Fizeram história

Rosalind Franklin, a mulher responsável por descobrir a estrutura do DNA

Um manual da vida

O DNA, ou ácido desoxirribonucleico, é considerado o "manual de instruções da vida". Em outras palavras, ele é a estrutura que carrega o código genético, que determina a forma e o funcionamento de cada pedacinho do corpo dos seres vivos.
Reprodução/Nature
O conhecimento da estrutura do DNA (duas hélices em formato helicoidal) inaugurou uma nova era nas ciências biológicas: possibilitou inúmeros estudos, tratamentos e exames. Sem ele, não seria possível, por exemplo, fazer testes de paternidade ou de predisposição para males como o câncer.
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Garota prodígio

A responsável por este marco na história da ciência é a britânica Rosalind Franklin. Nasceu em Londres, em 1920, e, já na escola, tinha desempenho exemplar nas aulas de ciências. Em uma época em que as garotas mal chegavam à faculdade, Rosalind ganhou uma bolsa de estudos na Universidade de Cambridge, onde obteve seu doutorado em química.
Reprodução/Physics Today/Vittorio Luzzati
Antes do DNA, ela se interessou por outros temas. O estudos conduzidos por Rosalind sobre a estrutura do carvão, por exemplo, foram responsáveis por aprimorar as máscaras de gás utilizadas pelos ingleses durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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Difração de raios X

Em rápida passagem pela França, a britânica aprendeu sobre difração de raios X, técnica que seria crucial em seus experimentos anos depois. De volta à Inglaterra, Rosalind se juntou à equipe da universidade King's College, onde utilizou tais conhecimentos para o estudo do DNA.
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Foto 51

Foi usando a técnica de raios X que a cientista conseguiu registrar uma imagem, batizada de "foto 51", que continha pistas vitais para a descoberta da estrutura do DNA. À época, ninguém tinha a dimensão da importância do registro.
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Watson e Crick

A ciência não era amistosa com as mulheres, porém. Maurice Wilkins, chefe do laboratório, conseguiu a foto e alguns dados levantados por Rosalind e compartilhou o material com outros dois cientistas que também estudavam a forma do DNA: James Watson e Francis Crick.
A dupla incorporou os dados de Rosalind ao próprio estudo. Um ano depois, em abril de 1953, publicou um modelo da forma do DNA na revista científica "Nature", sem citar a britânica. Watson e Crick sugeriram que o DNA é feito de duas fitas helicoidais.
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Rosalind, que também chegara à mesma conclusão, submeteu o próprio trabalho ao periódico. A "Nature" publicou ambos os artigos na mesma edição 171, de 25 de abril 1953. O artigo da britânica, no entanto, aparecia por último, como se suas descobertas fossem apenas confirmações dos achados de Watson e Crick.

Injustiçada

Rosalind faleceu de câncer em 1958, aos 37 anos, sem nunca ter sabido que os dois cientistas tinham visto parte de seus relatórios. Quatro anos depois, em 1962, Watson, Crick e Wilkins ganharam o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre o DNA.
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Reconhecimento póstumo

Décadas depois, a comunidade científica começou a rever o histórico dos trabalhos de Rosalind. Só neste século, com a publicação de sua biografia em 2002, sua história ganhou notoriedade internacional.
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Publicado em 19 de outubro de 2019.

Reportagem
Rômulo Cabrera

Edição
Giuliana Bergamo

Agradecimentos
Prof. Dra. Cláudia Vianna Maurer

Carolina de Athayde

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