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#DaQuebradaProMundo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A ‘pandemia dos não vacinados’ na Alemanha pode piorar?

Doses preparadas da vacina da AstraZeneca contra a covid em um consultório médico em Deisenhofen, sul da Alemanha - Lennart Preiss/AFP
Doses preparadas da vacina da AstraZeneca contra a covid em um consultório médico em Deisenhofen, sul da Alemanha Imagem: Lennart Preiss/AFP

03/12/2021 10h44

Exatamente há um mês, no dia 3 de novembro de 2021 o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, alertou que a Alemanha vive uma "pandemia dos não vacinados". Já nesta quinta-feira, dia 2 de dezembro, foi comunicado pelo Ministério da Saúde alemão um "lockdown para os não vacinados". Nesta coluna #DaQuebradaProMundo eu quero te contar a experiência de estar aqui nesse momento e quais são os aprendizados que um brasileiro — de quebrada — pode do outro lado do Atlântico partilhar.

Já não é novidade que nas últimas semanas os números de casos e mortes da COVID-19 vem aumentando na Alemanha. Na cidade onde eu moro, Berlin, é infelizmente possível sentir a tensão de uma pandemia descontrolada quando se anda pela ruas. O número de pacientes nas UTIs do estado alemão vem crescendo — já eram 203 no começo deste mês. E essa sensação se intensifica ainda mais quando se sabe que a situação poderia ser melhor controlada através da cooperação entre políticas públicas e cidadania. Sendo mais preciso: com vacinas.

Ao menos na minha quebrada, na Favela da Torre, a vacinação sempre fez parte do imaginário coletivo e a carteirinha de vacinação do pessoal sempre esteve em dia — até mesmo quando nossas coroas enchiam o nosso saco para tomar a vacina da gripe. E esse imaginário coletivo se transporta para a realidade com os dados do dia 1º de dezembro, que apontam que 68,7% (57,1 milhões de pessoas) da população alemã foi completamente vacinada, enquanto no Brasil 63,03% (134,4 milhões) já recebeu as duas doses da vacina.

A Alemanha não vem sendo exemplo. Com o trabalho de entregador de aplicativo nesses últimos meses ao lado da graduação eu tive a possibilidade de enxergar diversos ambientes fechados com diversas pessoas sem máscara, vi restaurantes que não cobravam o comprovante de vacinação (contrariando as leis do Estado), e também vi aglomerações sendo formadas desrespeitando as recomendações sanitárias.

Por mais que a exaustão tome conta do mundo todo, infelizmente, se nós não agirmos com responsabilidade - nos vacinando, utilizando máscaras, e não esquecendo que ainda estamos em uma pandemia - essa onda da Alemanha só tende a aumentar. E é exatamente por conta desse "relaxamento" que as medidas vêm sendo tomadas.

2G Regeln: Genesen oder Geimpft (A regra 2G: Recuperados ou Vacinados)

Em todo o país o acesso a eventos culturais e recreativos, tais como cinemas, teatros e restaurantes, agora só deve ser possível para aqueles que foram vacinados ou se recuperaram da covid. De acordo com a resolução, a regra 2G também será estendida ao setor varejista. As lojas para as necessidades diárias (supermercados e farmácias) estão isentas disso. O acesso deve ser controlado pelas lojas.

Vacinação obrigatória

O debate que está sendo levantado aqui agora é o da liberdade individual e do histórico do Estado alemão e seu passado nada acolhedor. Para os representantes oficiais, uma vacinação obrigatória está sendo pensada para meados de fevereiro ou março de 2022. O governo federal iniciou uma exigência de vacinação para funcionários de, por exemplo, instalações de cuidados a idosos e também para hospitais. Além disso, declarou que é provável que o Parlamento Federal (Bundestag) "tenha a intenção de decidir sobre a obrigatoriedade geral de vacinação num futuro próximo".

Por ter crescido em uma favela onde o Zé Gotinha foi nosso herói, acredito que minha opinião seja de certa forma enviesada a favor da vacinação. Todavia, ainda sinto uma incerteza quando o assunto é obrigatoriedade. E você, qual é a sua opinião?