Viaje pela história dos cinco queijos mais clássicos e deliciosos da França
Com mais de 1.200 tipos de queijos, alguns raros, a França proporciona viagens gastronômicas em diferentes regiões para degustar essas delícias produzidas em condições únicas de clima e terra, que dão os sabores ímpares.
Um deles é o roquefort, que só pode ser feito em cavernas francesas, pois só lá nascem, naturalmente, os fungos que fazem do queijo uma iguaria. Há até uma história de amor em sua descoberta.
"Você volta com 10 mil fotos de uma viagem, e, às vezes, ninguém quer ver. Mas se servir o queijo daquele destino tão especial, garanto que todos querem comer e vão dar atenção ao lugar de onde veio", brinca Charles Duque, diretor das Americas do CNIEL (Centro Nacional Interprofissional da Economia Leiteira da França).
Região: Normandia
Queijo: camembert
Região Noroeste da França, a Normandia coleciona paisagens ímpares, como as falésias e Étretat e o castelo-fortaleza Mont Saint-Michel, patrimônio da humanidade da Unesco. Também carrega a história da decisão da Segunda Guerra, pois foi em suas praias que aconteceu o Dia D.
Três queijos principais se destacam na região, livarot, pont-l'évêque e o mais conhecido dos brasileiros, camembert.
"Camembert só pode ser produzido na Normandia pelas condições climáticas. Há muito sal no ar, que chega ao pasto para o consumo das vacas. Até a terra é diferente e influencia no sabor do produto final", acrescenta Charles Duque.
O queijo cremoso deve ser consumido com a casca, um tipo de mofo com sabor da terra. A casca é muito importante, pois dá textura na boca, aconselha o especialista. Ao servir, corte como um bolo.
Para ampliar a viagem gastronômica, Normandia também é a terra dos calvados, um destilado de maçã que só é produzido lá. A bebida, forte como aguardente, conta com tours em destilarias centenárias, abertas para o turista conhecer a produção.
Da maçã na Normandia também se faz a bebida fermentada sidra, que nada tem a ver com a homônima conhecida no Brasil. Vale a pena provar a original.
Região: Franche Comté
Queijo: comté
Inventado na idade média, o queijo comté só é produzido na região francesa Franche Comté, que faz fronteira com a Suíça. A maturação do queijo se estende de quatro meses a mais de um ano, em temperatura controlada.
A região montanhosa é uma das principais em navegação fluvial do país e proporciona turismo de contato com a natureza. Para aventureiros, o local tem rios, lagoas, cachoeiras, para trilhas e rotas ciclísticas com paisagens incríveis.
Com inverno rigoroso, a região tem estações de esqui e condições para prática de mais esportes de inverno. Primavera e outono têm chuvas, o que proporciona o clima ideal para a produção desse tipo de queijo.
O comté é composto por pasta dura, prensada, feita de leite cru, gordo e é produzido em peças que chegam a 80 quilos. É feito com leite integral de vaca, de forma artesanal.
"É um dos queijos mais consumidos nas França, de sabor suave. Ele está muito presente em lanches, servido em fatias", explica Charles Duque. O queijo também é base para fondues e raclettes, queijo derretido consumido principalmente com pães e batatas.
Região: Midi-Pyrénées
Queijo: roquefort
O queijo azul mais famoso do mundo foi primeiro francês a ter a produção controlada. Só pode ser feito na comunidade montanhosa de Roquefort-sur-Soulzon, no sudoeste da França, que conta com a geologia e clima perfeitos para o queijo.
As cavernas onde são produzidos os originais, Roquefort Société Caves, recebem mais de 100 mil visitantes ao ano. Durante o tour, leve casaco, pois a temperatura lá dentro não passa dos 10°C.
As condições climáticas foram possíveis graças a um grande terremoto que aconteceu na região. O fungo penicillium roqueforti se instalou nas paredes das cavernas francesas, criando o clima ideal para a produção deste queijo, feito com leite de ovelhas.
A visita inclui história, detalhes da produção, degustação e finaliza em uma lojinha, de onde é impossível sair sem comprar o queijo ou derivados.
Reza a lenda que a iguaria foi descoberta por causa de uma história de amor. Um pastor de ovelhas distraiu-se com uma pastora enquanto preparava um lanche.
Para ir atrás da moça, ele esqueceu seu pão com queijo dentro da caverna, nas montanhas da região. Quando voltou, encontrou-o coberto de bolor. Comeu mesmo assim, pois estava delicioso.
Região: Vosges
Queijo: munster
Produzido em região montanhosa, o munster é caracterizado pela casca lavada com água e sal. Durante a produção, todos os dias, os queijos são lavados e escovados.
"Com esse processo, ele desenvolve bactérias ao redor da casca, o que proporciona o cheiro bastante forte, mas o sabor permanece suave", explica Charles. A casca é levemente úmida, pela lavagem constante durante o amadurecimento, e dentro, é cremoso.
O queijo inventado pelos monges, no século 15, e uma das lendas conta que a origem do nome munster é derivado de monastère, em francês, que significa mosteiro. Um dos jeitos mais deliciosos de provar o queijo é prepará-lo como raclette.
Pela região de Vosges, além de fazer degustação do queijo, aproveite para conhecer Colmar, ali do lado, uma das cidades mais lindas da frança, de arquitetura medieval e ares de contos de fadas.
Região: Borgonha
Queijo: brillat-savarin
Famosa pelos vinhos e castelos, a linda região de Borgonha tem outra joia a ser degustada com calma, o queijo supercremoso brillat-savarin. Ele é parecido com o brie, que já é amado do brasileiro, mas de consistência diferente.
"É um queijo do tipo "triple créme", que leva 75% a mais de manteiga na produção, que o deixa extremamente cremoso. Pode combinar com doces e salgados na hora de consumir", explica Charles.
O queijo brillat-savarin ganhou este nome em homenagem ao político e chef francês Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755 - 1826), autor de uma frase bem conhecida: "Diga-me o que comes e te direi quem és".
A região da Borgonha deve ser programada com a calma que exige uma viagem gastronômica. Além do queijo ímpar, é também a terra da mostarda dijon e conta com lojas só para venda e degustação de variedades de mostarda.
Para finalizar, combine tudo isso com os vinhos da região, sendo as uvas mais comuns os tintos pinot noir e brancos chardonnay.
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