Visita revela os bastidores da fábrica do doce mais tradicional da capital portuguesa

Eduardo Vessoni*

Do UOL, em Lisboa

Eis a receita do Pastel de Belém, doce mais famoso da capital portuguesa: guardar em segredo seus ingredientes e o modo de preparo por mais de 170 anos.


Localizada em uma casa de 1837, a fábrica que produz os tradicionais Pastéis de Belém se orgulha de preservar desde então a receita secreta inventada no interior do Mosteiro dos Jerônimos, atração histórica deste bairro localizado a 20 minutos do centro de Lisboa.

Embora estes pasteizinhos de nata sejam conhecidos mundialmente como Pastéis de Belém, apenas esta empresa localizada no bairro de Lisboa com o mesmo nome tem os direitos de usar a marca 'Pastéis de Belém'.

Basta visitar outros estabelecimentos comerciais da capital portuguesa, como as cenográficas docerias e padarias da cidade, para ver que essas iguarias são feitas com receitas diferentes e são comercializadas como 'pastéis de nata'

Atualmente, apenas cinco dos 160 funcionários conhecem o processo completo. São profissionais de confiança, como o gerente e o 'mestre de segredo', que estão no local há mais de 15 anos e que assinaram um contrato de confidencialidade.

A massa e o creme são feitos na Oficina do Segredo, uma sala fechada com acesso restrito, e levam três horas para ganharem as cobiçadas vitrines do balcão do salão principal.

Já em território permitido, a massa preparada com ovos, farinha, leite e manteiga é esticada, cortada e colocada em formas, manualmente, antes de ganhar o tradicional creme que vem de uma máquina – a única etapa da preparação que não é artesanal. O processo completo de montagem dos doces e o assar no forno demoram cerca de 20 minutos.
 
O movimento nas áreas de produção é intenso e aqueles funcionários parecem ter olhos apenas para aqueles doces de massa crocante e recheio cremoso. Todas as manhãs, a sala de montagem é uma mistura de sensações como o cheiro de 'pastel' recém assado e o barulho incessante de formas sobre os tabuleiros.

Após retirados do forno, os pastéis de Belém ainda permanecem por mais um tempo até que estejam em uma temperatura adequada para serem desenformados. É neste momento  que se faz também uma última triagem e são retirados as unidades mais queimadas ou fora do padrão.

Para os clientes mais curiosos, o local conta com uma vitrine a partir da qual é possível acompanhar parte do processo final de preparação dos doces.

A fila lá fora diante do balcão é grande e o movimento de clientes pelos salões antigos revestidos por azulejos azulados é intenso, onde se consome, diariamente, 20 mil unidades deste produto.

Criado no início do século 19 logo após uma revolução portuguesa fechar todos os mosteiros do país, o doce foi uma tentativa de manter a sobrevivência daqueles religiosos e começou a ser vendido próximo ao Mosteiro dos Jerônimos, em Belém.

Aquela gente não sabia que estava por inventar o segredo mais bem guardado e consumido de toda Lisboa.


SERVIÇO
Pastéis de Belém
Rua de Belém, 84, Lisboa, Portugal
De seg. a dom. das 8h às 23h (fecha à meia-noite nos meses de verão)
www.pasteisdebelem.pt

 

 

* O jornalista viajou a Lisboa com o apoio do Turismo de Portugal (www.visitportugal.com) Turismo de Lisboa (www.visitlisboa.com )

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