Inimigo íntimo?

Chegada do Nivus afetará vendas do 'primo' T-Cross? Comparamos os dois e mostramos prós e contras de cada um

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Murilo Góes/UOL

A Volkswagen demorou um bom tempo para entrar na briga dos SUVs compactos. Mas decidiu tirar o atraso em grande estilo. T-Cross e Nivus foram lançados em menos de dois anos e criaram um "dilema saudável" dentro de casa.

Será que o Nivus não vai roubar vendas do T-Cross? Ou o novo modelo não vai ser tão bem aceito quanto seu "primo mais velho"?

UOL Carros ainda não colocou as mãos no Nivus, mas fomos até a fábrica da VW para conhecer cada detalhe de um dos lançamentos mais importantes do ano.

E se você está pensando em comprar um SUV compacto não deixe de ler nosso comparativo.

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Conheça o VW Nivus

Design

Fica claro que a Volkswagen seguiu caminhos diferentes no design dos dois SUVs. Enquanto o T-Cross é mais sofisticado, o Nivus parte para a esportividade.

Embora tenha linhas modernas, o T-Cross é mais elegante e transmite uma maior sensação de requinte, especialmente nas versões mais caras.

Nota-se uma grande preocupação nos detalhes, como a grade com efeito tridimensional e detalhes cromados ao redor.

Atrás, as lanternas são interligadas por uma régua que simula uma peça só, mas que não é funcional.

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Já o Nivus investe na esportividade típica dos SUVs cupês. Claramente inspirado nos modelos vendidos na Europa (como o T-Roc), o carro foi inteiramente desenhado no Brasil.

O resultado agrada logo de cara: os belos faróis combinam com a grade hexagonal e o contorno dos faróis de neblina fogem do conservadorismo típico da VW.

Pessoalmente, o Nivus impressiona mais do que nas fotos. Os vincos espalhados pela carroceria reforçam a sensação de robustez, especialmente nas laterais.

Ao contrário do T-Cross, o Nivus parece ser maior do que realmente é. O prolongamento das lanternas é funcional e o aerofólio na cor preta suaviza a "queda" em direção à traseira mais alta.

São dois estilos totalmente diferentes. Nossa aposta é que o Nivus deve seduzir quem gosta de novidades, enquanto o T-Cross seguirá sendo a opção preferida das famílias.

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Desempenho

Ainda não tivemos a oportunidade de dirigir o Nivus, mas já sabemos que ele será vendido apenas na motorização 1.0 turbo de até 128 cv e 20,4 kgfm com etanol.

O carro terá somente transmissão automática de seis marchas. Segundo a VW, pesquisas indicaram que a aceitação de uma versão com câmbio manual seria menor.

A escolha não foi por acaso: assim, a VW garante um distanciamento maior entre ele o T-Cross, já que o SUV não só traz a mesma motorização como ainda é vendido com o 1.4 turbo de até 150 cv e 25,5 kgfm na versão Highline.

Sendo assim, quem procura mais desempenho (e pode pagar mais por isso, é claro) terá no T-Cross uma escolha natural diante do Nivus.

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Dimensões

Nivus e T-Cross podem até parecer do mesmo tamanho, mas não são. E o motivo é simples: enquanto o Nivus é feito sobre a plataforma do Polo, o T-Cross aproveita a base do Virtus.

Mesmo assim, o Nivus é mais comprido: são 4,26 metros de comprimento contra 4,19 metros do T-Cross. Isso resulta em um porta-malas mais generoso de 415 litros frente aos 373 litros do T-Cross. A vantagem do caçula, porém, acaba aí.

O T-Cross é 8 cm mais alto (1,57 metro contra 1,49 metro), 1 cm mais largo (1,76 metro ante 1,75 metro) e tem distância entre eixos 9 cm maior (são 2,65 metros contra 2,56 metros) do que o Nivus.

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Espaço interno

Aqui não tem muito papo: o T-Cross leva a melhor. Era algo esperado, já que ele aproveita a base do Virtus e desfruta dos bons 2,65 metros da distância entre eixos. Em contrapartida, o Nivus é feito sobre a plataforma do Polo e, por isso, o entre eixos é de 2,56 metros.

Mesmo sem o ótimo espaço para as pernas do T-Cross, o Nivus não decepciona. Dois adultos viajam confortavelmente no banco de trás, mas um terceiro ocupante vai bastante espremido.

Há bom espaço para ombros e cabeça, apesar da curvatura do teto típica de um cupê, que costuma penalizar os passageiros mais altos.

O porta-malas do Nivus é bem amplo e, inclusive, maior do que o T-Cross. O assoalho é plano e o estepe fica dentro da cabine.

O SUV cupê, porém, não traz o recurso que regula a inclinação do encosto do banco de trás, capaz de ampliar a capacidade do porta-malas do T-Cross em alguns litros.

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Interior

O Polo serviu como referência para a cabine dos dois carros, embora as semelhanças sejam muito maiores no Nivus.

No T-Cross, o interior pode vir com acabamento em dois tons, com opções de cinza e cobre. Curiosamente, a unidade do Nivus a qual tivemos acesso trazia um estilo mais sóbrio, sem combinação de cores diferentes de preto e cinza - inclusive nos bancos.

O volante do SUV cupê é o mesmo do Golf europeu. Além do desenho mais moderno, ele oferece uma melhor empunhadura e ostenta o novo logotipo da Volkswagen, que estreia justamente no Nivus.

Sua posição de dirigir não é tão alta como em alguns SUVs, mas ainda assim proporciona maior sensação de proteção, assim como no T-Cross. A suspensão elevada e os pneus mais altos contribuem para isso.

Os dois SUVs tem um problema em comum. O revestimento interno abusa dos plásticos duros e lisos, especialmente nas portas.

Há apenas uma pequena faixa de tecido (ou couro) no apoio de braço, mas o restante da peça é toda de plástico. O painel de instrumentos também utiliza o mesmo material.

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Equipamentos

Mesmo estando posicionado abaixo do T-Cross, o Nivus será mais bem equipado. A versão Highline poderá vir com itens como alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência e piloto automático adaptativo, este item exclusividade entre os SUVs compactos nacionais.

Outra novidade importante é a central multimídia VW Play. Desenvolvida inteiramente no Brasil, ela traz uma vistosa tela tátil de 10,1 polegadas sem botões físicos - o que pode distrair o motorista em algumas situações.

A fabricante promete uma revolução nos sistemas de infotenimento, com navegabilidade bem mais prática e funções exclusivas.

O VW Play vem, inclusive, com uma loja de aplicativos própria, que incluirá serviços como iFood, Waze e Deezer. Porém, a VW decidiu não equipar o Nivus com internet a bordo, diferente do que fez a Chevrolet com Onix, Onix Plus e Tracker.

Bom lembrar que essa "vantagem" do caçula deve durar pouco tempo, pois os equipamentos devem ser oferecidos no T-Cross em breve, possivelmente já na linha 2021.

De resto, ambos trazem conteúdos parecidos. Itens como ar-condicionado digital, suporte a Android Auto e Apple CarPlay, controles de estabilidade e de tração e saídas de ar-condicionado para o banco de trás estão presentes nos dois modelos.

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Qual é o melhor?

As dimensões parecidas e os preços próximos podem até sugerir que o Nivus pode atrapalhar as vendas do T-Cross - e vice-versa.

Isso, porém, deve acontecer apenas no inevitável cruzamento entre a versão mais cara do Nivus (Highline) e das configurações mais baratas do T-Cross (200 TSI e Comfortline).

A disparidade na lista de equipamentos (curiosamente a favor do Nivus em um primeiro momento), a óbvia diferença nas faixas de preços (o Nivus deve variar de R$ 75 mil a R$ 95 mil) e as propostas distintas devem separar os modelos no mercado.

O fato de o Nivus ser oferecido apenas com a motorização 1.0 turbo de 128 cv, enquanto o T-Cross traz a opção do motor 1.4 turbo de 150 cv, também distancia os SUVs.

Mesmo assim, se você ainda se pergunta qual deles é o melhor, a resposta é: depende. Quem gosta de andar com um carro que chama atenção nas ruas, mais tecnológico e prefere um estilo mais esportivo pode ficar com o Nivus.

Porém, se a sua necessidade é de um SUV mais espaçoso, mais potente e com visual mais sóbrio o T-Cross é a melhor escolha.

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