Perua do Camaro existe e faz sucesso no Brasil, mesmo sem bênção da GM
"Quem é que nunca quis ter um Camaro?", pergunta um marceneiro do Recife (PE) que esbarrou na impossibilidade financeira para concretizar seu sonho. Dinheiro sobrando realmente ele não tem, mas Paulo Cunha da Silva, de 47 anos, botou a criatividade para funcionar, projetou e produziu seu próprio "Camaro artesanal".
O veículo, que usa uma carenagem de madeira que simula o esportivo da Chevrolet, é sucesso por onde passa.
A UOL Carros, Cunha conta que o desejo de comprar um Camaro amarelo e desfilar com o possante pela ruas do Recife é antigo.
O valor longe da sua capacidade financeira impôs ao marceneiro a necessidade de se superar.
Ele decidiu usar seus 30 anos de experiência na construção de móveis planejados e trouxe o sonho para o campo das ideias possíveis.
Projeto começou há 5 meses
A transformação da sua Chevrolet Ipanema 1992 teve início há cinco meses e ganhou o apoio da família.
"Comecei colocando o nome pintado da lateral. O povo foi gostando e fui fazendo a carenagem com madeira. No começo, a família me chamou de doido, mas agora todos lá em casa gostam de andar no carro", continuou.
O desafio atual é finalizar a transformação do Camaro artesanal.
"Até o fim do ano espero deixar ele completo e conversível".
O carro é famoso e tem até página nas redes sociais. Por onde passa, o povo pede para parar, tira foto e escuta Paulo contar como se deu o processo de produção.
A tapioqueira Cláudia Maria é uma das admiradoras do veículo. "Vejo quando ele passa. É bem curioso. Que bom que ele quis e tomou a atitude de fazer. Acho que a gente tem que ser assim mesmo: decidido. Tomara que não dê multa para ele", disse.
Risco de levar multa
Paulo diz que sua Ipanema está toda regularizada e nunca foi autuado pelo uso da carenagem.
No entanto, especialista consultado sustenta que a "perua do Camaro" está desacordo com a legislação de trânsito.
"Todo veículo artesanal deve ter um projeto técnico assinado por engenheiro responsável técnico, com formação ou habilitação na área mecânica, o que não é o caso", analisa o advogado Marco Fabrício Vieira, integrante do Cetran-SP (Conselho Estadual de Trânsito de São Paulo) e autor do livro "Gestão Municipal de Trânsito, Aspectos Jurídicos e Administrativos".
Vieira acrescenta que, na sua avaliação, o Camaro artesanal do Recife também não é uma réplica legalizada.
"A réplica é o veículo produzido por um fabricante de pequena série e que se assemelha a outro veículo que foi descontinuado há pelo menos 30 anos e possua licença do fabricante original, seus sucessores ou cessionários ou atual proprietário de tais direitos", ressalta.
O advogado define a atração recifense como um veículo automotor com "elemento externo de madeira, tipo carenagem, cuja função única é travestir ou fantasiar o veículo como se fosse um Chevrolet Camaro amarelo".
O projeto do marceneiro Paulo Cunha, conclui o especialista, é passível de infração grave, com multa e recolhimento do veículo, além de poder ferir a legislação de patentes, por reproduzir desenho industrial sem autorização da marca.
"Embora seja um tipo de carenagem, ela altera significativamente as suas características de fábrica (cor, sistema de iluminação, suspensão, pneus, rodas, etc), podendo causar demasiado prejuízo à segurança."
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