Copo comestível vira atração em bar de smoothie em São Paulo
Era para ser um espaço de reconexão, que se destacasse pelas aulas de yoga que acontecem no piso superior e os smothies - bebida refrescante e cremosa a base de frutas - servidos no bar instalado logo na entrada.
Mas o que mais tem chamado a atenção no Smuv, empreendimento dos sócios Zak Tyler, Lourenço Bustani, Germano Lincoln e Fred Gelli, inaugurado há poucos meses no Jardins, são os copos comestíveis. Detalhe inusitado que tem levado muita gente a conhecer o lugar.
Produzida nesse formato com exclusividade para a casa, a embalagem biodegradável é feita com fécula de mandioca (a mesma utilizada para fazer tapioca ou pão de queijo).
Misturado à água, o polvilho forma uma massa pastosa que se expande e solidifica ao ser adicionada a um molde de alumínio aquecido. Em pouco mais de 1 minuto está pronta a mágica.
"É uma bolacha de alta precisão", define Erika Cezarini Cardoso, sócia da OKA, empresa responsável pela fabricação do copo. Segundo ela, a ideia de trabalhar com mandioca para fazer embalagens nasceu há 20 anos, no Centro de Raizes Tropicais da Unesp de Botucatu (SP).
"Nosso objetivo sempre foi reduzir o lixo no mundo", conta ela. Compostável, a embalagem se decompõe completamente em apenas 20 dias na terra.
No teste que fizemos, o copo com capacidade para 500 ml aguentou pouco mais de uma hora sem ter a estrutura completamente comprometida -- amoleceu, mas não vazou o smoothie, que, por ser vendido bem gelado, como um sorvete, ajuda a retardar a ação da umidade.
Após esse período, a massa voltou a seu estado original, gelatinoso, lembrando uma colinha. Por essa razão, a casa restringiu as entregas do smoothie apenas à região. "Ainda assim, 40% das vendas são nesse modelo", conta Tyler, responsável pela criação dos smoothies.
Atualmente o cardápio conta com seis opções. Entre eles o Green Goddess, que leva abacate, leite de coco, leite de amêndoas, banana, couve, espirulina, manga e tâmaras, e o Pink Power, feito com camu-camu, banana, morango, leite de coco, tâmara e leite de amêndoas.
"Sentia falta de um lugar com smoothies gostosos e saudáveis em São Paulo", diz Tyler, que viajou para Bali, Tailândia, Los Angeles, Japão, México e Nova York para pesquisar as combinações possíveis.
Para tentar aumentar a resistência do copo, a OKA começou a colocar uma pequena porcentagem de fibra de pupunha orgânica nas embalagens, mas a mistura ainda não permite que se lave ou coloque líquidos no recipiente, como seria possível caso fosse adicionada fibra de bambu, coco ou cana. As alternativas tirariam ainda o principal diferencial do copo: ser comestível.
Não que seja gostoso. Diferente dos smoothies da casa, feitos com ingredientes orgânicos e superalimentos, o copo em si não tem gosto de nada. A não ser no finzinho, quando já absorveu um pouco do preparo. Mas trata-se de uma experiência divertida.
De acordo com Erika, também é possível acrescentar saborizantes, colorantes e sementes, para dar mais riqueza à massa.
A empresa já produziu outros formatos de embalagem comestíveis para o restaurante japonês Chirashi.Ya (potes triangulares) e bufês (minicolheres e copinhos), mas a ideia é tornar a tecnologia acessível por meio de licenciamentos. "Tem muita gente interessada, principalmente de fora."
Por enquanto o Smuv não pretende aumentar a linha de embalagens comestíveis, nem mesmo vendê-las diretamente ao público. "O copo está alinhado com nosso propósito de ter embalagens bioecológicas - as colheres plásticas são feitas a base de milho - mas ele custa três vezes mais do que os regulares", diz Zak.
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