Volkswagen Polo MPI

Versão de entrada entrega hatch mais refinado que rivais populares, mas cobra (demais) por isso

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Marcos Camargo/UOL

A volta do Polo

Compactos premium ainda nem existiam no Brasil quando a Volkswagen lançou o Polo no país em 2002. Elogiado por suas inúmeras virtudes (como ótima dirigibilidade, qualidade de construção e conforto), ele não teve o reconhecimento esperado no mercado nacional, que o considerava caro demais para ser porte. Até que ele tentou, mas saiu de cena em 2014.

Porém, nada como um dia após o outro. O Polo voltou ao país em 2017 já na sexta geração, e em um momento muito mais favorável para o produto. Resultado: o carro fez sucesso e hoje não só é o segundo modelo mais vendido da Volkswagen como é presença constante no top 10 de emplacamentos.

Só que vender um modelo mais tecnológico e em sintonia com a Europa tem seu preço, e no caso do Polo ele é um pouco alto. Daí surgiu a versão de entrada com motor 1.0. Conhecida informalmente como MPI, ela traz o mesmo "coração" de Up e Gol e um valor mais amigável para quem quer subir um degrau acima dos populares.

Vale a pena levar o Polo MPI para sua garagem? É isso que UOL Carros vai responder a seguir.

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Bem construído

Não faltam piadas que associavam o Polo ao Gol. De fato os compactos são parecidos, e isso ocorre por conta de uma tendência de estilo chamada "family face", na qual os designers buscam uma identidade visual para que as pessoas logo identifiquem um carro como sendo da marca X ou Y.

O Polo, porém, não é tão parecido assim com o Gol nos detalhes. Observe como o Polo é visivelmente maior, e não se trata de ilusão de ótica: o hatch é 15 cm mais longo, 10 cm mais largo e tem 10 cm a mais de distância entre eixos. Apenas a altura é a mesma nos dois.

O desenho do Polo também é mais elegante e refinado. Os faróis são mais horizontalizados e a grade dianteira segue o estilo dos modelos da VW vendidos na Europa. Atrás, as lanternas tem a base mais estreita e se alargam em direção ao topo, criando um efeito visual que reforça a impressão de largura.

Por dentro, o hatch também abusa das linhas mais horizontais. A tela da central multimídia (que é opcional) fica em lugar de destaque no console central. O acabamento podia ser de melhor qualidade: os plásticos utilizados são de qualidade baixa e aí sim lembram o Gol. Fica difícil lembrar que você não está dentro de um carro 1.0. Materiais coloridos ou até com texturas diferentes amenizariam essa sensação de pobreza.

O espaço interno é bom para um compacto, e a boa distância entre eixos ajuda a acomodar pessoas mais altas no banco de trás. O porta-malas tem bons 300 litros.

Itens avaliados

Desempenho (3): o motor 1.0 de três cilindros não repete o bom trabalho que faz em Gol e Up. O Polo sofre um pouco para embalar

Design (5): há quem diga que o Polo parece muito com o Gol - e essas pessoas têm razão. Mas isso não significa que o Polo é feio ou antiquado. Muito pelo contrário: o design do hatch é bem sóbrio e atual.

Custo-benefício (4): o Polo merece elogios por trazer equipamentos como controles de estabilidade e de tração. Só poderia custar um pouco menos.

Itens de série (4): bem equipado para um carro 1.0, o Polo poderia ter mais conteúdo para fazer jus às alcunha de hatch premium. Falta até uma simples regulagem de altura da coluna de direção

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Preguiçoso, mas econômico

A gente já disse lá em cima que o motor 1.0 de três cilindros é o mesmo de Up e Gol. No Polo ele entrega 84/75 cv e 10,4/9,7 kgfm de torque máximo. Os números são idênticos aos do Gol e a diferença de peso entre eles é mínima (são 998 quilos no Gol contra 1.058 quilos do Polo).

Mesmo com o torque máximo se manifestando já nas 3.000 rpm, o Polo tem força em baixas rotações, sendo bastante ágil no ambiente urbano. Só que o hatch sofre com a falta de fôlego em ultrapassagens, pede reduções de marcha para vencer ladeiras e demanda paciência nas retomadas — nada anormal em se tratando de carro "mil".

Ponto positivo para o isolamento acústico, que filtra boa parte dos sons do lado de fora do veículo - algo que não acontece nos populares mais baratos, inclusive os fabricados pela VW. O agradável som metálico do motor de três cilindros invade a cabine apenas nas acelerações.

A suspensão com arquitetura McPherson na dianteira e eixo de torção atrás faz o Polo ser muito confortável, mesmo em pisos irregulares. A calibragem é firme na medida certa, fazendo com o que o hatch honre o bom histórico da Volkswagen neste quesito. A fórmula de sucesso é a mesma adotada em vários modelos da marca, como o Golf e o próprio Polo da quarta geração - infelizmente não tivemos a quinta geração no Brasil.

Se o desempenho não arranca suspiros, o consumo merece aplausos. Segundo o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o hatch faz 12,9 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada, ambos com gasolina no tanque. Rodamos mais de 300 km durante uma semana, com uso predominante na cidade e sempre com ar-condicionado ligado. O resultado foi uma média de ótimos 14,5 km/l em perímetro urbano, bem acima da média informada pelo Inmetro.

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Recheado e caro

Quem conhece o Polo sabe que o hatch não economiza em equipamentos. Só que isso não se aplica à versão MPI, que custa R$ 53.590, mas sai de fábrica com rádio convencional e calotas. Não há nem coluna de direção com regulagem de altura. Pelo preço cobrado, o Polo poderia vir com mais equipamentos.

Se você quiser uma unidade como a avaliada por UOL Carros vai precisar desembolsar R$ 59.160. Além da pintura metálica, o carro ganha sensores de estacionamento traseiros, espelhos retrovisores com ajuste elétricos e função tilt down no lado direito (que direciona a lente para baixo quando o motorista engata a marcha a ré), rodas de liga leve de 15 polegadas com pneus 185/65 R15, e volante multifuncional.

Este pacote também acrescenta a central multimídia Compositio Touch com suporte a Android Auto e Apple CarPlay, mas sem navegador GPS.

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Vale a pena?

A VW teve uma boa ideia com o Polo MPI: oferecer um hatch mais refinado do que seus populares a um preço mais acessível.

Porém, o hatch custa um pouco caro para um modelo com motorização 1.0. Pular para o degrau de cima (no caso, a versão com motor 1.6 de até 117 cv) é uma alternativa a se considerar, mas apenas se você levar o 1.0 completão para casa.

Até porque os R$ 61.150 do compacto com motorização maior representam uma boa diferença para o valor de entrada do Polo 1.0.

Caso você não se importe em procurar outra marca, nossa recomendação é o novo Chevrolet Onix. Além do preço mais camarada (ele custa R$ 55.590) e ainda vem com motor turbo, seis airbags e câmbio automático.

Concorrentes

Divulgação

Chevrolet Onix 1.0

Preço: R$ 51.590
Motor: 1.0, 12V, 3 cilindros em linha, flex
Câmbio: manual de 6 marchas
Potência: 82 cv / 78 cv a 6.400 rpm
Torque: 10,6 kgfm / 9,7 kgfm a 4.100 rpm
0 a 100 km/h: aceleração não informada
Velocidade máxima: não informada
Consumo: não informado
Dimensões: comprimento, 4,16 m; largura, 1,73 m; altura, 1,48 m; entre-eixos, 2,56 m
Porta-malas: 291 litros
Tanque: capacidade não informada

Murilo Góes/UOL

Fiat Argo 1.0

Preço: R$ 49.590
Motor: 1.0, 6V, 3 cilindros em linha, flex
Câmbio: manual de 5 marchas
Potência: 77 cv / 72 cv a 6.250 rpm
Torque: 10,9 kgfm / 10,4 kgfm a 3.250 rpm
0 a 100 km/h: 13,4 s (etanol)
Velocidade máxima: 162 km/h (etanol)
Consumo: 9,1 km/l / 10,4 km/l (etanol) / 13 km/l / 14,7 km/l (gasolina)
Dimensões: comprimento, 4 m; largura, 1,72 m; altura, 1,50 m; entre-eixos, 2,52 m
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 48 litros

Ficha técnica

Preço: R$ 53.590
Motor: 1.0, 12V, 3 cilindros em linha, flex
Câmbio: manual de 5 marchas
Potencia: 84 cv / 75 cv a 6.350 rpm
Torque: 10,4 kgfm / 9,6 kgfm a 3.000 rpm
0 a 100 km/h: 13 s
Velocidade máxima: 170 km/h
Consumo: 8,8 km/l / 10 km/l / 12,9 km/l / 14,3 km/l
Dimensões: comprimento, 4,05 m; largura, 1,75 m; altura, 1,46 m; entre-eixos, 2,56 m
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 50 litros
Peso: 1.072 kg

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