De restaurantes a botequins, guia faz raio X da gastronomia do Rio de Janeiro
Carol Zappa
Do UOL, no Rio
Com forte influência da culinária de nossos colonizadores portugueses, a gastronomia carioca é tão diversificada quanto seus conterrâneos: das feijoadas das escolas de samba e sushis preparados na feira, pra degustar de bermuda e chinelo, às receitas elaboradas dos restaurantes mais estrelados que pedem as grandes ocasiões.
Para quem está de passagem pelo Rio de Janeiro ou mesmo para quem mora na cidade, o delicioso "Guia do Gosto Carioca", do jornalista bom de garfo Bruno Agostini, é para levar debaixo do braço quando se for explorar a boa mesa da cidade maravilhosa. E por boa mesa, entenda-se desde os tradicionalíssimos botequins e "pés-sujos" às mais requintadas cozinhas.
O autor mapeia o melhor da baixa e da alta gastronomia e reúne 250 endereços que merecem ser visitados na cidade e nos arredores – entre bares, restaurantes, padarias, sorveterias, cafés, delicatessens, cervejarias e até quitutes de praia e de rua: "o fio condutor, que dá unidade ao conjunto, é a qualidade da comida", explica.
Dá para selecionar pela nacionalidade da cozinha, por categoria (pós-praia, românticos, bons e baratos) ou geograficamente – o bom é que ele não se concentra apenas no Rio, e revela segredos bem escondidos da vizinha Niterói, da região serrana e do litoral fluminense.
Abaixo, o jornalista entrega de bandeja os pratos e lugares que os turistas ou moradores não podem deixar de visitar, e sugere um roteiro 24h para matar a fome em todas as refeições.
Qual é o segredo mais bem escondido da cidade?
Acho que é o Aboim, em Copacabana. Ali, comemos PFs a R$ 9, extremamente saborosos. É um lugar minúsculo, que ainda por cima tem vista para a praia de Copacabana. É a cara do Rio, reunindo pedreiros que fazem obra na região, PMs, guardas municipais, porteiros e pessoas que ficam ali, bebendo e operando na compra e venda de ações.
Existe uma gastronomia carioca? Quais são suas características?
A cozinha carioca tem raízes portuguesas muito fortes. É o bolinho de bacalhau, o cordeiro assado, além de algumas receitas nascidas aqui, com influências diversas, como a sopa Leão Veloso e o filé à Oswaldo Aranha, além da feijoada, claro, e de pratos rurais. Existe ainda uma boa dose de Alemanha, e o kassler à mineira do Bar Brasil revela essa face.
Onde encontrar os melhores representantes desses pratos ou ingredientes típicos?
Podemos encontrar essa cozinha em restaurantes tradicionais, como Cosmopolita, Alvaro's, Nova Capela, Adonis, e nos botequins, como Jobi, Amendoeira, Bar da Portuguesa, entre tantos outros. Destaco, ainda, o Bar Brasil, o Rio Minho, o Bracarense, o Pavão Azul...
Aonde você levaria um amigo turista para conhecer a verdadeira alma carioca?
Aconchego Carioca, que é um bar revolucionário. O bolinho de feijoada, o camarão na moranga e outras receitas dali são dignos de antologia.
Um roteiro 24h "carioquíssimo" pela cidade
Para começar bem o dia: café da manhã na Escola do Pão, na Lagoa. Pães de fabricação própria e um farto banquete.
O melhor petisco e o melhor chope pós-praia?
Copacabana é ótima para isso. Acho sensacional a Adega Pérola, para uns chopes com polvo ao vinagrete.
Para o almoço: o tradicional Rio Minho, no Centro.
Lanche da tarde: Confeitaria Colombo (a centenária loja do Centro tem também uma filial no Forte de Copacabana, com bela vista para a praia).
Um jantar mais fino: Bazzar, em Ipanema.
Um lugar para impressionar a pessoa amada?
O Roberta Sudbrack, da chef que faz poesia comestível.
Para matar a fome na madrugada: Jobi, Nova Capela, Cervantes ou Lamas, o quarteto fantástico das noites boêmias.
Serviço:
"Guia do Gosto Carioca" , de Bruno Agostini
Ed. Senac, 304 págs
Preço: R$ 49