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Por que você tem de parar de usar palavras como manco, capenga e retardado
Você já usou alguma expressão capacitista? Mongoloide, capenga, retardado são termos preconceituosos sobre os quais a gente deveria refletir antes de usar.
O termo capacitismo, criado em 1991, nos Estados Unidos, pode ser definido como "preconceito contra pessoas com deficiência". Em sua coluna em Ecoa, Rodrigo Hübner Mendes, mestre em gestão da diversidade humana pela Fundação Getulio Vargas, diz que o capacitismo é uma estrutura de poder socialmente construída, equivalente ao racismo ou ao machismo para questões relacionadas a raça e gênero, respectivamente.
O corpo sem deficiência seria considerado o 'normal', ou seja, aquele condizente com a norma social, enquanto o corpo com deficiência seria o desviante, a ser corrigido."
Rodrigo Hübner Mendes, colunista do UOL
A forma como a sociedade lida com pessoas com deficiência se estende para a linguagem, na forma de termos excludentes e preconceituosos, como os citados acima.
Questionar o conceito de capacitismo e quais seus impactos na sociedade e no ambiente de trabalho é um esforço constante, como disse Clodoaldo Silva, um dos maiores nadadores do mundo e dono de 14 medalhas paralímpicas, em sua coluna no UOL Esporte.
Temos que ficar cansados de falar sobre o tema até que todo mundo saiba o que ele é e comece a entender que temos que agir contra ele. Será um caminho longo até que o movimento das pessoas com deficiência fique mais fortalecido, principalmente no que tange aos vícios de linguagem e comportamentais."
Clodoaldo Silva, medalhista paralímpico
A seguir, listamos verbetes comumente usados e que são capacitistas. O ideal é que você entenda por que eles não são legais e saiba por quais palavras substituir.
Não temos pernas ou não temos braços para isso: usada para indicar falta de condições ou possibilidade para realização de tarefas, a expressão faz referência a pessoas amputada, com má formação ou ausência de membros. Troque por: não temos condições, não temos possibilidade.
Não dá uma de João Sem Braço: a expressão, que faz eferência a pessoas amputadas, com má formação ou ausência de membro, remete a preguiça ou desinteressado na realização de tarefas. Troque por: preguiçoso ou desinteressado.
Retardado: palavra pejorativamente usada para se referir a pessoas com deficiência cognitiva. Rotineiramente é usada para atribuir trejeitos de indivíduos nessas condições a alguém que tenha sido tolo, ignorante ou estúpido. Não use.
Mongol ou mongoloide: faz referência a pessoas nascidas na República Popular da Mongólia. Pelos traços fenótipos dos habitantes passou a ser associado a pessoas com Síndrome de Down, sendo usado como adjetivo pejorativo para pessoas que tenham capacidades cognitivas limitadas. Use somente para designar habitantes da Mongólia.
A desculpa do aleijado é a muleta: popularmente usada para designar pessoas preguiçosas, a expressão faz referência à necessidade de "bengala" para fazer ou não fazer as coisas.
Troque por: preguiça, falta de vontade.
Mais perdido que cego em tiroteio: usada muitas vezes como forma de humor, faz referência a pessoas perdidas ou atrapalhadas. A expressão é capacitista e não deve ser usada.
Troque por: atrapalhada, perdida.
Demente/Dementes: demência é uma condição neurológica em que há o declínio de algumas atividades cerebrais, como memória, fala e raciocínio. Pessoas que têm a patologia não são dementes, mas estão com demência. No caso de ofensas, o termo "demente" é capacitista. Troque por: pessoas em estado de demência.
Mancada: é uma expressão capacitista utilizada para se referir a erros cometidos. O termo associa o ato de mancar a uma falha. Troque por: erro, falha ou equívoco.
Pessoa especial/pessoas especiais: é um eufemismo capacitista utilizado para tentar amenizar a deficiência. O termo reitera o equivocado estigma de que todas as pessoas com deficiência requerem cuidados especiais. Troque por: pessoas com deficiência.
Portador(a) de deficiência: expressão capacitista que difunde a ideia de que a deficiência é algo que se carrega. Troque por: pessoa com deficiência.
Capenga: considerada expressão capacitista, por associar pessoas que mancam a algo ruim. Troque por: mal feito.
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