Renegade x Creta

Renovado, o Jeep líder entre SUVs compactos encara a segunda geração do Hyundai em versões topo de linha

José Antonio Leme Do UOL, em São Paulo (SP) Simon Plestenjak/UOL

O líder se renova. No topo da tabela de SUVs mais vendidos do Brasil, o Jeep Renegade fechou 2021 mais uma vez como líder no mercado que mais cresce e que hoje já responde por quase 50% das vendas de carros de passeio no Brasil.

Ao estilo do que ocorreu com o Compass, o Renegade apostou em corrigir seus defeitos, manter algumas coisas que já tinha e apenas evoluir em termos de visual nessa que é a mudança mais profunda desde que chegou ao mercado há sete anos.

Do outro lado do ringue, um dos SUVs que também se tornou queridinho do mercado, o Hyundai Creta. O modelo entrou em sua segunda geração com uma série de mudanças e melhorias, incluindo um polêmico visual que parece não estar afetando suas vendas no fim das contas.

Agora nas versões de topo Série S e Ultimate, que têm preços de R$ 163.290 e R$ 163.990 respectivamente, os dois SUVs compactos se enfrentam nesse comparativo de UOL Carros para saber quem oferece mais nessa faixa de preço que já invade o andar dos SUVs médios.

Simon Plestenjak/UOL
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Jeep Renegade Série S

Preço: R$ 163.290

Motor: 1.3, 4 cilindros, 16V, turboflex

Câmbio: Automático, 9 marchas

Potência: 185 cv / 180 cv a 5.750 rpm

Torque: 27,5 kgfm a 1.750 rpm

0 a 100 km/h: 9,5 s (etanol) / 9,8 (gasolina)

Velocidade máxima: 202 km/h (etanol) / 200 km/h (gasolina)

Dimensões: comprimento, 4,26 m; largura, 1,80 m; altura, 1,70 m; entre-eixos, 2,57 m

Peso: 1.608 kg

Porta-malas: 385 litros

Tanque: 55 litros

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Hyundai Creta Ultimate

Preço: R$ 163.990

Motor: 2.0, 4 cilindros, 16V, flex

Câmbio: Automático, 6 marchas

Potência: 167 cv / 157,3 cv a 6.200 rpm

Torque: 20,6 kgfm / 19,2 a 4.700 rpm

0 a 100 km/h: 9,3 s

Velocidade máxima: 190 km/h

Dimensões: comprimento, 4,30 m; largura, 1,79 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,61 m

Peso: 1.300 kg

Porta-malas: 422 litros

Tanque: 50 litros

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Design

Renegade consegue agradar um público maior

Em termos de design, é uma disputa de escolas diferentes. O Renegade mudou grade, para-choques e faróis para a linha 2022, mas manteve as linhas gerais, até porque não é fácil conseguir mudar um carro que promete ter uma linguagem visual que começou na década de 1940, com o primeiro jipe da marca.

Por dentro, o design do carro mantém aquela jovialidade que traz no lado de fora, com os easter eggs e outros detalhes que evocam aventura e a vida no fora de estrada, ainda que ele viva mais no estacionamento de shopping.

Ele tem bastante plástico, mas a Jeep conseguiu esconder isso com diferentes texturas e faz parecer que ele tem, por exemplo, um painel emborrachado e o soft touch, apesar de não.

Do lado do Creta, seu design pouco usual e bastante polêmico continua suscitando discussões, mas de uma maneira ou de outra caiu no gosto do público. A boa aceitação da primeira geração deve ajudar a vender o produto.

Não dá para negar que o Creta, ao primeiro contato, não facilita amar seu desenho com lanternas quase conceituais na frente, que chama mais atenção do que a traseira - que também não é tão simples.

Internamente, por outro lado, o Creta é bastante conservador e nessa versão de topo quer passar aspecto de requinte com couro claro nos bancos, por exemplo. Se o carro melhorou muito o design interno e a disposição de tudo, ele ainda aposta muito em plástico e fica evidente, tanto no painel quanto nas portas.

O Creta agrada bastante, mas o Renegade continua palatável a um público maior e mais diverso no que diz respeito às linhas do design geral.

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Equipamentos

Ambos são bem equipados, mas Creta aposta no lugar certo

O Renegade tem uma lista de itens bem completa na versão de topo. Traz sete airbags contra seis do Creta, ambos tem controles de tração e estabilidade, assim como frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal.

O pacote ADAS é mais completo no Creta do que no Renegade. Nos dois, além da frenagem autônoma, há farol alto adaptativo, detector de fadiga, leitor de faixa com correção no volante, mas apenas o Creta oferece o ACC, controle de velocidade adaptativo.

Os dois modelos também apostam em painel virtual e configurável com diferentes informações nas versões de topo. Chave presencial e partida por botão também surge em ambos.

A central multimídia do Creta é maior, com 10,25 polegadas, contra 8,4" do Renegade. O Jeep, porém, traz a seu favor a capacidade integração a Android Auto e Apple CarPlay sem fio, enquanto no Creta só por meio da entrada USB.

Na lista dos dois SUVs há também faróis e lanternas de LEDs, ajuste de altura e distância no volante e no banco do motorista manualmente, além de assistente de partida em rampa e carregador de celular por indução no console central.

A favor do Creta está o teto solar panorâmico de série, enquanto no Série S ele custa um extra de R$ 8.490, elevando o preço do carro para R$ 171.780. O Hyundai ainda traz sistema de câmera 360º e rebatimento elétrico dos espelhos externos, o que o Renegade não oferece.

Para o Renegade está a favor o assistente de estacionamento semiautônomo, que encontra e coloca o carro sozinho na vaga, o retrovisor interno eletrocrômico, controle de velocidade de descida, usado para o fora de estrada e alerta de tráfego traseiro cruzado.

Ainda que o Renegade tenha algumas comodidades que o Creta não oferece, a lista do Hyundai acerta mais ao trazer o ACC de série e o teto solar panorâmico já dentro do seu pacote, que para o cliente acabam valendo mais que o assistente de estacionamento no dia a dia, por exemplo.

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Vida a bordo

Creta tem mais espaço e melhor porta-malas

A vida a bordo é bem diferente nos dois modelos. O Renegade é menor e mais aperto, e com isso passa um apelo mais jovem para quem compra o carro. Seu porta-malas tem 385 litros, mas o carro também tem um aspecto mais jovem quando se olha por dentro.

Quem vai sentado atrás não tem uma boa folga para as pernas, especialmente se quem estiver sentado na frente também for uma pessoa alta. Um quinto ocupante vai apertado no banco traseiro, tanto no espaço para as pernas quanto para os ombros.

No Hyundai, o aspecto é de um SUV mais familiar e o espaço extra também prova isso. Com 4 cm a mais de entre-eixos, ele oferece um porta-malas de 422 litros, mesmo tendo perdido 9 litros nessa nova geração.

O espaço interno para quem viaja é melhor. Os bancos dianteiros do Creta abraçam melhor os ocupantes do que os do Renegade, que deixam a desejar nesse quesito.

Já a posição de guiar é boa em ambos, mas ligeiramente mais alta no Creta. Quem gosta de dirigir em uma posição mais baixa vai encontrar mais prazer no Renegade do que no SUV da marca sul-coreana, enquanto para quem está disposto a guiar sempre "nas alturas" o Creta está mais adequado.

Em termos de porta-objetos e espaços, os dois se equivalem, mas o Hyundai oferece espaço maiores para uso e por ser um pouco mais espaçoso também passa a ideia de uma ergonomia a bordo melhor do que a do Renegade.

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Custo-benefício

Mais equipamento por menos e revisões mais baratas no Creta

O Creta custa R$ 163.990 contra R$ 163.290 do Renegade. A diferença de R$ 700 some já no custo do teto solar panorâmico, que custa R$ 7 mil.

Além disso, quando comparadas as revisões, as do Renegade custam um total de R$ 5.659 - as seis primeiras que cobrem 72 mil km (cada uma é em um intervalo de 12 mil km), uma média de R$ 943,16 por revisão.

O Creta tem um pacote de revisões com preço total de R$ 4.214,18 pelas seis primeiras, que cobrem 60 mil km - já que, nesse caso, a Hyundai usa o intervalo padrão de 10 mil km com um valor médio de R$ 702,36 por revisão.

Com mais espaço, maior porta-malas, nível de equipamentos equivalente, apesar de diferenças a favor de ambos, o custo-benefício do Creta é melhor.

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Desempenho

Renegade turbo leva o esportivo de utilitário-esportivo a sério

Esse é um espaço no qual não resta dúvidas sobre a soberania do Renegade, com seu novo motor 1.3 turbo contra o 2.0 aspirado do Creta.

São até 185 cv e 27,5 mkgf entregues pelo motor do Jeep contra até 167 cv e 20,6 mkgf do propulsor do Hyundai. Além dos números superiores, o fato do torque, que é o que usamos para retomadas e ultrapassagens, estar disponível no seu máximo já a 1.750 rpm no Renegade contra 4.700 rpm no Creta.

Em termos de consumo, o Renegade S faz na cidade 9,1 km/l (gasolina)/ 6,3 km/l (etanol) e 10,8 km/l (gasolina)/ 7,6 km/l (etanol) na estrada. O Creta faz na cidade 10,9 km/l (gasolina)/ 7,7 km/l (etanol) e 12,4 km/l (gasolina)/ 8,7 km/l (etanol) na estrada.

O Renegade virou um pequeno foguetinho e basta o motorista querer que ele responde com uma pequena patada e acelera firme para empurrar os 1.608 kg. Retomadas e ultrapassagens são fáceis e o câmbio automático de nove marchas está perfeitamente escalonado com o novo motor. O sistema de tração 4x4 funciona, mas é mais um extra que a maioria dos compradores não utilizam.

Com entrega de torque mais tardia, é claro que o Creta tem não o mesmo fôlego e pegada que o Renegade. O carro responde bem, tem função Sport no câmbio e outro modos de condução, normal e eco, em um seletor giratório no console central.

Esse motor teve algumas melhorias para equipar o novo Creta, mas nada que faça do desempenho avassalador. Para tirar o melhor dele é preciso pisar forte e, de preferência, usar as borboletas atrás do volante para o modo manual. A combinação com o câmbio automático de seis marchas também é boa e a tração é só na dianteira.

A pegada da suspensão do Renegade é melhor em todos os sentidos, muito pela suspensão independente também na traseira. O acerto conseguiu encontrar o melhor dos dois mundos, filtrar as imperfeições de um piso ruim, mas também oferecer estabilidade nas curvas e andando rápido, o que ele consegue fazer finalmente.

Já o Creta tem uma pegada mais familiar, a direção e a suspensão são mais anestesiadas, com respostas mais lentas. A suspensão tem um bom acerto, mas prefere um piso mais "confortável" para rodar do que o Renegade.

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Vencedor

Creta não é emocionante, mas tem mais qualidades para atender o comprador de SUV

Em termos gerais, o Creta tem mais a oferecer, especialmente em termos de equipamentos e custo-benefício para o comprador entre o que oferece e o preço exigido, e por isso é o nosso vencedor.

Claro que o modelo tem sim seus defeitos e com certeza não deve agradar tanto os compradores mais jovens, que ainda não pensam em uma família, tanto pela proposta quanto pelo acabamento.

O Jeep evoca a juventude de quem está atrás do volante e agora, quando quase não há mais opções no mercado, pode se tornar o SUV queridinho de quem gosta de dirigir com essa pegada esportiva - ainda que, quem estiver atrás de tal característica, deveria procurar um carro que não fosse um SUV.

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