Consumo sustentável

Móveis e objetos usados podem ganhar vida nova na decoração; saiba como garimpá-los

Por Julia Guglielmetti

O problema

A fabricação de novos produtos sempre irá demandar a utilização de recursos naturais, como água, energia e matérias-primas. A maior parte do plástico vem do petróleo, o vidro vem da areia e o papel, da árvore.

Cada vez que um móvel ou objeto é confeccionado, é necessário extrair materiais da natureza ou produzi-los de maneira controlada. Nem sempre isso é feito de forma sustentável.

Na maioria dos casos, a produção e a distribuição também emitem gases do efeito estufa. E ainda há a geração de resíduos, tanto de sobras de fabricação quanto do descarte feito dos produtos quando perdem a sua serventia.
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Não há razão para comprar tudo novo

"Já existe muita coisa no mundo", fala Bruna Galliano, criadora de conteúdo e, como ela mesma se define, "rainha do garimpo".

O produto mais ecológico é o que já existe, que já foi feito. Por isso, a reutilização de móveis e objetos é tão importante: poupa recursos, emite menos gases do efeito estufa, dá-se uso ao que seria considerado lixo, geralmente há economia financeira e ainda compõem-se a decoração com muito estilo.
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A descoberta de peças

"Garimpo" é o termo relacionado à busca por pedras e metais preciosos na natureza, por isso acabou sendo incorporado ao mundo dos usados, em referência à descoberta de objetos e mobílias interessantes. Essas peças geralmente são encontradas em situações de descarte ou vendidas a preços desvalorizados. Em muitos casos, é preciso procurar muito, entre diversos produtos, até achar algo. É como se deparar com um tesouro.
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Além da sustentabilidade

"O produto usado possui marcas e histórias únicas, que possibilitam uma conexão emotiva, diferentemente de como é a relação com objetos produzidos em larga escala. Garimpar essas peças dá a oportunidade de continuidade às narrativas afetivas", comenta Grazi Cavalcanti, fundadora do Ap do Centro, loja de objetivos antigos focada em bairros centrais da cidade de São Paulo (SP).

Para Derek Mangabeira, fundador da Archivo, uma marca com curadoria de móveis e objetos antigos do Rio de Janeiro (RJ), "é possível trazer para o lar móveis e objetos singulares, que trazem memórias, vivências e características únicas".
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É possível decorar a casa toda

Os garimpeiros Derek e Grazi têm algo em comum: sempre procuram peças de segunda mão para decorar ou equipar a própria casa.

"Quase todos os móveis e objetos do meu apartamento são garimpados ou de material de descarte. Até os móveis planejados sob medida foram adaptados por mim", fala Grazi.

Produtos novos, de lojas convencionais, só entram na casa de ambos quando as buscas por algum item específico já foram esgotadas!
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Mesclando o novo com o antigo

A criadora de conteúdo Bruna Galliano prefere misturar o novo e o velho para trazer personalidade à decoração da casa. "Por aqui tem armário antigo que depois de começar a restaurar descobri que era uma relíquia e também tem mesa de jantar novinha de madeira", diz.
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Eu gosto de objetos com história. Gosto de imaginar todas as casas pelas quais eles passaram, de quais decorações já fizeram parte, se eram amados ou esquecidos em algum cantinho

Bruna Galliano,
criadora de conteúdo

Como garimpar?

Arraste para o lado e confira sete dicas para conseguir os seus tesouros, exercitar o consumo consciente e deixar a casa bem decorada.
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1. Reeduque o olhar

"Uma prática que ajuda a encontrarmos objetos a um valor mais acessível é reeducar o olhar para o que procuramos. A gente foi ensinado que o bom é o novo, mas isso não precisa ser assim. As coisas com marcas do tempo têm também uma beleza riquíssima que pode contribuir para construirmos um lar repleto de história", explica o fundador da Archivo.
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2. Frequente lugares propícios

"Para descobrir bons garimpos, é interessante frequentar bazares de igrejas, lojas de usados, feiras e 'famílias vendem tudo'. Algumas lojas aceitam troca na negociação", recomenda Grazi
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3. Crie o hábito

"Garimpar é um ato contínuo. Às vezes a gente dá a sorte de ir em algum lugar e na primeira vez encontrar algo fantástico, mas o garimpo acontece no dia a dia. Tem que ser um hábito", fala Derek.
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4. Busque na internet

"Para encontrar objetos e móveis mais baratos, sempre sugiro lojas físicas mais simples e sites como OLX, Mercado Livre e Facebook Marketplace. O segredo é não ter muita pressa", diz Bruna.
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5. Faça parte de uma rede

Segundo Derek, quando se está envolvido nos garimpos, frequentando feiras e bazares, é comum conhecer fornecedores, que indicam parceiros e, assim, vai-se criando uma rede que ajuda nesse processo de encontrar peças legais a um valor acessível.
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6. Analise a condição das peças e restaure quando necessário

Para peças maiores e mais caras, é recomendado sempre fazer uma vistoria antes de fechar negócio. É importante observar se há avarias, sinais de mofo, manchas e partes quebradas.

"Muitas vezes os móveis precisam de algum restauro. Então, ou você mergulha de cabeça nesse universo e começa a estudar como fazer isso ou encontra um bom restaurador", recomenda Bruna.
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7. Acompanhe garimpeiros profissionais

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Publicado em 03 de novembro de 2021.
Reportagem: Julia Guglielmetti
Edição: Fernanda Schimidt

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