Corolla Cross x Corolla

Em versões de topo híbridas, SUV e sedã duelam para mostrar qual é a melhor opção

José Antonio Leme Do UOL, em São Paulo (SP) UOL

A Toyota resolveu colocar um novo SUV no mercado para aproveitar da onda de SUVs médios, mas não veio do zero. A empresa apostou em quase tudo de bom que o seu sedã mais vendido, o Corolla, tinha a proporcionar de expertise do que os clientes queriam de um produto da marca, inclusive o nome.

Dessa lógica surgiu o Corolla Cross, novo SUV médio destinado a mercados emergentes, que ficou situado abaixo do RAV4 dentro da gama da companhia.

Apesar de pegar carona no nome, o modelo tentou se distanciar em termos de visual e também de nomenclatura para as versões. O Corolla Cross na versão de topo é o XRX que aqui encontra o "irmão", Corolla Altis Hybrid Premium. O primeiro é feito em Sorocaba (SP), enquanto o segundo sai da linha de produção da marca japonesa em Indaiatuba (SP).

Mas afinal, uma plataforma parecida, mesmo conjunto híbrido, mas preços bem distintos, de R$ 166.490 pelo Corolla e R$ 188.590 pelo Cross, quem leva a melhor nessa? É o que UOL Carros vai te mostrar nesse duelo.

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Toyota Corolla Cross XRX

Preço: R$ R$ 188.590 (R$ 195.390 São Paulo)

Motor: 1.8, 16V, 4 cilindros, flex + dois elétricos

Câmbio: Automático, CVT transeixo

Potência: 101 cv (etanol) / 98 cv (gasolina) a 5.200 rpm + 72 cv (elétricos); combinado: 122 cv

Torque: 14,5 kgfm a 3.600 rpm (gasolina/etanol) + 16,6 mkgf (elétricos)

Consumo: Cidade: 11,8 km/l (etanol) e 17 km/l (gasolina) / Estrada: 9,6 km/l (etanol) e 13,9 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 13 s

Velocidade máxima: 170 km/h

Dimensões: comprimento, 4,46 m; largura, 1,82 m; altura, 1,62 m; entre-eixos, 2,64 m

Peso: 1.450 kg

Porta-malas: 440 litros

Tanque: 32 litros

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Toyota Corolla Altis Hybrid Premium

Preço: R$ 166.490 (R$ 172.390 São Paulo)

Motor: 1.8, 16V, 4 cilindros, flex + dois elétricos

Câmbio: Automático, CVT transeixo

Potência: 101 cv (etanol) / 98 cv (gasolina) a 5.200 rpm + 72 cv (elétricos); combinado: 122 cv

Torque: 14,5 kgfm a 3.600 rpm (gasolina/etanol) + 16,6 mkgf (elétricos)

Consumo: Cidade: 10,9 km/l (etanol) e 16,3 km/l (gasolina) / Estrada: 9,9 km/l (etanol) e 13,9 km/l (gasolina)

0 a 100 km/h: 12 s

Velocidade máxima: 170 km/h

Dimensões: comprimento, 4,63 m; largura, 1,78 m; altura, 1,45 m; entre-eixos, 2,64 m

Peso: 1.445 kg

Porta-malas: 470 litros

Tanque: 43 litros

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Design

Corolla sedã conseguiu ser mais ousado no visual que o carro da moda

Quando chegou ao Brasil em 2019, o novo Corolla surpreendeu pelas linhas mais modernas e joviais. O modelo se destacou e perdeu um pouco daquele "ar de tiozão" que sempre foi motivo de piada dos detratores do sedã mais vendido do País.

Ele ganhou linhas mais agressivas e que vinham ao encontro do que a Toyota já tinha feito com o RAV4, um SUV maior que o Corolla Cross, e que também surpreendeu os compradores do produto. Ele virou um quarentão viciado em academia.

Diferentemente do que fez com o sedã, a Toyota foi mais conservadora no Corolla Cross. Ela perdeu a oportunidade de fazer um mini RAV4 com o produto e transformá-lo em um sucesso ainda mais instantâneo.

Com linhas diametralmente opostas a do sedã, o Corolla Cross é quem ficou com o conservadorismo visual para brigar com rivais mais ousados.

Nesse quesito, o atual design do sedã tinha muito a oferecer para o SUV, mas a Toyota optou por escolher uma linha completamente diferente, apesar de apostar no nome do três volumes para garantir o sucesso do inédito produto.

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Equipamentos

Inspirado no sedã, Corolla Cross trouxe novidades, mas tem seus pecados também

Dividindo plataforma, os dois modelos têm basicamente a mesma lista de equipamentos. De série, sedã e SUV trazem tudo igual, ou quase tudo.

Os dois têm sete airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, câmera de ré, faróis de LEDs com ajuste de altura e luzes traseiras e de condução diurna também de LEDs.

A partir da linha 2022, o sedã ganhou sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, tal qual o Corolla Cross. O ar-condicionado é automático e digital com duas zonas de climatização.

O volante tem ajuste de distância e altura, há trio elétrico, teto solar convencional, chave presencial com partida por botão, ajuste elétrico no banco do motorista, revestimento de couro no painel e nos bancos.

A central multimídia é básica, mas funciona bem, apesar de não ter uma tela com o tátil muito responsivo e sua interface não ser a mais prática.

O lado bom é que ambos os modelos têm integração com Android Auto e Apple CarPlay, apenas com fio por enquanto. Para a linha 2022, o sedã adotou o mesmo estilo de central do Corolla Cross, que perdeu uma "capa" na parte traseira do componente que fazia parecer uma TV de tubo.

O painel de instrumentos é o mesmo para os dois modelos, no estilo semi-virtual. É um item que incomoda porque é possível ver que a Toyota poderia ter feito um projeto mais bonito, tanto nos grafismos quanto para os mostradores laterais, ainda assim é bastante funcional.

O pacote Toyota Safety Sense traz frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal, controle de velocidade adaptativo e leitor de faixa com correção no volante. Aqui o Corolla Cross leva uma vantagem.

Ele tem leitor de tráfego cruzado e alerta de ponto cego com aviso sonoro e visual, itens não presentes no sedã. Por outro lado, o SUV tem o bizarro freio de estacionamento no pé.

Não há justificativa para usar um sistema tão arcaico quando o próprio sedã tem o freio de estacionamento manual, sem prejudicar o espaço no console central. Outro pênalti, também injustificável do SUV, é não ter iluminação no porta-luvas, item presente no sedã.

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Vida a bordo

Sedã tem mais espaço interno e também de porta-malas que o SUV

O espaço interno do sedã é melhor que do SUV, especialmente para os ocupantes do banco traseiro. Isso porque, apesar de ambos usarem a plataforma TNGA, usam versões diferentes.

O sedã tem um entre-eixos de 2,70 metros, enquanto o SUV tem 2,64 m. A diferença é porque o SUV foi desenvolvido sobre a TNGA do Corolla hatch, que nunca foi vendido oficialmente no Brasil.

Essa escolha deixou o espaço para os ocupantes do banco traseiros do Corolla Cross reduzidos em relação aos ocupantes do sedã. O espaço não é ruim, mas há muito mais conforto para quem vai atrás no três volumes, sem dúvida.

O espaço das pernas em relação ao banco da frente sobra, mesmo quando os dianteiro estão ajustados para uma pessoa de 1,8 metro, por exemplo.

Em termos de ergonomia ambos são iguais, já que apostam no mesmo tipo de painel e comandos. O senão fica para o Corolla Cross por causa do freio de estacionamento no pé. O sistema incomoda porque você sempre bate nele ao tentar apoiar o pé no descanso.

A posição de guiar do sedã também é muito melhor. Permite um ajuste mais próximo ao chão para quem gosta ou elevado para motorista mais baixos, para poder ter mais visibilidade. No caso do Cross, mesmo a posição mais baixa ainda é alta, o que incomoda motoristas com maior altura.

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Custo-benefício

Sedã tem um custo-benefício imbatível

O que separa o sedã do SUV em termos de preço é uma diferença de R$ 20.100 para a maioria dos Estados do País, onde o sedã custa R$ 166.490 e o Cross R$ 188.590.

No Estado de São Paulo, a diferença fica ainda mais gritante: R$ 23 mil pelas tabelas anunciadas de R$ 172.390 e R$ 195.390, respectivamente.

Em termos de revisão, os dois modelos têm o mesmo conjunto mecânico e uma diferença irrisória de R$ 6 pelas cinco primeiras manutenções - que são programadas da Toyota - a favor do sedã.

Os valores são de R$ 394,74, R$ 804, R$ 681, R$ 1.143, R$ 576 para o Corolla e de R$ 394,74, R$ 834, R$ 651, R$ 1.173, R$ 552 para o Cross.

Levando em conta que o sedã tem mais espaço interno e também de porta-malas, fica fácil e simples entender porque ele justifica um custo-benefício muito superior ao SUV, especialmente porque são poucos os componentes extras do SUV na lista de equipamentos.

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Desempenho

Diferença não é gritante, mas favorece o sedã

O Toyota apostou no conjunto híbrido para os dois modelos. Sem por, nem tirar. Ele combina o motor quatro cilindros 1.8 flex de até 101 cv e 14,5 mkgf e dois elétricos de 72 cv e 16,6 mkgf.

A potência combinada dos dois motores é de 122 cv, enquanto o torque é declarado separadamente. O câmbio é o automático transeixo, uma espécie de CVT.

Os dois contam com um botão que altera a resposta do conjunto, mas de maneira muito sutil, quase imperceptível, entre eco, normal e power.

O comportamento dos dois modelos como um carro de desempenho está fora de cogitação. O melhor momento, tanto do sedã quanto do SUV, está no trânsito urbano, quando o condutor olha para o painel e vê a autonomia declarada superando os 1.000 km facilmente.

Isso porque é no "anda e para" que o sistema híbrido entrega seu melhor rendimento. Ali, o modelo consegue regenerar mais força nas frenagens para alimentar o sistema elétrico sem depender de usar o motor a combustão como um gerador.

Na estrada, pisar para valer e pedir para eles acelerarem com vigor para ultrapassagens passa longe de ser o melhor do conjunto híbrido. Mas o sedã mostra um comportamento ligeiramente melhor, justificável pela melhor aerodinâmica.

Em termos de consumo declarado pelo Inmetro, o sedã faz 10,9 km/l e 9,9 km/l na cidade com gasolina e etanol e 16,3 km/l e 14,5 km/l na estrada com gasolina e etanol.

No caso do SUV, os dados são de 11,8 km/l e 9,6 km/l na cidade e 17 km/l e 13,9 km/l na estrada. Os números de consumo do híbrido são sempre melhores no ciclo urbano, diferentemente da maioria dos carros, porque é ali que o sistema tem melhor rendimento.

Apesar do bom acerto de suspensão do Corolla Cross com sua suspensão de eixo de torção na traseira, fica evidente a diferença na condução e no conforto a favor do sedã devido a suspensão independente também no eixo traseiro.

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Vencedor

Até a Toyota se dobrou aos SUVs, mas o sedã ainda é um melhor produto se não for emocional

Não importa quanto chamariz exista em cima de um SUV, geralmente seu sedã ainda é uma compra mais racional e que faz maior sentido. No caso dos Corollas aqui, ainda mais.

A diferença, que supera os R$ 20 mil em qualquer situação, faz do sedã a compra mais sensata, já que acomoda melhor os ocupantes, tem mais espaço de bagagem e oferece o mesmo acabamento racional e tecnologia híbrida que o SUV.

Sabemos que carros, especialmente os SUVs, fogem de certo tom de racionalidade na hora da compra e por isso também se permitem custar mais que os sedãs, entregando essencialmente o mesmo.

O resultado? No segundo mês de vendas cheias o Corolla Cross já superou o sedã, segundo dados de emplacamento da Fenabrave, federação que reúne as concessionárias do Brasil. A Toyota pode perder vendas do sedã, mas continuará se dando bem de todo modo.

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