Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
As diferenças entre o Ano Novo na quebrada e na Alemanha
Enquanto de um lado do planeta as reuniões de final de ano são mais intimistas e silenciosas, na minha quebrada temos a famosa revoada, o bololô e as queimas incessantes de fogos. Nessa última coluna #DaQuebradaProMundo do ano de 2021 eu gostaria de te apresentar as diferenças e semelhanças entre o Ano Novo nas quebradas de São Paulo e na Alemanha.
Como nós, brasileiros, festejamos o Ano Novo todo mundo sabe, né? Pulamos onda, utilizamos roupas de determinadas cores, comemos comidas específicas etc e etc. Mas para além da cultura mais difundida do Ano Novo, nas quebradas de São Paulo a população periférica também festeja na revoada.
Caso você nunca tenha ouvido falar no termo "revoada", é possível compreender do que se trata através das festas de fim de ano nas quebradas de São Paulo. Como o MC IG descreveu muito bem nessa matéria de UOL Splash: "Revoada é aquela festa sem limites, tipo 'American Pie', onde tem de tudo e ninguém é de ninguém. Hoje, o pessoal usa mais para falar de festas no geral, perdeu um pouco o sentido original".
E exatamente seguindo esses padrões de 'festividades no geral' que na minha favela, a Favela da Torre, o evento do Ano Novo se dá. Primeiro com uma festa familiar, mais intimista e logo em sequência depois da virada de ano a descida para a favela sentido a "revoada", "bololo", ou o "fluxo", como você quiser chamar.
Foi somente no ano passado, em 2020, que por conta da pandemia eu passei a virada do ano na Alemanha e pude compreender como a tradição é festejada pelos alemães no outro lado do planeta.
A primeira diferença se dá no número de pessoas. Normalmente nas festas de Ano Novo a família inteira não se reúne, mas na verdade apenas poucos amigos ou pequenos grupos de casais se encontram. A segunda diferença aparece na hora da refeição. Diferentemente da ceia que temos nas famílias brasileiras, que buscam ao máximo encher as mesas de alimento, nas casas alemãs a comida é apenas uma Raclette, ou fondue.
Para além dessas diferenças culturais existe também a diferença climática. Por conta da neve é quase que impossível sair e festejar na rua nesse período do ano. Sendo assim, os alemães são famosos por jogarem jogos de tabuleiro durante essas festividades e ficam em casa despistando o frio - e também aproveitam para colocar o champagne do lado de fora da casa para gelar enquanto jogam.
Por último, uma tradição alemã bem curiosa - e que infelizmente foi proibida e deixou de ser uma tradição - é o "Bleigießen" (regar chumbo, em tradução literal). Nessa tradição um pedaço de chumbo é aquecido em uma colher sobre uma vela ou outra pequena fogueira até que seja derretido. O metal é então fundido e derramado em uma tigela preparada de água fria onde imediatamente se solidifica em formas únicas. A forma e a sombra moldada pelas peças de chumbo são utilizadas para prever o seu próximo ano, onde cada símbolo é livremente associado. A interpretação segue mais ou menos as mesmas regras que a previsão com a borra de café, sabe? E além disso os pacotes de chumbo de Ano Novo normalmente são acompanhados por listas de significados que fornecem interpretações (por exemplo, coração = apaixonar-se; flores = nova amizade).
É bom lembrar que não somente no Brasil nós temos nossas simpatias, mas também somos humanos que se conectam a partir da ideia de que o amanhã abrigará um futuro melhor.
Mas e para você, qual é a comemoração ideal? Revoada ou a alemã enevoada? Feliz ano novo e um próspero 2022!
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