seu carro e de vez em quando acompanhava drift.
"Logo quando voltei ao Brasil conheci o Danilo (meu marido), e ele tinha um Chevette de drift e um Honda Civic VTi. Foi ele quem me fez acreditar que eu poderia ter um bom JDM no Brasil. Começamos nossa história naquele momento, e a partir daí tive vários carros".
Entre vários modelos japoneses, eles já tiveram até um Nissan Skyline R33, simplesmente um dos carros mais cultuados da cultura JDM. Rapidamente veio a ideia de comprar outro Nissan, um Silvia S15. "E aí, pronto: estava formado o 'casal Velozes e Furiosos'", relembra, aos risos.
Atual proprietária de um Lancer, Monica afirma que o carro só chegou às suas mãos por conta de uma aquisição polêmica.
"Meu marido sempre quis ter um (Mitsubishi) Eclipse, então um belo dia ele voltou para casa com um. Eu fiquei muito brava! Passamos um ano com esse carro que vivia dando problemas, até que resolvemos comprar um Lancer com câmbio automático para usar no dia-a-dia".
Depois de conviver um pouco com o carro, o casal acreditou no potencial do sedã e decidiu comprar outro carro já com outra ideia em mente: transformá-lo em um Lancer Evolution. Mas não estamos falando apenas de imitar o visual, como muita gente faz por aí.
"Nós importamos todas as peças e fizemos um 'transplante total' do Evo IV. É o único carro do gênero no Brasil".
Porém, um acidente de percurso quase acabou com o sonho do casal.
"A gente ia pintar o carro de cinza e a cor estava linda nos testes que fizemos. Passamos o verniz por cima e, da noite pro dia, ele ficou azul! Eu chorei muito e falei para o meu marido que ia remover toda a tinta. Ele disse que estava ótimo, mas eu sei que ele também se frustrou. Foram dias lixando o carro com tanto cuidado e amor", lamenta.
A aceitação só veio quando Monica publicou uma foto do Lancer na internet - e a resposta foi bastante positiva.
"Todo mundo achou o carro lindo! Passei a olhá-lo com outros olhos e hoje sou apaixonada por ele, principalmente pela exclusividade".
Hoje ela também possui um canal no YouTube para mostrar as mudanças que realiza em seu carro, mas com uma intenção.
"Minha ideia é incentivar outras mulheres que gostam disso e mostrar que elas também podem fazer tudo que quiserem".