Topo

Anielle Franco

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em mais um dia 14 de março, nós permaneceremos de pé

Divulgação
Imagem: Divulgação

28/02/2022 06h00

Mais um março se aproxima e muitos sentimentos tomam conta de mim. Esse mês me faz reviver uma das datas mais tristes para mim, minha família, todas e todos aqueles que acreditavam na luta da Mari e acima de tudo pela democracia desse país. Antes eu lembrava desse mês por ser o marco da luta das mulheres, mas desde 14 de março de 2018, dia em que Marielle e Anderson foram arrancados de nós, se tornou também um mês de luta por justiça. São quatro anos buscando respostas, justiça e acima de tudo perpetuando o legado da Mari. Em mais um dia 14, nós permaneceremos de pé, dizendo que não iremos nos calar, que não seremos interrompidas e em uma só voz perguntando: quem mandou matar Marielle e por quê?

Não tem um dia que as memórias com a Mari não venham me visitar, trazendo o seu sorriso largo, os seus discursos na Câmara e a sua voz. Lembranças que me fazem pensar: que histórias ela traria para contar no almoço de família do domingo passado, qual funk ela estaria curtindo mais, onde ela estaria hoje dentro da sua trajetória política, ela iria participar do Roda Viva? São tantas perguntas que eu nem me esforço para responder, porque sei sim que ela estaria brilhando e nos enchendo de orgulho. Mari era força e leveza, minha irmã era semente. E aqui me corrijo, minha irmã continua sendo.

São quase 1170 dias, passamos pelo luto coletivo e desde aquele dia, daquela cena, a nossa família e o Anderson seguem em busca de respostas. Hoje não é mais sobre os dias, meses ou anos, mas sim sobre uma luta em que entendemos que nossa prioridade é multiplicar esse legado, seja através de entrevistas, fotos ou atos. Mari era e Mari é semente que segue sendo cultivada, cuidada e segue tendo raízes fortificadas.

Durante esses anos, nosso país passou por eleições presidenciais e municipais. Nosso povo passou pelo enfrentamento do negacionismo da Covid aos assassinatos brutais de pessoas negras e faveladas. E nós nos mantemos de pé para dizer que esse ano vamos entrar em mais uma disputa eleitoral, fortalecendo mulheres negras e agendas antirracistas, feministas, LGBTQIA+ e populares. E foi nessa proposta que lançamos, junto com o movimento Mulheres Negras Decidem, o projeto Estamos Prontas, que vem para fortalecer mulheres negras que irão se lançar na política em 2022.

Em mais um #MarçoPorMarielleEAnderson estamos produzindo uma agenda de ações colaborativas, com atividades presenciais e virtuais. Serão ações nas redes, lives, vídeos e todas as formas de lembrar que estamos aqui, na matéria física, e que somos sementes de Marielle.

No dia 14 estaremos não só nas ruas, mas também no Festival Justiça por Marielle e Anderson, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Divulgaremos as homenagens, atividades e qualquer um pode cadastrar sua ação no site: www.institutomariellefranco.org/4anos. Seguiremos de pé pressionando as autoridades por resultados na investigação, com transparência no andamento do processo, apoio, suporte e proteção às famílias. Seguiremos firmes e fortes como as raízes de Mari, no avanço do enfrentamento à violência política contra parlamentares negras. Seguiremos multiplicando o legado de Marielle.