A crise e as oportunidades
O que conecta um restaurante de pescados crus em São Paulo, com líderes políticos, de ONGs, executivos e sindicalistas europeus?
Temos reiteradamente destacado os graves problemas da pandemia Covid 19. E isso é fundamental. Alertar, conscientizar e agir para para buscar soluções mitigadoras e preventivas ao tsunami que varre o planeta. Entretanto, toda crise cria oportunidades. Pesquisas não pensadas, produção de novos conhecimentos, inovação, mudança de rumo, revisão de estratégias, metas e objetivos.
Estamos diante disso tudo.
Retomando a pergunta do início, podemos responder que os efeitos da pandemia conectam todos, que ao reagirem e se defenderem fundam bases para um novo negócio, por exemplo, ou para uma nova visão de futuro.
O restaurante de pescado crus, impossibilitado de funcionar normalmente passou a oferecer kits congelados dos mesmos produtos que utilizavam na cozinha, deixando de ser somente um restaurante para se transformar também em uma quase peixaria. Com um diferencial. Oferecendo agora os mesmos produtos de qualidade reconhecida pelos clientes da boa mesa e ainda mantendo a relação de negócios com seus bons fornecedores de pescado em um momento decisivo para a sobrevivência de ambos.
Quem pode afirmar que este novo modelo negócio não irá continuar quando o "novo normal" se estabelecer? A conferir, já que foi a crise que provocou a inovação.
E as lideranças da Europa? Que conexão tem?
Os jornais internacionais noticiaram esta semana a criação de uma aliança europeia para defender uma saída verde para a crise do coronavirus. A aliança reúne cerca de 180 lideranças empresariais, de sindicatos e ongs, que propõe à União Europeia que supere a recessão enfrentando a crise climática com impacto social. Solução conjunta para os três maiores problemas da humanidade! A pandemia, a crise climática e as desigualdades sociais.
O manifesto da aliança conta com a adesão de ministros da Alemanha, Itália, França, Suécia, Luxemburgo, Finlândia, Portugal e Áustria. Inclui também dezenas de CEOs de grandes empresas, associações empresariais, federações sindicais e ONGs como WWF e Rede de Ação Cilmática (CAN) entre outros. Todos deixam claro que a prioridade máxima é a erradicação do vírus e que para enfrentar as consequências econômicas cobram da UE uma "forte resposta econômica coordenada, com investimentos maciços" desencadeando "um novo modelo econômico europeu" que tenha centralidade em princípios ecológicos que se materializem na redução radical dos gases efeito estufa, aliada à proteção à biodiversidade e a transformação do modo de produção do setor agrícola. Certamente este caminho vai gerar rapidamente novos empregos e crescimento sustentável, "melhorando o estilo de vida de todos os cidadãos".
Vale lembrar que o caminho para uma economia de baixo carbono não se inicia agora, destacadamente para a maioria dos países europeus que têm sido firmes e vigilantes com as convenções internacionais do clima e da biodiversidade. Na última década por exemplo, veículos com emissões zero de poluentes eram somente protótipos, assim como os custos das energias eólica e solar eram três e sete vezes mais do que hoje respectivamente.
A crise da Covid 19 abre uma grande oportunidade para revermos os modos de vida e de produção que construímos até agora, sustentados pela destruição da natureza e pelas profundas desigualdades econômicas e sociais.
Estamos em um ponto onde as escolhas que fizermos decidirão se destruímos o planeta e a humanidade ou se aceleramos a construção de um mundo mais justo e sustentável para todos.
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