Topo

Chef que celebra a qualidade e o prazer da alimentação, Alice Waters visita escola em São Paulo

Proprietária do restaurante Chez Panisse, nos EUA, Alice Waters preside a associação Slow Food - Folhapress
Proprietária do restaurante Chez Panisse, nos EUA, Alice Waters preside a associação Slow Food Imagem: Folhapress

Tatiana Damberg

Do UOL, em São Paulo

08/11/2012 19h07

Famosa por seu trabalho junto de resgate da cozinha simples e vice-presidente do movimento slow food, a chef norte-americana Alice Waters visitou hoje pela manhã uma escola pública em Perus, zona oeste de São Paulo. Durante o passeio, ela pôde ver de perto o funcionamento da horta da escola, onde há quatro meses a prefeitura instalou uma unidade da Escola Estufa Lucy Montoro, programa criado para estimular a produção de hortaliças, vegetais, plantas aromáticas, espécies para paisagismo e retomar o conceito de hortas comunitárias.

Durante a visita, Alice Waters divulgou o programa Edible Schoolyard, de sua autoria, que implanta hortas orgânicas em escolas e prometeu doar verba para que os alunos plantem árvores frutíferas no terreno da escola.

Proprietária do restaurante Chez Panisse em Berkeley, Alice Waters está em São Paulo participando da Semana Mesa São Paulo, congresso de gastronomia promovido pela revista Prazeres da Mesa. Durante sua palestra no evento, na última segunda feira (5), a chef deu um tom político e apaixonado à sua fala.

Em sua primeira visita ao Brasil, elogiou o trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, de Alex Atala e de José Graziano da Silva, diretor da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Ela aproveitou para criticar a cultura dos fast food e seus valores deturpados e alertou para a contaminação da mentalidade -não só americana como mundial- por estes valores. Como antídoto, propôs a cultura Slow Food, que prega a disseminação do alimento bom, limpo e justo, e a construção de comunidades locais de produtores e consumidores. "A comida saborosa e prazerosa irá trazer as pessoas de volta", disse. 

Patrimônio da Humanidade

Logo em seguida, Carlo Petrini, presidente e fundador do movimento Slow Food, subiu ao palco. Em pouco tempo e com seu carisma italianíssimo, recebeu palmas calorosas da plateia, que voltaram a se repetir ao longo de todo seu discurso. Carlo defendeu a preservação da biodiversidade, dizendo ser ela imprescindível para a gastronomia mundial: "Não há gastronomia sem matéria-prima, os chefes precisam da diversidade de ingredientes para suas criações".

Ele ressaltou a importância da gastronomia como assunto holístico, em que devem ser levados em consideração todos os fatores interligados. Agricultura, ecologia, produtores, coprodutores (como denomina os consumidores), cozinheiros e todos os envolvidos na cadeia devem se interessar em preservar a riqueza dos ingredientes como se fossem patrimônios da humanidade, tão importantes como basílicas e monumentos.

A Semana Mesa SP é promovida pelo Senac e pela pela revista Prazeres da Mesa acontece até sexta (9).