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#DaQuebradaProMundo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Onde está o Brasil no ranking de passaportes?

Passaporte - Alexandre Ribeiro
Passaporte Imagem: Alexandre Ribeiro

12/11/2021 06h00

Das poucas pessoas do nosso país que usufruem do direito de viajar, a grande maioria não reflete sobre o poder concentrado em nossos passaportes. Essa associação não é feita pois esse pequeno grupo de pessoas tem também um segundo passaporte. Um passaporte de origem europeia. Mas eu, assim como a maioria do nosso povo, não venho desse lugar. Sou de favela, tenho passaporte e também pertenço ao mundo. Mas será que o mundo nos pertence? Na coluna #DaQuebradaProMundo dessa semana eu queria conversar com vocês sobre a desigualdade dos passaportes e quem sabe trazer um pouco de esperança.

Você já parou para pensar que um passaporte é muito mais do que um simples documento? É uma demarcação de até onde você pode ir. Para muitas pessoas de países pobres o lugar de onde elas vêm é um lugar para onde as pessoas vão viajar, e não um lugar de onde as pessoas viajam. Por exemplo, um passaporte na minha quebrada é considerado um artigo de luxo. E por quê? No país onde a insegurança alimentar atinge 116,8 milhões fica difícil sonhar em fazer uma viagem para qualquer lugar, e eu entendo a opinião popular quando o preço de R$257,25 do documento é um demarcador extra para "colocar o pobre no seu lugar".

No Ocidente os passaportes são frequentemente vistos como uma necessidade básica, um ingresso para o mundo. Países ricos como os EUA ou na UE têm frequentemente os passaportes mais fortes que permitem viagens com ou sem visto de chegada a muitos países. Do outro lado do espectro, muitos países como o Brasil — com situações econômicas desfavorecidas — têm frequentemente passaportes mais fracos que limitam o número de países para os quais um cidadão pode viajar. Isto, juntamente com o custo elevado, desencoraja as pessoas desses lugares de realizarem as suas próprias viagens. Entretanto, há uma notícia boa: nós como brasileiros (ainda!) podemos usufruir do poder de nossa diplomacia.

A nossa luz no fim do túnel vem do "Índice de Passaporte" (Passport Index), que é onde estamos no número 17 em uma lista com 93 países. O índice é uma classificação global de países e territórios em termos da liberdade de viajar desfrutada pelos seus cidadãos. Como brasileiros, independentemente se você tem ou não ascendência europeia, nós podemos acessar 89 países sem precisar de visto. Podemos também acessar 43 países utilizando um visto na chegada, e em 66 países é necessário termos um visto previamente. Isso tudo nos coloca no número 17 da lista de 93 países alinhados em um esquema de "acesso dos passaportes". Aqui você pode conferir a posição, os países em que não precisamos de visto e fuçar um pouco mais.

Mesmo com a vacinação caminhando em passos lentos, os brasileiros também já são capazes de sonhar com as viagens novamente. Segundo a matéria da jornalista Fabiana Futema: "O avanço da vacinação permitiu que mais pessoas reativassem o sonho de viajar para outros países. Pesquisa encomendada pela Wise (ex-Transferwise) à Morning Consult revela que 62% dos brasileiros afirmam sentir mais vontade de viajar para o exterior agora do que nunca. E 28% planejam realizar uma viagem para o exterior nos próximos seis meses."

E se você se encontra nesse lugar abençoado que ultrapassa a fome e toca o sonhar, fortaleça os seus sonhos de viagem e de passaportes, mas também não se esqueça de fortalecer ações locais como a "Tem Gente Com Fome" (www.temgentecomfome.com.br).

Planeje viagens, interiores e exteriores, e traga cores para o mundo. Se você está na fase do planejamento para os próximos meses ou anos, lembre-se que, mesmo que nosso país seja um caos completo, nós ainda podemos usufruir do trabalho árduo de anos e anos de diplomacia e também do legado de nosso povo, que no mundo é tão querido e amado.