Fizeram história

Nísia Floresta: quem foi a primeira escritora feminista brasileira a mudar o destino das mulheres no país

Por Marcos Candido

Nísia Floresta publicou o primeiro livro a discutir a condição imposta às mulheres no Brasil, em 1832. A obra 'Direitos das mulheres e injustiça dos homens' (foto) estimulou a luta pelos direitos das mulheres no país -- incluindo no Rio Grande do Norte, onde nasceu.
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Dionísia Gonçalves Pinto nasceu em 1810 e adotou o nome Nísia Floresta. Era filha de um português e uma brasileira, membros da elite das províncias de Pernambuco e Rio Grande do Norte. Aos 13 anos, casou-se com um latifundiário. Meses depois, pôde se separar e voltar para os pais.
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Em 1831, vira colunista do jornal feminista pernambucano Espelho das Brasileiras. Aos 22 anos, lança o 'Direitos das mulheres e injustiça dos homens'. A obra é tida como uma tradução da francesa anônima Sophia e da inglesa Mary Wollstonecraft (foto), duas referências feministas históricas.
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Se cada homem, em particular, fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para seu uso, que não somos próprias senão para procriar e nutrir nossos filhos na infância, reger uma casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles, homens.

Nísia Floresta,
Escritora e educadora
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Nísia se mudou para Porto Alegre e foi amiga de Anita (foto) e Giuseppe Garibaldi. Em 1838, se muda para o Rio de Janeiro, onde a Corte estabeleceu os primeiros centros de pesquisa e educação com o objetivo de criar uma identidade nacional e intelectual no Brasil. Ali, a escritora começa a defender o direito ao ensino para meninas.
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Há poucos registros, mas Nísia teria aprendido francês e italiano com freiras ainda no Nordeste e, além de escritora, tornou-se educadora. No Rio de Janeiro, dirige o Colégio Augusto na rua Direita, atual rua 1º de março. A educação para meninas da época era resumida a conventos, institutos para ensinar trabalho doméstico ou professores particulares.
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[O Colégio Augusto] é um momento de suma importância para a história da educação feminina no Brasil.

Nísia Floresta,
Escritora e educadora
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O colégio é criticado pelo ensino considerado 'avançado' para as meninas e fecha as portas 18 anos depois. Nísia, então, se muda para a Europa. No Rio de Janeiro e em capitais brasileiras, publicações voltadas ao direito das mulheres ganham força entre a elite.
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No século 19, o Rio Grande do Norte de Nísia já era pioneiro nos direitos das mulheres. O estado foi o primeiro a permitir o voto feminino no Brasil, em 1927. Grandes líderes feministas, como Bertha Lutz e Natércia da Cunha Silveira, usaram a força sufragista do RN para propagar ideias e conquistar o direito ao voto das mulheres em todo o país, em 1932.
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Morte

Em 24 de abril de 1878, Nísia morre em Bonsecours, na França. O seu livro foi republicado três vezes e é considerado um marco da primeira onda do feminismo no Brasil. Até a sua morte, ela ainda publicou outros livros e artigos em defesa da emancipação das mulheres por meio da educação.
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Na década de 40, Nísia Floresta virou nome de uma cidade em sua homenagem no Rio Grande do Norte.
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Os homens educados na ociosidade e na moleza são mais fracos que as mulheres; estas, endurecidas pela necessidade, são frequentemente mais fortes do que eles.

Nísia Floresta,
Educadora e escritora
Ravena Rosa/Agência Brasil
Publicado em 27 de Maio de 2022.
Reportagem: Marcos Candido

Edição: Ana Prado

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