Em passeio por alambique, cliente visita museu e tem dia de "sommelier de cachaça"
Tereza Rodrigues
Do UOL, em Belo Horizonte
Que tal degustar diferentes cachaças e poder avaliá-las, como fazem os experts? No Vale Verde Alambique e Parque Ecológico, empreendimento turístico que fica em Betim, região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), os visitantes podem brincar de especialistas durante um dia.
Ali, o espaço degustação é permanente e tem cerca de 50 marcas reconhecidas em premiações. Os apreciadores podem provar cinco doses por vez (a R$ 35), orientados por um "cachacier", profissional especializado na famosa "branquinha". Depois, usando uma cartilha sobre os pontos a serem observados, cada um pode montar um ranking, elegendo seus rótulos favoritos.
Especialista ensina como reconhecer uma boa cachaça
*Aspectos visuais: uma boa cachaça tem brilho e não apresenta películas. "Coloração turva (escura) indica que não tem qualidade. Se a cachaça for envelhecida, fica mais amarelada ou amarronzada; mas, mesmo crua, a cachaça deve brilhar. E qualquer tipo de sujeira caracteriza mal armazenamento", conta Valesca Campos, profissional da Vale Verde |
*Para fazer o "Teste do Rosário" ou o teste visual, ajuda a observar a limpidez, a cor e o brilho da bebida. Para realizá-lo, você deve segurar o copo pela base. A consistência dos arcos (ou "lágrimas") indica boa viscosidade da bebida |
*Aroma: o primeiro cheiro que você vai sentir em uma boa cachaça é frutal. "Se for envelhecida, logo se sente também os aromas da madeira. Mas o aroma do álcool deve ser o último a ser sentido", explica a especialista. Já as cachaças brancas não têm o aroma da madeira |
*Degustação: cachaça de qualidade tem que ser agradável ao paladar. Ao provar, o degustador deve passá-la por toda a boca. E ao engolir, a bebida não pode queimar", ensina Valesca Campos |
*Para uma boa degustação, a especialista indica ainda que sempre se comece pelas cachaças límpidas (não envelhecidas) para depois chegar às mais amareladas (envelhecidas). "O copo não deve ser completamente cheio, coloque somente uns 70% do limite do conteúdo, fica melhor para observar as características pontuadas acima", conclui |
"As opções que apresento na degustação foram retiradas de seleções nacionais que acontecem anualmente. Queremos criar uma espécie de ranking mineiro, ou seja, listar as cachaças com as melhores avaliações no Brasil", explica a gerente do parque, Pollyanna Mendes.
Ela conta ainda que a ideia é tornar o Vale Verde uma referência em conhecimento sobre as peculiaridades das diversas variações da bebida destilada saboreada nos interiores do Brasil – e, claro, em Minas Gerais, um dos estados-símbolo da produção brasileira.
No parque, os visitantes também podem conhecer o processo de produção da bebida, da moagem da cana até o envelhecimento em tonéis de carvalho. E ainda visitar um Museu da Cachaça, uma viagem no tempo pelos painéis que ilustram a história da bebida. No total, o Museu conta com um acervo com mais de 2 mil exemplares de diversas marcas.
Entre as curiosidades, garrafas históricas, com nomes curiosos e formas diferentes. Entre elas, a da cachaça Pelé Caninha, dedicada ao ex-jogador pela conquista da Copa de 1958.
A bebida no entanto, teria sido retirada do comércio pois Pelé não teria gostado da homenagem e de ter seu nome vinculado a uma bebida alcoólica. O craque teria entrado com uma ação judicial retirando todas as garrafas do mercado – das cinco que teriam sobrado, uma é justamente a que está no museu.